Celaena havia saído para comprar sua tinta de cabelo, quando se deparou com Lysandra. Fazia um bom tempo que não a via, da última vez sentira raiva da menina, mas agora não sentia quase nada.
- Celaena - disse Lysandra com um olhar de reconhecimento, depois medo e então o que parecia ser alegria - então os boatos eram verdadeiros, você realmente fugiu.
- Sou Lilian Gordaina agora - resmungou a assassina com certo mau humor, não sentia mais ódio da cortesã, mas a mesma ainda a deixava mau humorada.
- Lilian, certo - falou a outra, enquanto a avaliava - preciso conversar com você, sobre S...sobre tudo.
- Meu tempo é precioso - respondeu a menina, com um olhar de desinteresse - no momento não estou disponível para conversas.
- Só peço que me ouça - pediu a outra, segurou nos braços de Celaena como se implorasse - agora temos mais em comum do que imagina.
De início Celaena não estava nem um pouco disposta a ouvi-la, mas quando viu o medo, o desespero e um fio de esperança nos olhos de Lysandra, pensou em Sam. No que sentira quando o perdera. O rapaz não iria deixar a cortesã sem antes ouvi-la. Lembou das promessas que fizera a Sam, então achou válido ouvi-lá, não por ela, ou por si mesma, mas por Sam. Somente por ele.
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Já era quase 1h da manhã quando o rapaz chegou em casa, colocou seu casaco no cabide e foi para o banheiro, como todos os dias. Depois de tirar a roupa suja do trabalho, abriu o chuveiro e deixou a água escorrer sob seu meu corpo, a água não lavou apenas a sujeira, mas também os seus pensamentos e alma.
Fazia alguns meses que aceitara esse acordo, com a dificuldade de encontrar um emprego, o rapaz não pensou duas vezes antes de aceitar. Meses atrás quando achou que estava no fim do poço, Celaena apareceu e ofereceu uma parceria, salvando-o da ruína.
Com o banho terminado, o rapaz se dirigiu ao bar da estalagem, não se surpreendeu ao encontrar Celaena, sentada em uma das banquetas, esperando-o, ela parecia entediada lixando as unhas que já estavam perfeitamente afiadas.
- Olá Samael - saudou a assassina - espero que tenha boas notícias.
- Fiz o serviço assim como me orientou - respondeu o rapaz se sentindo satisfeito por ver o sorriso no rosto da garota - a essa hora Arobynn deve estar apreciando os pedaços do corpo do amigo.
- Você deixou o recado?
- Sim - com um amplo sorriso no rosto constatou, em seguida chamou o balconista - fiz questão de escrever letra por letra com o sangue de Farran.
- Muito bem Samael - diz ela com um olhar penetrante e um sorriso debochado - seus métodos me deixam satisfeita, além é claro, de sempre me surpreender.
- Teria orgulho de ver como drenei todo o sangue do corpo até ele morrer e depois o piquei em pedacinhos - diz ele com um ar de superioridade - e é claro, o fiz sofrer bastante antes de mata-lo.
- Será que Arobynn já o encontrou mesmo? - pergunta ela, usando o tom de dúvida para atingir o ego do rapaz.
- Seria impossível não encontrar - diz ele mostrando o copo de cerveja ao balconista, que estava na outra extremidade do balcão - deixei um caminho com pedaços do corpo e um pouco de sangue, que segue desde a porta de entrada até o pé da cama, onde se encontra a cabeça de Farran. Vamos beber para comemorar, ou está ocupada de mais?
- Muito bem Samael - diz ela aparentando estar orgulhosa e com um aceno de mão dispensa a oferta do rapaz - amanhã depois que Arobynn entrar em contato o procurarei para te entregar a recompensa.
Dando a conversa por encerrada, Celaena sai, o deixando sozinho no bar.
O balconista Will, logo trouxe a cerveja e um prato com as carnes que sobraram - Will estava acostumado a dar os restos de comida ao rapaz, já que o mesmo vivia ali na estalagem a um bom tempo e sempre ajudava nas reformar do local - Samael comeu o mais depressa possível, e foi para seu quarto descansar, o dia fora longo e ele precisava de uma boa noite de sono.
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No outro dia, perto de 12h00, Arobynn estava a espreita perto da estalagem, esperando Celaena chegar. Estava curioso para saber o que a menina queria conversar. Ele era um dos responsáveis pela morte de Sam, mas por que o poupara? De todos, ele fora o único que permaneceu vivo. Será que ela ainda nutria sentimentos por ele?
Assim que deu por si, uma figura negra estava se acomodando ao seu lado, quando tirou o capuz, revelou seus cabelos pretos recém pintados. A menina sorriu para ele, como costumava fazer depois de concluir perfeitamente uma missão e aquilo quebrou seu coração.
- Olá Arobynn Hamel - cumprimentou a menina - está feliz de me encontrar?
- Celaena - começou ele, e foi imediatamente interrompido.
- Agora sou Lilian - falou e dessa vez usou um tom seco - Lilian Gordaina.
- Como queira - respondeu sucintamente - Lilian, na verdade estou curioso.
- Curioso?
- Por que não me matou? - perguntou ele, tentando esconder a dor que sentia - Não seria mais fácil?
- Na verdade não - respondeu ela, em tom de zombaria - você é o rei dos assassinos, que graça teria mata-lo tão facilmente? Sem contar o que deixou que fizessem com Sam.
- O que você planeja para mim?
- Vingança - respondeu ela alegremente - vingança fria e crua. Você não merece morrer facilmente, mas sim viver e sofrer lentamente.
- Você faria isso com seu mestre? - perguntou assustado.
- Você não é meu, e tão pouco, é meu mestre - respondeu sarcasticamente - além é claro, de não ser eu quem vai te punir.
- O que você quer dizer com isso?
Celaena já estava com os papéis todos preparados. Ontem mesmo depois de Samael ter assassinado Farran, a menina fora atrás do príncipe herdeiro, como uma filha de mercador leal ao seu reino, contou o que havia visto, Arobynn Hamel brigando com Rouker Farran, depois de o mesmo acusa-lo de ter matado Ioan Jaine, depois os dois entraram na Fortaleza dos Assassinos e a menina ouviu Farran implorar para que Arobynn não o matasse, mas ninguém viu Farran sair de lá.
- Você Arobynn Hamel, terá o que merece - anunciou a menina - agora assine aqui.
- O que é isso?
- Apenas assine! - falou ela, e pareceu mortalmente perigosa, até mesmo para o rei dos assassinos.
A menina sabia que aquela era a cartada final, depois que o documento estivesse assinado, ela seria a dona da Fortaleza dos Assassinos e tudo que um dia pertencera a Arobynn, agora iria pertencer legalmente a ela.
Ele exitou um pouco, mas acabou assinando. Lysandra tinha razão, aquela seria a ruína de Arobynn, ver tudo o que conquistou nas mãos das duas, e pior ainda ser mandado para as Minas de Sal de Endovier, o lugar para onde ele quisera enviá-la. Seria a vingança perfeita.
- Aqui está - falou ele após ter assinado todos os documentos - o que mais quer de mim?
- Logo logo você saberá!
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A Assassina de Adarlan
Fiksi PenggemarCelaena Sardothien, a assassina de Adarlan está disposta a massacrar os responsáveis pelo assassinato de seu amado. Depois de matar Jayne, ela acaba presa em uma emboscada feita por Rouker Farran e Arobynn Hamel - quem a assassina ainda não sabe, ma...