CAPÍTULO 6

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As duas levaram muitos minutos para encontar o caminho através dos velhos corredores escuros. Depois do que pareceu uma eternidade, viraram uma esquina de ares estranhamente familiares. Abrindo a porta no fim da passagem escura, por fim, chegaram ao ginásio. Jennie lançou um olhar para o relógio acima do palco, marcando sombriamente o tempo no Grande salão vazio. Eram nove e cinco.

- estamos atrasadas- sussurrou Isabella, ansiosa.

- estão realmente - respondeu uma Voz desagradável.
Jennie e Isabella olharam para o palco, observando com medo crescente as cortinas vermelhas se abrirem. Ali, encarando os, estava um homem alto, esquelético, vestido com uma longa casaca negra.

- o diretor! - arquejou isabella- só pode ser ele!

- silêncio garota! - berrou o homem, a bengala batendo ironicamente enquanto ele andava pelo palco e descia a escada até o salão.

Jennie e Isabella observaram, tremendo, o diretor. Os poucos cabelos que ele tinha eram de um alaranjado encardido, presos em mechas sebosas às laterais da cabeça. O rosto parecia estranhamente liso para um homem de muita idade e era marcado apenas por uma velha cicatriz de esgrima, que corria da face direita até o queixo. Ele se aproximou de Jennie e Isabella, observando as duas com a mesma desconfiança. Um aroma inconfundível de xarope para tosse e mofo pairava em torno do homem. De perto, ele parecia ainda mais esquelético. Era como estar na presença de um cadáver ambulante.

- os seus cabelos são compridos demais -  cuspiu o diretor erguendo as tranças de Isabella com os magros dedos cinzentos.
- bem hidratados mas tem uma cor de marrom bosta- falou o diretor passando os dedos nos cabelos de Jennie - e mesmo assim acha que é mais inteligente do que seu pai, não é?  Bom vamos ver.
Ele bateu com a bengala no piso de madeira encerado e um pequeno homem apareceu dos fundos do salão.

- Sr. Lomm  - disse o diretor, os olhos brilhando com uma alegria malévola - pode levar seus novos alunos agora.

O Sr. Lomm se aproximou. Apesar de ser um professor Novo, ja havia ganhado uma bela reputação pela violência. Algumas pessoas dizem que era possível ouvir os gritos de seus alunos a cem metros da porta da sala de aula. Jennie, é claro, não acreditava nessa história. Mas Isabella ja não tinha tanta certeza.
O Sr. Lomm era redondo, tinha um rosto rosado e cheirava a óleo de amêndoas, que usava para fixar os cabelos negros, repartidos ao lado. Os olhos castanhos atentos eram emoldurados por óculos de aro de casco de tartaruga. Não fosse a reputação pavorosa do homem, seu rosto até poderia ser descrito como agradável.

- sigam me - ordenou o Sr. Lomm - vocês já estão atrasados.

O rosto do diretor se contorceu num sorriso quando o Sr. Lomm guiou Jennie e Isabella para fora do ginásio.
Os três andaram em silêncio pelos corredores escuros até a sala de aula. Jennie queria estender a mão para pegar a de Isabella, tanto para acalmar os próprios medos quanto para confortar a nova amiga. Mas sabia que isso não Seria permitido.
Uma voz uivou na escuridão diante deles, seguida de um grito agudo. Uma menininha surgiu no corredor numa nuvem de vapores sulfurosos, como um cuco saindo do relógio. Ela parou repentinamente, o movimento impedido por uma longa trança de cabelos louros que foi puxada pra dentro da sala.

- bom dia Lomm - disse uma Voz feminina, grave.
- bom dia, Dra. Zilbergeld - respondeu o Sr. Lomm- punindo seus alunos já bem cedo, pelo que vejo. Muito bem, muito bem.

A menina de cabelos louros soltou outro grito quando a mulher a puxou de volta para a sala de Química pela longa trança, e a porta bateu, fechando se.

- por aqui - pediu o Sr. Lomm enquanto continuavam andando pelo corredor e dobravam a esquina - a ala Oeste.

Um barulho perturbador pareceu coalhar o ar.  Era o som inconfundível de crianças berrando. Isabella ficou paralisada.

The Schwartzgarten killer  ( HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora