- Maia? Você veio me visitar meu amor...
- Eu vim me despedir da nossa jornada juntas. Você não é minha responsabilidade e nunca foi. Desejo profundamente que se cure da sua depressão. Você é a guru da sua própria vida.
Beijei a testa dela e simplesmente me desliguei da vida dela, completamente. A expressão do rosto dela foi de surpresa. Mas, uma surpresa tão inesperada, que isso a fez travar em dizer qualquer coisa. Melhor assim...
Chegando a casa da minha prima, ela me aborda preocupada, e pergunta.
- Maia, fiquei preocupada, onde esteve?
- Fui resolver problemas que não são meus. E agora sim, estou bem e vou te dizer uma coisa. Posso ter deixado de seguir a jornada de ensinar as pessoas como guru. Mas, não deixei de ser a guru, porque sempre vou querer ajudar a remover as trevas do interior da mente humana, e cada vez mais aprender com a superação de cada vida humana. Isso é quem eu sou dentro da palavra guru. Quanto mais eu ensino, mais eu aprendo sobre as pessoas. Não sou parte da Índia, sou a Índia que se conecta com todas as outras culturas ao redor do mundo.
- Você realmente se libertou das suas correntes materiais. Você é a Índia, ou seja, é o todo. Agora sim, você é uma verdadeira guru. Venceu suas limitações ou, cegueiras, como preferir chamar.
Abracei minha prima e fui embora rumo a único lugar que desejo estabelecer minha vida. Aos braços da Tulipa. Brasil... Será minha nova jornada espiritual de conhecimento.
E sabe o livro que fiz anterior? Aquele não faz mais parte da minha vida. Está na hora de criar outro... Mas, sinto que, o nome devo deixar por último. Enquanto eu estiver no avião, começarei a desenvolvê-lo e vou querer a visão iluminada da minha Tulipa também.
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(Tulipa narrando, dois dias depois da vinda da Maia ao Brasil):- Bom dia meus filósofos contemporâneos, e aí fizeram a biografia dos filósofos de vocês? E, mais, descreveram sobre o que é a filosofia pra vocês? Entreguem aqui na minha mesa por gentileza.
Enquanto eu passava os olhos atentamente nos textos dos meus alunos. Me pego pensando na Maia, no que poderia estar fazendo agora, e, de como eu ficaria realizada de saber que estaria comigo aqui.
- Bom dia a todos, com licença professora, gostaria de convidar todos agora para receber livros gratuitos na biblioteca.
Fiquei sem entender nada, mas, fui assim mesmo com a minha turma. Minha aluna comentou comigo.
- Finalmente vão nos dar alguma coisa. E espero que sejam livros bons. - Reclamou.
- Estranho, a universidade não costuma fazer isso. - Ainda estava desacreditada.
Meu olhar confuso viu uma multidão de pessoas em volta de uma mesa, e, o silêncio que era obrigatório naquele ambiente, parecia ter sido quebrado. Havia uma inquietação no ar, fui logo me apressando para tentar entender esse caos. E quando entrei no meio para chegar ao centro da coisa... Meu coração parece congelar naquele momento, a ponto de quase desmaiar. Não estou acreditando... No que estou vendo ainda.
- Bom dia professora Tulipa, que bom que te ver novamente.
Maia se levanta da mesa e vem me abraçar. Fiquei sem reação até disso, e quando senti o corpo dela ao meu, que pude enfim despertar que era real, que Maia estava ali sim.
- Maia... O que faz aqui?
- Depois de todos esses meses, essa é a pergunta que quer realmente fazer a mim? - Brincou. E seu semblante estava diferente, estava mais natural.
- É que... Gente, isso é inesperado demais, e se eu tivesse problema de coração?
- Tenho certeza que se tivesse problema de coração não iria infartar, iria dar mais felicidade ao seu belo coração. Mas, vou responder sua pergunta, vim por você, Tulipa. Duvidava disso?
- Comecei a pensar que sim, afinal mal nos conhecemos de verdade e... Não sei... É tão improvável as coisas da vida.
Ela sorriu de forma inocente, e não me respondeu mais, apenas pegou na minha mão me levando para fora da biblioteca, longe da multidão.
- Aqueles livros são seus... Você está doando eles?!
- Os livros não são meus, são de todo mundo, e o que escrevi já não faz mais parte de mim. Está na hora de começar a escrever um novo livro, uma nova história. - Disse pegando minha mão e unindo a dela, como símbolo de laço a ser feito.
- E deixa eu adivinhar... Essa história tem a ver com essa união de mãos que acaba de fazer?
- Você é muito boa em adivinhações, ou, melhor, leitura corporal. - Beijou minha mão carinhosamente, estávamos num pátio mais reservado, longe da biblioteca.
- Posso te abraçar novamente?
- Deve.
Quando a abracei novamente, pude ter mais atenção a cada sensação que estava sentindo naquele exato instante, antes eu estava ainda em choque. E o perfume dela... Penetrou na mente. Sentir as mãos dela apertando suavemente meu corpo, fazia minha pele se arrepiar e arrepiar a coluna.
- O cheiro da Tulipa poderia ser o nome do livro. Porque nossa... Nunca senti um cheiro igual ao seu. É tão... Inebriante e gostoso.
Sentia a veracidade e a intensidade, das palavras dela. Ainda parece ser um sonho, tê-la aqui aos meu braços agora.
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O Livro Sagrado - A Arte de amar
SpiritualeUma guru espiritual indiana e uma professora universitária de filosofia. Duas realidades diferentes, uma focada na ascensão espiritual e a outra, focada em obter conhecimentos que não agregam valor a sua vida, por não ter propósitos. Não percam essa...