Tomasia: Isso não vai ficar assim, isso não vai ficar assim.
Depois...
Leôncio: Precisava fazer esse escândalo papai?
Almeida: Sabe o que é isto?
Leôncio: Uma carta?
Almeida: Uma carta de cobrança das suas dívidas.
Leôncio: E quanto tá a minha dívida?
Almeida: 100 conto de rés.
Leôncio: 100 conto de rés? Tudo isso o senhor tem certeza?
Almeida: Leôncio! Negócio com agiota é coisa pra idiota.
Leôncio: Sem mais ofensas papai, por favor.
Almeida: Mas eu sei como é que você vai pagar.
Leôncio: Espero que não seja vendendo a Fazenda.
Almeida: Você vai se casar!!!
Leôncio: Me casar? Com quem?
Almeida: Com a Malvina.
Leôncio: Dona Malvina? A filha do coronel Sebastião?
Almeida: Ela mesma, filha do meu compadre e amigo coronel Sebastião, dono de muitas terras, boa família e gente muito rica, como você sabe.
Leôncio: Continua bonita ou perdeu as formas?
Almeida: Que idergunomo. Suba!!! Vá!!!
Enquanto Isso...
Malvina: Eu meu pai? Quer que eu me case Com o senhor Leôncio?
Sebastião: Você já está adulta, está na hora de se casar com o Leôncio filho de meu compadre. É só o rapaz chegar que marcamos a data.
Malvina: Mas faz tanto tempo que não o vejo desde que ele viajou pra estudar.
Sebastião: Logo teremos visitas dele e você poderá matar a sua curiosidade pra saber como está o seu futuro marido.
Henrique: Eu ouvir dizer que esse tal Leôncio, ele é um grande gastador, ele deu muitas festas na corte...
Malvina: Quanto a isso não me importo meu irmão, eu adoro festas.
Henrique: Festas de família sim, mas farras.
Sebastião: Ah isso é falatório desse povo. É disse e me disse de quem não tem o que fazer. Já está decidido, Malvina casa-se com o senhor Leôncio e vai viver na fazenda do comendador Almeida.
Malvina: Bom, pelo o menos não fico tão longe de casa.
Sebastião: Sua casa a partir de agora será lá ao lado de seu marido. Henrique ficará aqui comigo e quando eu morrer tomará conta de tudo.
Henrique: Eu espero que este dia ainda esteja muito longe meu pai.
Sebastião: Bem, enquanto a minha caçula Helena, espero em Deus que ainda demore muito tempo para casa-se.
Helena: E porque meu pai quer que Malvina case logo e eu não?
Sebastião: Porque Helena, você ficará pra cuidar de mim quando eu estiver bem velhinho.
Helena: Ah!!!
Henrique: A minha irmã caçula já está pensando em se casar é?
Helena: Só me falta pretendente Henrique.
Malvina: Mas esses não vão faltar pra você Helena.
Helena: Como? Se nunca vejo rapazes? Papai só me deixa ir na missa e mais nada.
Sebastião: Se aquiete menina, se aquiete que logo teremos muitas festas por aqui. Por enquanto um sarau pra anunciar o casamento de Malvina e o senhor Leôncio. E vamos beber ao grande acontecimento.
Henrique: Eu acompanho no brinde meu pai.
Sebastião: Henrique... e enquanto a você eu acho que deve procurar por aí pelas redondezas uma senhorinha que o agrade porque sabe meu filho? Chega uma hora na vida de um homem que tudo o que ele tem a fazer é casa-se e ter filhos.
Helena: E você minha irmã? Está feliz que vai se casar com o senhor Leôncio?
Malvina: Aqui entre nós, não vejo a hora... Eu lembro bem dele é um rapaz fomoso, galante, perfumado, sabe falar bonito.
Com Miguel...
Chico: Bom dia seu Migué.
Miguel: Bom dia seu Chico.
Chico: Bom trabalho?
Miguel: O senhor sabe que sim.
Chico: O senhor trabalha demais seu Miguel.
Miguel: Porque o senhor sabe porque.
Chico: Eu sei, o senhor tem a esperança de juntar bastante dinheiro pra comprar a liberdade de sua filha Isaura.
Miguel: Eu já tenho quase todo o dinheiro que o comendador me pediu.
Chico: Seu Miguel... O senhor anda muito abatido, parece magro, trabalha feito um escravo a mais de 20 anos e pra quê? Acha mesmo que vão lhe vender sua filha?
Miguel: Tenho a palavra do comendador e da dona Gertrudes.
Chico: Seu Miguel, tenho certeza que a dona Gertrudes e o seu comendador não vão lhe vender sua filha!
Miguel: Eu posso lhe servir mais alguma coisa seu Chico? Ou o senhor só veio aqui me tirar a esperança?
Chico: Não, não, não... Eu só tô de passagem. Sabe, a mando do comendador.
Miguel: Passagem? Então passe muito bem seu Chico.
Chico: Passe bem seu Miguel.
Com Isaura...
Gertrudes: Isaura, toque o piano. Eu quero uma música bem bonita. Meu filho Leôncio de volta em casa depois de tanto tempo. Eu mal posso acreditar.
Leôncio: Como vai minha mãe?
Gertrudes: Saudades do meu menino, estou melhor agora que retornou ao lar.
Leôncio: Quem é essa senhorita?
Almeida: Ela não é senhorita, é escrava.
Gertrudes: Isaura! Não se lembra?
Leôncio: Aquela é Isaura?
