Recomeço

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O príncipe herdeiro manteve sua palavra, o mesmo havia prometido a Celaena que faria Arobynn caminhar atrás da carruagem por toda Forte da Fenda, para todos verem que o rei dos assassinos havia sido derrotado. Ela estava no meio da multidão, de braços dados com Lysandra, enquanto o povo gritava, alguns xingavam Arobyn e outros comemoravam sua prisão.

Enquanto Arobynn passava, parecia estar totalmente humilhado, caminhava atrás da carruagem, preso por incontáveis correntes e cercados de guardas - depois que Celaena fugira, eles acabaram redobrando o cuidado com os prisioneiros - a uma distância segura, Dorian - o príncipe herdeiro - cavalgava com seus guardas logo atrás, ao seu lado apenas um permanecia, esse devia ser Chaol, o capitão da guarda e também melhor amigo do príncipe.

A assassina permaneceu observando a multidão havia muitos rosto desconhecidos ali, nenhum dos assassinos tivera coragem de aparecer, a menina esperava que nenhum deles estivessem planejando algo tolo para ajudar Arobynn. Depois de um bom tempo observando a multidão a menina percebeu que um pouco afastado da multidão se encontrava um rapaz, com seus cabelos negros inconfundíveis Samael observava Arobynn de um modo estranho, não conseguia ver o rosto do rapaz, mas sua postura estava tensa.

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O rapaz deixara a estalagem para ir atras de Celaena, as ruas de Forte da Fenda estavam cheias, pois o temível Arobynn Hamel iria ser mandado para Endovier. Samael pensara na proposta da amiga e decidiu que faria parte de sua nova guilda, andou pelas ruas de pedra até chegar perto de uma multidão, estavam todos observando a carruagem passar, curioso para saber qual seria o rosto de Arobynn, Samael continuou ali esperando. Ficou boquiaberto quando viu o rosto do mesmo, era um homem mais velho do que aparentava ser - sabia disso por causa dos comentários da assassina - , muito belo, com cabelos ruivos e olhos acinzentados. Essas características correspondiam perfeitamente com a descrição que a mãe fizera.

A mãe o havia contado várias vezes, ele era fruto de uma aventura que ela teve em Enseada do Sino, não sabia muito sobre seu pai, ele aparentava ter uns 18 anos na época, tinha uma beleza inigualável, os dois estavam hospedados na mesma estalagem e seus quartos eram próximos, ela não tinha uma beleza rara, mas acabou chamando a atenção do rapaz que se destacava, não só pela beleza, mas por seus cabelos ruivos e seus olhos acinzentados. Depois da aventura cada um seguiu seu caminho. A mãe o havia criado em Forte da Fenda e nunca havia procurado seu pai, se soubesse quem Arobynn realmente era será que estaria arrependida?

Aquele homem era seu pai. Era filho de Arobynn Hamel e não sentia orgulho disso. Samael havia ajudado Celaena em sua vingança e não se arrependia disso, não sentia pena, remorso, compaixão ou qualquer outra coisa que um filho sentiria pelo pai. Não se sentia realmente filho dele. Até pouco tempo aquele homem era um desconhecido. Will - o balconista da estalagem - havia sido mais seu pai do que Arobynn. Logo após a morte da mãe, Will o acolheu, lhe deu comida, roupa e uma cama para dormir. Will o ensinou a trabalhar, ensinou a ter respeito e diferenciar o certo do errado. Will era seu pai e não aquele monstro.

- Samael? Está tudo bem? - perguntou Celaena, ele não a havia percebido até aquele momento - Você parece bem atordoado.

- Eu - disse o rapaz, estava devastado - eu descobri uma coisa terrível.

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Quando avistou Samael e percebeu que ele estava tenso, Celaena correu até o rapaz. Enquanto se aproximava percebeu que ele estava com o rosto muito pálido, e com uma horrível expressão de dor. Quando perguntou se estava tudo bem - é claro que não estava, mas a menina não sabia o que perguntar - sua expressão pareceu ficar pior ainda quando disse que descobriu uma coisa terrível, ele estava devastado e ela não aguentava ver aquilo. Para surpresa de ambos Celaena o abraçou, queria reconforta-lo. Queria tirar aquela maldita expressão do rosto dele. Queria picar em pedacinhos o responsável por aquilo.

- Você não está sozinho - disse ela da maneira mais calma que conseguiu - estou aqui com você. Pode chorar se quiser, não precisa se fazer de forte agora.

E então Samael chorou feito uma criança, as lágrimas molharam bastante o vestido de Celaena, os soluços eram tão fortes que sacudiam o corpo do rapaz, e a menina apenas o abraçava mais forte e acariciava seus cabelos tentando tranquilizá-lo. Quando reparou nos arredores, a maioria das pessoas já haviam retornado para casa, reconheceu Lysandra que estava encostada em uma parede ao longe, parecia estar conversando com alguém. As lágrimas de Samael haviam parado de rolar e os soluços o haviam deixado em paz, mas mesmo assim Celaena sentiu que deveria continuar abraçando-o.

- Desculpe - sussurrou ele enquanto se recompunha - não sei ao certo o que aconteceu...

- Tudo bem - disse Celaena tranquilamente - pode me contar quando sentir que está pronto.

- Obrigado - disse ele, o que parecia ser um sorriso estava brotando nos cantos de sua boca.

- Estou acompanhada de Lysandra, vamos ficar no meu apartamento - disse ela mudando o assunto, nunca soubera como reagir à agradecimentos - se quiser pode se juntar a nós.

Depois de Samael concordar com um aceno de cabeça os dois seguiram até onde Lysandra se encontrava, Celaena achara que amiga estava conversando com uma pessoa, mas na verdade eram duas, e não eram duas pessoas qualquer. Se tratavam de Dorian Havilliard e Chaol Westfall.

- Esse é o príncipe herdeiro? - sussurrou Samael.

- O próprio - sussurrou Celaena de volta - e o outro é o capitão da guarda.

- Celaena! - disse Lysandra radiante - Finalmente voltou. Eu estava conversando com o príncipe e o capitão sobre a guilda dos assassinos.

- Meu pai está querendo um assassino para cuidar dos assuntos do reino - disse Dorian, olhando-a como se fossem velhos amigos - se estiver interessada, posso dizer a ele que sua guilda assume tal responsabilidade.

- Serem os assassinos do rei, pode conceder vários novos trabalhos para vocês - completou Chaol - sem contar que não vão poder ser acusados das mortes, pois o rei aprova.

- Podem dizer ao rei que ele terá a minha guilda a sua disposição - disse Celaena, tinha trocado olhares com Lysandra e Samael, os dois pareciam estar de acordo - amanhã tomarei a Fortaleza como minha, então poderemos oficializar os negócios.

- Meu pai ficará feliz com a notícia - disse Dorian, parecia bem à vontade - agora se me permitem, tenho que retornar.

- Até mais ver - disse Celaena.

- Foi bom negociar com vocês - disse Lysandra.

Samael e Chaol se limitaram a acenar em despedida, e então o príncipe e o capitão seguiram seu caminho. Celaena guiou os amigos até seu apartamento, onde conversaram um pouco, fizeram a última refeição do dia e então deitaram para descansar.

A Assassina de AdarlanOnde histórias criam vida. Descubra agora