Capítulo 6 - Trocas de conhecimento

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Quando acabei o chá, a Raj pega minha xícara e a coloca do lado da dela, o olhar atencioso dela, se volta a mim.

- Reformula sua pergunta... - Comentou breve.

- Não lembro mais o que ia perguntar, ficar concentrada em terminar o chá me distraiu.

- Por isso pedi silêncio, percebi sua mente agitada, querendo desesperadamente por respostas, agora quem irá fazer perguntas sou eu.

Meu corpo enrijeceu no momento que terminou suas palavras. E tentei ao máximo manter a calma... Na presença dela.

- Você pela ansiedade nas pernas, receio que não namora... E acredita que não nasceu pra isso. No caso, amar e ser amada.

- Pela ansiedade nas pernas? Você está insinuando que não tenho relação sexual!?

- Você acha que namorar é apenas construção de sexo? Você acha que sexo é apenas tirar a roupa e gozar? Como sua cultura estragou a beleza de amar em todas as esferas da vida. Existe até o amor sexual, se quer saber.

- O que você sabe sobre minha vida? Minha forma de enxergar o mundo? Não tem o direito de falar suas experiências como se fosse melhor do que as minhas!

- É por isso que te chamei em particular, eu vi algo de extremamente valioso em seu espírito e queria te conhecer. Hora alguma anulei sua experiência, até porque, não te ouvi ainda falar sobre você.

Eu estava me segurando para não chorar, mas, a forma que ela fez sua leitura corporal em mim, me atingiu na ferida. Como pude ficar e me deixar vulnerável assim a ela?

- Pra me conhecer... Precisa passar uns dias comigo, para saber como eu vivo, topa o desafio?

A expressão dela ficou surpresa, e rapidamente respondeu...

- Sim. Eu aceito conhecer seu mundo, se topar depois ir comigo para Índia...

- Fechado. Mas, e se você gostar do meu mundo?

- Aí eu moro no seu mundo, mas, não perderei minhas raízes.

Demos nossas mãos como forma de selar o acordo, e ambas sorridentes, como se tivéssemos nos casando. Seria meu sonho!(Risos)

- Posso agora te perguntar algo pessoal guru?

- Não me chame assim intimamente, me chame de Maia, esse é o meu nome para os íntimos. E sim, pode.

- Uma guru espiritual pode ter relações?

- Onde quer chegar com essa pergunta? Agora quem me ofende é você, senhorita Tulipa.

- Perdoe-me, não quis invadir sua privacidade. Preciso ir. Até a próxima...

Levantei do chão toda envergonhada, e, a guru me chama.

- Tulipa, espere... Sente-se aqui, por mais que eu tenha te conhecido agora. Senti uma sensação boa de você, da qual me sinto eu mesma, fazia tempo que eu, Maisa, e não eu, guru, e escritora, me sentia assim, próxima do famoso quem eu sou. Não me resumo numa guru espiritual, e senão me resumo a isso, acho que já tem sua resposta, não é?

- Sim, eu também não me resumo a questionadora de filosofia, que de delicada só tenho nome, muitas vezes minha ignorância se torna grosseira, e não percebo. Quando eu erro não costumo ficar assim, frente a frente, pois, sinto vergonha, e vulnerável a minha falha.

- Sente-se e feche os olhos, quero fazer uma coisa em você.

Sentei e fechei os olhos, nesse momento escuto e sinto a respiração dela atrás de mim, senti que seu corpo estava próximo, pois o calor que meu corpo estava sentindo era justamente por essa proximidade. As mãos dela tocaram nos meus ombros tensos e eu na hora me arrepiei, mas, não recuei do toque dela.

- Ouça agora minha voz, e quero que vá relaxando seu corpo, entregando ele nas minhas mãos, para eu desdobrar todas suas tensões musculares.

- Que mãos quentes... Isso dói.

- Silêncio e concentração, Tulipa.

Conforme ecoava a somente voz dela naquele ambiente fechado, meu corpo ia relaxando, obedecendo levemente os comandos dela, parecia uma prática de hipnose, mas, o que eu estava sentindo era uma faísca no corpo todo, não havia me desligado como as pessoas pensam que a hipnose faz, eu estava consciente, mas, relaxada, diria que bem relaxada... Mas, tão relaxada que, precisei ir ao banheiro após a massagem terapêutica dela.

- Maia, preciso ir ao banheiro, já acabamos? Ou, tem mais?

- Já acabamos. Pode ir... - Os olhos da Maia estavam sem jeito, como se de alguma forma sentisse que o que ela fez foi, me fazer gozar apenas com uma bela massagem.

Quando fui ao banheiro, pude extravasar a sensação de ter tido pela primeira vez um orgasmo...

- AAA! Minha nossaaa, isso é um orgasmo, afinal?! - Falei escorando na parede do banheiro e lavando minha calcinha molhada na pia.

Sim eu ia ficar sem calcinha, já que tive a ideia inteligente de lavá-la. Maia toca na porta brevemente.

- Está tudo bem aí, Tulipa?

Deu vontade de falar: "Estou na busca de todas estrelas de Van Gough! Que delícia de toque na minha pele, nossa!"

- Estou sim... - Falava querendo rir da situação, nem sabia que ter um orgasmo me faria ficar assim, tão sorridente, acho que é por isso que a guru está sempre sorrindo, deve ter uma vida sexual dos deuses!

Meu corpo estava em brasa, querendo mais lenha, e, infelizmente tive que mostrar o devido respeito ao que a Maia fez por meu corpo, que sua intenção era me relaxar, não me dar satisfação sexual... E não sou uma pessoa que se aproveita disso, simplesmente aconteceu de eu ter um orgasmo com ela. Agora o que virá depois disso, é o que me preocupa.

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