Capítulo 1- O que é amor?

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Meu nome é Tulipa, sim nome de uma flor, minha mãe era apaixonada por flores. Mais apaixonada pelas flores do que pela própria filha, tudo era mais importante pra ela do que eu. Nada a agradava, nada era suficiente, estava sempre desligada de mim. Tenho vinte e quatro anos, e, acabo de terminar outro relacionamento sério, como sempre, nunca vou a frente com minhas relações. Acho que é meu destino, não estar destinada a ninguém.

- Tuli! Você não sabe da maior !

- Lá vem você com sua ideias perigosas.

- Consegui um grande feito para nossa Universidade! - Dizia animada e quase dando pulos de alegria.

- Diga logo... - Fiz cara de paisagem.

- Convidei a minha guru indiana para dar palestra aos universitários em geral, e, ao meus alunos.

Fabiana era professora de artes e amava muito essa guru e os ensinamentos dela, vive recitando os saberes dela, parece até aquelas seguidoras fanáticas com algum cantor famoso.

- Ah! A guru que você tanto fala... Quero só ver se ela é isso tudo mesmo que você diz dela.

- Deixa de ser pessoa pessimista, ela é uma pessoa tão amorosa e espiritualizada. Transmite uma paz nas suas palavras.

- Fabi você quer se oferecer sexualmente pra essa mulher?

- Que horror, Tuli! Gurus não podem se relacionar sexualmente com ninguém. Mas, é o maior sonho, ser tocada por uma pessoa daquelas!

Revirei os olhos, com todo esse papo de guru e interesses sexuais nela. Pelo menos era de aparência bonita a guru.

- Bom tenho que trabalhar, a gente se fala no intervalo. - Dei um breve abraço nela.

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Na India...

- Guru Raj. Tenho uma pergunta a fazer. - Sorri brevemente, dando a liberdade para a pessoa prosseguir com a pergunta.

- Pode perguntar... - Bebi copo de água em seguida.

- Como saber se estou preparada para o amor? Para me relacionar?

Bebia a água tranquilamente, e, fiquei olhando o copo entre minhas mãos e ameacei arremessar o copo, na autora da pergunta, todos ficam assustados e inclusive a convidada. Obviamente eu me manifesto após isso.

- Receio que minha atitude tenha te assustado, mas, você logo reagiu a isso. Assim é a vida, assim é o amor. Tudo gira em torno de causas e efeitos. Imagine que o que fosse chegar pra você, em vez do copo, seria alguém, de que forma iria reagir ? O que você tem feito por você? A autoreflexão é um instrumento muito importante para dar base a nossa vida.

Recebi aplausos calorosos e agradeci a moça por sua pergunta, na verdade muitas pessoas fazem essa mesma pergunta, e querem que gurus, ou, pessoas especialistas em relacionamentos, resolvam todos problemas internos deles. Respondi a pergunta dela, devolvendo uma pergunta que é algo que nos estimula sempre a curiosidade e o conhecimento. Gosto de acabar minhas palestras com mais dúvidas do que respostas.

Fui convidada para fornecer esclarecimentos sobre as relações humanas, do século XXI aqui na minha adorável terra indiana, num público aleatório.

- Raj... - Chega minha assistente.

- Indira! Eu já estava indo meditar no templo.

- Não é isso que vim avisar. É que eu cedi um espaço na sua agenda, para falar sobre seu livro, numa Universidade do Brasil, parece que é no Espírito Santo, capital.

- Brasil... Terra fértil para muitas culturas, gostei de lá. Então se conseguiu encontrar espaço na minha agenda, nós iremos. E você é de lá, senão me engano...

- Boa memória, sou sim, de São Paulo. Mas, me apaixonei pela sua cultura indiana, mestra, principalmente seus ensinamentos.

- Eu que sou grata por ter alguém tão leal ao meu lado. - Fiz uma pequena reverência. Havia ela e a Mica como meus braços direitos.

Muitas pessoas que passavam por mim, faziam essa pequena reverência, e pra quem não sabe isso é um símbolo de respeito ao outro. É quase como uma saudação sagrada.

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