Adeus

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"Vamos lá cara, vai ser legal." O Matheus repetia essa frase pela quinta vez. Era perto das oito horas da noite já e estávamos naquele barzinho do centro, talvez eu até ficasse por ali mesmo, não queria agito. Tem gente que diz que eu não lembro de nada, realmente minha memória é péssima, mas daquela noite eu lembro de uns detalhes muito engraçados. Bom, você sabe que eu acabei cedendo e fui junto com o Matheus, afinal foi naquela mesma noite que eu te conheci.


A fila pra entrar era grande, mas a gente já não estava no juízo perfeito, passou bem rápido e quando eu me dei conta já estávamos dentro da boate. As luzes trocavam de cor de forma rápida e em flashes, era como se eu estivesse me dando conta das piscadas que meus olhos davam. O DJ tocava alguma coisa que eu não tinha nem ideia do que era, nem queria descobrir, eu queria era saber em que momento a noite ali ia ficar legal como o Matheus tinha dito.


Fui até o bar, pedi um whisky, e foi quando eu te ouvi pedindo uma mistura de Bacardi e um refrigerante de limão. O teu sorriso me chamou e eu precisava de coragem pra chegar mais perto. Umas amigas riam contigo e tudo ali parecia girar em torno de ti. O barman trouxe o meu copo e, logo em seguida, a menina que tinha te atendido deixou o copo cheio da mistura e canudo colorido. Tu pegou, agradeceu e já estava saindo quando eu disse o primeiro oi, no susto tu se virou e acabou derramando um pouco da bebida em mim, sim estava gelado pra caramba.


Eu ri e pedi desculpa primeiro, afinal eu não devia ter te assustado. Tu só estava ali parada me encarando, e mordendo o lábio. Foi assim mais de perto que notei teus olhos verdes e tu comentou alguma coisa sobre os meus, azuis. A tua amiga, como é que era o nome dela? Ah sim, a Carina te chamou e disse que podia convidar o bonitinho que tinha conhecido pra ir junto.


Dançamos, eu perdi a conta do quanto. Teu corpo encaixava perfeitamente no meu e quando tua boca tocou a minha eu soube que queria repetir isso muitas outras vezes. Estava abafado e eu fiquei meio tonto e até te chamei pra sair dali, tua primeira reação foi perguntar "pra onde?" e eu nem pensei antes de responder "pra tua casa". Você riu alto, acho que foi até mais alto que a própria música que tocava ali.


Minutos se passaram e eu já não te entendia mais, só concordava, não importava o que fosse – qualquer coisa que tu me pedisse eu diria sim. Mais bebida chegava, eu nem sei de onde vinha, minha cabeça girava e eu me divertia como a tanto tempo não acontecia. Talvez tenha sido naquela noite que eu te prometi que pararia de beber e de fumar, seria ironia eu estar falando isso enquanto acendo mais um cigarro?


Um beijo, a última coisa que me lembro, e então você não estava mais ali. Eu nem estava mais no meio de toda aquela gente dançando, Matheus jogava na minha cara que tinha sido divertido e eu só pensava que tinha que te encontrar. Foi no caminho até em casa que eu me dei conta que não tinha perguntado teu nome, não sabia onde você morava, estava perdido. E você pode rir, talvez se teus amigos lerem isso também vão rir, mas é assim que eu ainda me sinto. Você foi embora, pra sempre, e eu nem te disse
                 Adeus.

 Você foi embora, pra sempre, e eu nem te disse                 Adeus

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