CAPÍTULO 4

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Por fim chegou o dia do exame. A Sra. Kim que não podia olhar para a filha sem chorar, ficou sentada em silêncio na sala de estar enquanto a babá cortava rodelas muito finas de pão com passas e passava nelas uma grossa camada de manteiga - era um lanche para que jennie comesse no caminho para o Instituto.
A manhã estava amargamente fria. O Sr. Kim segurava com firmeza a mão da filha enquanto a guiava pelas traiçoeiras calçadas congeladas. Quando o sino tocou e o bonde surgiu, balançando -se nos trilhos, a mão do Sr Kim apertou a de jennie com mais força ainda.

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Havia apenas uma entrada para o Instituto, formada por um belo par de portões de ferro fundido, presos ao muro alto que cercava o prédio. Acima dos portões em letras douradas ficava o adágio latino Scientia est potentia.

- Sabe o que isso significa? - pergunta o Sr Kim.

- Sei pai - respondeu jennie que começava rapidamente a dominar a língua morta - Significa " conhecimento é poder ".

No muro ao lado do portão, havia uma campainha e uma placa de bronze. PARA SER ATENDIDO, TOQUE O SINO. APENAS ALUNOS.

Reunindo coragem o Sr. Kim tocou o sino.

Uma pequena porta se abriu no muro perto aos portões e um homem pouco mais alto que jennie apareceu, andando com dificuldade por causa do enorme molho de Chaves que pendia de seu cinto.

- não sabe ler?  - sibilou - É só para alunos. Não queremos que qualquer idiota toque o sino. Isso acabaria com ele.

- meu nome é Sr.Kim e esta é minha filha Jennie.

- Estão esperando por você - disse o porteiro - É melhor entrar.

- obrigado - respondeu o Sr. Kim, tirando o chapéu.

- você não - retrucou o porteiro - a menina.

Ele destrancou os portões e chamou jennie para dentro.

- Como você sabe. Jennie - começou o Sr. Kim - tenho muito orgulho de tudo oque você....

- nao temos tempo para isso - afirmou o porteiro, impaciente. -  Não temos o dia inteiro

O homem guiou a  menina pelo pátio Central, em torno do qual as paredes cinzentas de ardósia da escola surgia, estetas, parecendo esconder o céu acima delas. As únicas janelas do Instituto davam para o pátio. As que um dia haviam se voltado para a cidade tinham sido fechadas a muito tempo antes de evitar que os estudantes se distraissem com a vida fora da escola.

No Centro do pátio ficava uma monumental estátua de alabastro do fundador do Instituto, o falecido Julius Offenbach, que cuidará da escola com o punhode ferro até enfrentar um fim lento e doloroso :morrera cozido na água da própria banheira. Alguns afirmam que não fora acidente nenhum e que os gritos de dor de Offenbach haviam sido simplesmente ignorados pelas crianças do Instituto..

Após o pátio, uma grande porta Verde surgia diante dos dois.
Foi por ela que o porteiro mandou que Jennie entrasse


-por aqui.

O corredor era escuro e mofado

-nao tenho o dia inteiro- disse o porteiro.

No início, jennie teve que usar as mãos para se guiar pela passagem escura, iluminada por lamparinas a gás. Por fim, lentamente, seus olhos começaram a se acostumar com a escuridão.

Quando chegou na sala, sob uma enorme pintura a óleo de um Dragão de três cabeças decapitando um estudante gordinho, chamada " o conhecimento devorando a inocência ", havia outra mesa e outra cadeira que jennie não notará. Sentada a mesa estava a menina mais bonita que ela já vira antes. Tinha a pele Branca como porcelana e, mesmo ao longe, a menina podia ver que seus olhos grandes e redondos tinham um raro tom verde-esmeralda.

Jennie sorriu e o porteiro a cutucou com o indicador

-sente -se

Jennie sentou se.

- tem papel na mesa. Vire a Folha da prova quando ouvir o velho sino, nem um segundo antes. Vocês vão ter exatamente um hora.

- e o que vai acontecer depois? - perguntou jennie.

- depois virei buscar você não é?  - riu o porteiro - se não tiver sido esmagado e morrido primeiro

Jennie queria se virar na cadeira e olhar a linda menina de olhos verdes, mas em vez disso ficou sentado em silêncio no cômodo vazio, esperando que o sino tocasse. E durante todo o tempo que esperou sentiu que alguém o observava.
O ponteiro dos minutos do relógio do ginásio chegou a doze, e das entranhas do prédio, jennie ouviu o badalar de um antigo sino.

Jennie tentou parecer calma enquanto virá a Folha da prova.

Questão um. Jennie Kim, você realmente acredita que é uma boa canditada a aluna do Instituto? Está preparada para ser humilhada, da mesma maneira que seu pai foi? Se a resposta for não, ponha sua caneta na mesa e deixe o ginásio imediatamente.

Jennie não podia acreditar no que estava lendo. Olhou pra cima e teve certeza de Ver as cortinas de veludo do palco balaçarem. Lenta, cuidadosamente, jennie desenroscou a tampa da caneta-tinteiro e começou a ler a questão dois : compreensão de latim.

Não havia dúvidas. Alguém estava mesmo observando a menina.

The Schwartzgarten killer  ( HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora