Leôncio: Eu não amo a minha esposa, eu não amo a Malvina mãe, eu amo Isaura.
Gertrudes: Não Leôncio, não é amor que você sente por Isaura não.
Leôncio: É amor minha mãe.
Gertrudes: Mas você nem sabe o que é isso meu filho, você não entende o amor.
Leôncio: Eu não sabia mesmo mãe, o amor era um sentimento completamente alheio ao meu coração, mas desde que reencontrei Isaura quando retornei pra casa, eu sinto muito forte um amor cego, violento tomou meu coração e cresce a cada dia mãe, não paro mais de pensar em Isaura, no desejo em que sinto por ela, na vontade que tenho de possuí-la.
Gertrudes: Isso não é amor meu filho, quem ama quer o bem, o bem da pessoa que ama.
Leôncio: Eu quero o bem a Isaura mãe, eu quero muito o bem, eu quero tanto que exijo que ela seja minha.
Gertrudes: Mas Leôncio você acha que é querer bem deseja-la possuir a força?
Isaura: Não adianta madrinha, ele não entende, o senhorzinho Leôncio só pensa no próprio desejo.
Leôncio: Forço-a porque ela insiste em me recusar, eu quero mostrar a Isaura minha mãe que é um desperdício ficar intocável assim tanto tempo.
Gertrudes: Se quisesse bem a Isaura, iria querer dá-lhe a liberdade.
Leôncio: A senhora fala isso mas sempre quis ter Isaura ao seu lado mãe.
Gertrudes: Como me arrependo de não ter insistido mais com o meu marido, eu sempre achei que eu ia ter um tempo a mais com Isaura e agora que sei que vou morrer, me arrependo porque gostaria de ter dado a ela a liberdade antes. Leôncio pense bem, Malvina vai descobrir que você está apaixonado por Isaura e ela não vai tolerar isso.
Leôncio: Malvina é uma tonta!
Gertrudes: Não é não, Malvina é uma moça linda e excelente, de boa família, inteligente, boa, ela não vai tolerar que você se deite com outra mulher sendo escrava ou não.
Leôncio: Eu não me casei com Malvina por amor, casei-me por estimulação financeira!
Gertrudes: E então? A fortuna dela não conta meu filho? Seu pai me contou tudo, está falido, por causa das dívidas que você fez com os agiotas.
Leôncio: Obrigado mamãe, eu vou me cuidar pra não desagradar a minha esposa rica, e só vou me deitar com Isaura quando minha esposa não tiver em casa.
Com Tomasia...Conde: Espere Tomasia!
Tomasia: Não, estou zangada de mais com o senhor. Como pôde dizer que ainda amo o Leôncio? Como? Se Leôncio é a pessoa que mais odeio nessa vida!!!
Conde: Muitas vezes amor e ódio caminham lado a lado, e a linha que os separa é muito fina.
Tomasia: Acha que posso amar uma pessoa que me jogou do alto de uma escada?
Conde: Você odeia o crápula mas já o amou muito.
Tomasia: Acha que eu posso amar uma pessoa que matou o filho que eu carregava em meu ventre?!!!
Conde: Você amou aquele crápula e não foi correspondida.
Tomasia: Acha que posso amar uma pessoa que tentou me matar?!!!
Conde: Você se entregou a ele totalmente apaixonada!!!
Tomasia: O senhor tem razão, eu amei Leôncio, amei muito, amei a ponto de me entregar a ele, mas hoje só resta ódio no meu coração.
Conde: Tem certeza?
Tomasia: Eu odeio tanto Leôncio que tenho tantas razões para isso, nunca mais vou poder gerar um filho, só isso bastaria para odia-lo pelo resto da minha vida.
Conde: O grande problema é que você nunca vai esquecer Leôncio, o seu ódio é tanto quanto o seu amor, e o seu ódio é tão grande que não sobra espaço pra poder me amar.
Tomasia: Não é verdade, eu o amo muito, desde o dia em que se apiedou de mim e me pegou naquela estrada, desde o dia em que me encontrou jogada por aqueles brutos, retirada a força da igreja quando tentava avisar Malvina que Leôncio é um assassino.
Conde: Foi amor a primeira vista, quando a vi entrando na porta da igreja decidida, corajosa, eu fiquei tão impressionado, tanta beleza, tanta coragem, tanto orgulho, trazendo a verdade assim na frente de todos, sem medo, eu não tive dúvida que a amaria pra sempre Tomasia.
Tomasia: Então meu marido em nome do nosso amor eu lhe peço, por favor reconsidere, ajude seu Miguel e sua filha.
Conde: Por favor não insista, de qualquer maneira eu não vou emprestar o dinheiro ao seu Miguel.
Tomasia: Assim o meu marido só me entristece.
Conde: Eu não quero colaborar como um objeto de vingança contra o seu ex amante.
Enquanto Isso...
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A Escrava Isaura
RomanceEnredo: Isaura nasceu em 1834, na Fazenda do comendador Almeida, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Ela é filha da bela negra Juliana, escrava do comendador, e do feitor da Fazenda, Miguel. Juliana morre pouco depois do parto, pois sempre se...