Almeida: Ela mesma, a escravinha que sua mãe pegou pra criar e mimar.
Leôncio: Quando a vi pela última vez ainda era uma menininha.
Gertrudes: É... é no que dá ficar tanto tempo longe de casa.
Almeida: André!!!
André: Senhor comendador? Senhor Leôncio!
Almeida: Ajude aí com a bagagem do meu filho.
André: Sim senhor.
Leôncio: Lar... doce lar.
Gertrudes: Senhor meu marido, não foi muito bruto com o nosso filho Leôncio, foi?
Almeida: Tirei o Leôncio da cama de uma vagabunda no hotel de campus e já avisei, ele vai ter que se casar com dona Malvina.
Gertrudes: E o que foi que Leôncio achou dessa ideia?
Almeida: Perguntou se é bonita.
Gertrudes: Hãn bem, se for por uma questão de formosura, Leôncio nosso filho não vai ter o que reclamar.
Leôncio: Não pare de tocar... Isaura! Se eu não soubesse que estou em minha casa eu ia dizer que estou em um paraíso, vendo mais tu tocar.
Isaura: Minha madrinha está muito feliz com a sua volta senhor Leôncio.
Leôncio: E você? Está feliz em me ver?
Isaura: Estou feliz por minha madrinha. O senhor comendador também sempre sentiu muito a sua falta.
Leôncio: Lembro que a outro dia você era uma menina e agora vejam só que bela mulher.
Isaura: Assim o senhor me deixa envergonhada.
Leôncio: Tanta formosura juntos merece todos os elogios que já foram feitos e outros que ainda vão ser.
Gertrudes: André? André!!! Suba com as malas do meu filho Leôncio! Põem no quarto dele.
André: Sim senhora.
Gertrudes: Ô Isaura. Toque uma música mais alegre, hoje é dia de festa e o retorno do meu filho. Alegro cantante.
Com Tomasia...
Tomasia: Minha mãe?
Gioconda: Fomos despejados Tomasia... eles ficaram com tudo pra pagar nossa dívida. A Casa, os móveis, sapataria, minhas últimas jóias. Se o seu pai tivesse vivo morria de desgosto de ver sua filha com um homem sem se casar.
Tomasia: Eu não estou mais com ele minha mãe, ele me deixou.
Gioconda: Mas porque?
Tomasia: Porque descobriu que eu estou grávida e não quer casar comigo porque sabe que estamos na miséria, mas ele me paga, o maldito a se paga.
Com Isaura...
André: Isaura?
Isaura: Ai que susto André.
André: A Flor mais bonita de todas as flor, é a linda Isaura.
Isaura: Obrigada André.
André: E eu tô preocupado com vós me cê Isaura.
Isaura: E porque?
André: Porque eu vi o modo que o senhorzin Leôncio a lhe devorava com os olhos. Tia Joaquina, pai João todos na senzala fala que o senhorzin Leôncio tem o coração de fera.
Isaura: Senhorzin Leôncio já está de casamento arranjado com uma senhorita, dona Malvina! E a madrinha está toda contente ele é um homem comprometido e não vai ficar atrás de uma escrava.
André: Assim espero, ou então não te ia aguentar ver você caindo na conversa do devarço.
Isaura: Olha cuidado, se ele Esculta, é tronco na certa.
André: Eu posso até morrer no tronco Isaura se for por sua causa, eu não me importo em morrer de amor por você. Se vós me cê soubesse o quanto eu quero o bem.
Isaura: André por favor não comece.
André: Eu queria te falar.
Isaura: Outra hora falamos.
André: Será que a senhorita Isaura não deseja ouvir o que um escravo ansioso que nem desejo dizer que deseja você? Mesmo sendo tão escrava quanto eu?
Isaura: Não me julgo superior a ninguém se é isso que acha.
André: Então porque não me Esculta? Sempre foge de mim.
Isaura: Porque não posso lhe prometer o que quero ouvir.
André: Gosta de outro?
Isaura: Não. Quê isso?
André: Eu sei que vós me cê sonha ser livre, qual é o escravo que não sonha? Mas a senhora sinhá enquanto viver Isaura, duvido que vai querer da á liberdade pra você.
Isaura: Ai! Anos que a minha madrinha me promete alforria.
André: E por conta de uma promessa que nunca vai acontecer, não pode devolver o amor de um escravo.
Isaura: André! Vai embora. Deixe me ir também porque senhorzin Leôncio já está de olho pra cá.
André: Um dia você vai ver que ninguém nesse mundo vai amar você como eu Isaura, o tempo vai amolecer o seu coraçãozinho de pedra.
Leôncio: Aquele escravo estava lhe importunando?
Isaura: Não... absolutamente.
Leôncio: Posso bem manda-lo ao tronco se sentir que ele incomoda.
Isaura: Ele só fez um elogio as flores.
Leôncio: Ou as lindas mãos que seguram essas flores?
Isaura: Se o senhorzin me da licença, minha madrinha me espera!
Leôncio: Eu á acompanho de volta a casa...Isaura! Espere!
Isaura: Sim senhor Leôncio?
Leôncio: Preciso lhe dizer, você fez despertar em mim um sentimento que até então eu desconhecia.
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A Escrava Isaura
RomanceEnredo: Isaura nasceu em 1834, na Fazenda do comendador Almeida, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Ela é filha da bela negra Juliana, escrava do comendador, e do feitor da Fazenda, Miguel. Juliana morre pouco depois do parto, pois sempre se...