Conde: Nem em sonho na nossa lua de mel, no nosso leito de núpcias você consegue se esquecer de Leôncio?!
Na Fazenda...
Almeida: Francamente era só o que me faltava, dá a carta de alforria a Isaura.
Gertrudes: Mas eu prometi.
Almeida: A alguns dias eu recusei uma fortuna por ela, 15 contos Gertrudes.
Gertrudes: Estou me sentindo muito fraca, eu tenho medo de dormir e não acordar amanhã.
Almeida: Não diga bobagem, eu preciso muito de você ao meu lado.
Gertrudes: Mas e se eu morrer?
Almeida: Se morrer dormindo é como morrer que nem um passarinho, é assim que eu desejo morrer.
Gertrudes: E vai me negar o meu último pedido?
Almeida: Não, não vou, eu devo muito a você, muito mais do que imagina, se eu conheci amor nessa vida foi com você, com meus pais nunca me deram amor, mas você não, você me aceitou, me perdoou, mesmo quando eu fui bruto, cruel, perdoou tudo. Por sua causa eu conheci o amor dessa vida, eu te amo Gertrudes, amo sim!
Gertrudes: Eu também marido.
Almeida: Descanse, durma em paz! Isaura vai ser livre.
Gertrudes: Jura que se eu morrer você vai dá a liberdade a Isaura? Jura que não vai deixar Leôncio fazer nenhum mal a menina jura?
Almeida: Juro.
Gertrudes: Obrigada meu marido, obrigada.
Com Tomasia...
Tomasia: Me perdoa foi um pesadelo terrível, perdão.
Conde: Se foi só um pesadelo terrível porque que está pedindo perdão? Do que devo perdoa-la Tomasia?
Tomasia: Porque era a nossa primeira noite, eu queria que fosse perfeita, mas eu tenho tido pesadelo desde que ele...
Conde: O Leôncio, o crápula?
Tomasia: Sim, desde o dia em que ele me empurrou do alto daquela escada não tenho mais paz, não tenho socego, acordo com medo a noite.
Conde: Eu acordei com você inquieta, mas quando você disse o nome dele não era com medo e nem com susto.
Tomasia: Como? Se eu acordei gritando.
Conde: Você disse o nome dele com prazer.
Tomasia: É que o sonho começava bem, no início dançavamos...
Conde: Dançavam?!!!
Tomasia: Não, não pense de mal de mim.
Conde: Na nossa noite de núpcias a minha esposa sonha que dançava com um antigo amante, acha isso correto?
Tomasia: Eu não tive culpa, foi um pesadelo.
Conde: Você não teve um pesadelo, você teve um sonho de amor.
Tomasia: Eu tive um sonho sim, de amor não. Eu tenho pânico daquele homem por favor me escuta, o rosto dele se transformava em uma caveira, depois da dança uma caveira, eu sentir o frio da morte a percorrer a minha espinha, foi um aviso, um presságio de que algo de muito ruim vai me acontecer.
Conde: Calma, calma Tomasia, calma! Eu sei do seu sofrimento, mas eu estou do seu lado e nada, e nada de ruim vai lhe acontecer nunca mais.
Tomasia: Por favor me proteja por favor.
Na Fazenda...Malvina: Agora não querido.
Leôncio: E porque não?
Malvina: Porque estou muito cansada, a viagem de volta, a visita do meu pai e dos meus irmãos.
Leôncio: Depois você descansa, tem a noite inteira pra descansar.
Malvina: Mas eu não quero.
Leôncio: Escuta, você não tem que querer, você tem que se submeter aos desejos de seu marido.
Malvina: Ai Leôncio você é insaciável.
Leôncio: Eu tenho fogo dentro de mim Malvina.
Malvina: Só uma noite, eu não tenho vontade. Vai me forçar por causa disso?
Leôncio: É um direito meu, direito de marido.
Malvina: Meu Deus mas mesmo com a mãe doente no quarto ao lado?
Leôncio: As paredes são grossas, ninguém vai ouvir.
Malvina: Acontece que eu fico aflita com a doença dela.
Leôncio: Escuta Malvina, minha mãe está bem.
Malvina: Não foi isso que o dr. Paulo disse ao seu pai.
Leôncio: Agora até a doença da minha mãe vai virar desculpa é? Tenha paciência, eu quero um beijo, eu posso força-la se eu quiser sabia?
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A Escrava Isaura
RomanceEnredo: Isaura nasceu em 1834, na Fazenda do comendador Almeida, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Ela é filha da bela negra Juliana, escrava do comendador, e do feitor da Fazenda, Miguel. Juliana morre pouco depois do parto, pois sempre se...