Parte Três

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Na manhã seguinte, como sempre acontecia desde que eu tinha virado uma serva da Rainha Má, acordei primeiro do que ela, sentindo que o meu corpo estava levemente dolorido pelo exercício inesperado da noite anterior, principalmente em algumas partes mais íntimas.

Sorri involuntariamente ao lembrar os toques, as carícias, os gemidos e todo o prazer compartilhado entre nós. Sorri mais ainda quando tomei consciência do corpo dela ainda colado ao meu, sua mão repousando ternamente na minha cintura. Eu sabia que não deveria me iludir. Provavelmente ela apenas me tornaria sua serva também na cama. Mas, apesar do futuro incerto - ou, talvez, por causa dele -, decidi que não perderia tempo sofrendo com sentimentalismos. Apenas desfrutaria de tudo o que a Rainha tivesse para me oferecer.

Ainda assim, uma coisa me preocupava: em que momento eu havia me apaixonado por ela? E o que seria de mim - e do meu coração - quando tudo isso acabasse?

Afastando esses pensamentos para longe, decidi me levantar. Tirei a mão dela da minha cintura bem devagar para não acordá-la, desci da cama, e comecei a me vestir. Era melhor ir logo preparar o café da manhã da Rainha. Não fazia a mínima ideia de como ela iria me tratar dali em diante, mas gostaria de contribuir para que a tranquilidade reinasse no castelo por quanto tempo fosse possível. E para isso, a Rainha precisava estar satisfeita.

No entanto, no momento em que terminei de me vestir, um clarão surgiu no meio do quarto de Regina e, no instante seguinte um portal se abriu, sugando-me para dentro dele.

Enquanto eu tentava me segurar em alguma coisa, ela acordou provavelmente sentindo a explosão de magia ao seu redor.

- Emma! Não! - ela gritou, quando entendeu o que estava acontecendo e correu na minha direção com as mãos estendidas para tentar me segurar, mas era tarde demais e a última coisa que vi foi a expressão de dor e desespero no seu rosto. A mesma de quando ela estava sendo atormentada pelo pesadelo, na noite anterior. Em seguida, um clarão intenso me cegou e, quando pude enxergar novamente, estava de volta ao galpão onde Zelena havia aberto o portal do tempo. Em Storybrooke.

Obviamente eu estava feliz por ter voltado, pois veria minha família outra vez. Mas, as lágrimas que banhavam o meu rosto eram por lembrar de como havia deixado as coisas aqui e como as havia deixado na Floresta Encantada. Parecia que haviam se passado anos entre uma coisa e outra. O que, tecnicamente, era verdade para todos os outros, mas, não para mim.

Antes que eu tivesse tempo de processar tudo isso, meus pais e Henry apareceram na entrada do galpão e vieram correndo me abraçar. Atrás deles, eu via Regina se aproximar. Será que ela lembrava de alguma coisa?

Espera! Como eu tinha voltado?

* * *

Naquela mesma noite, durante a festa de comemoração pelo meu retorno, eu observava a felicidade dos meus pais e de Henry, assim como de todos na cidade como se assistisse um filme do Charles Chaplin ou qualquer coisa relacionada ao cinema mudo. Nada fazia muito sentido e eu não estava no clima para festa. E, apenas uma pessoa no recinto aparecia compartilhar do mesmo estado de espírito que eu.

Regina estava sentada, sozinha, no balcão do Restaurante da Vovó. Eu me aproximei e sentei ao lado dela.

- Então... está todo mundo tão animado por eu estar de volta que eu ainda nem consegui entender quanto tempo passei fora. - Eu disse, enquanto sinalizava para Ruby me trazer o mesmo que ela estava bebendo.

- Pouco mais de uma semana - Ela respondeu, antes de tomar um gole do seu whisky. - Quanto tempo passou para você?

- Alguns meses.

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