Capítulo Dez: A morte nunca esteve tão próxima

538 64 16
                                    

Dois meses se passaram. Diana não tinha falado com Kara nem com Carol desde então.

Steve Trevor, Clark e Mera não tinham entendido absolutamente nada e ninguém quis contar para eles. O grupo acabou se dividindo, com Steve e Mera ficando com Diana e Clark ficando com Kara.

Diana voltava para o futebol aos poucos. Após a retirada do gesso, ela passou a fazer fisioterapia, para recuperar em cem por cento os movimentos do braço direito. Isso não a impediu que ela treinasse, fazia exercício mais leves com o time para ocorrer entrosamento. Alguns ela precisava realizar com Carol, mas não emitia som algum, mal olhava na cara dela.

O time tinha perdido os dois primeiros jogos do campeonato, Carol não havia marcado em nenhum dos dois. Não conseguia se concentrar, tinha muita coisa na cabeça. Isso atrapalhava sua precisão nos chutes, perdia a bola com facilidade. O treinador Wayne se via sem saída, já que a substituta de Carol, Diana, ainda não podia jogar.

O próximo jogo da temporada seria no sábado seguinte. O time passou a semana treinando pesado após as aulas. Porém, o problema com Carol persistia, e todo mundo já estava reparando, apesar de ninguém ter coragem o suficiente para falar alguma coisa.

Carol estava sentada no intervalo com Steve Rogers e Wanda. Estava apagada. Não tinha mais aquele brilho que todos percebiam sempre que Carol passava por eles. Não era a mesma pessoa, e ninguém sabia o que estava acontecendo.

— Carol, nós estamos preocupados com você. — Steve começou e olhou para Wanda logo em seguida. Carol olhou para ele, com os olhos apagados. — Você precisa conversar com a gente, nós queremos te ajudar.

— Não preciso de ajuda — respondeu Carol, secamente. Tirou do bolso um maço de cigarro e um isqueiro, acendendo cigarro posteriormente.

Steve e Wanda olharam para ela chocados. Carol nunca tinha sido de fumar, pelo menos não cigarro. Steve abaixou a cabeça, claramente chateado. Não tinha o que fazer se Carol não queria ajuda.

Estava cada vez mais magra, claramente não estava se alimentando direito. As notas nas matérias estavam caindo. A vida de Carol era o futebol e seu curso de engenharia aeroespacial, e se ela não estava focando nisso algo estava muito errado.

Steve suspirou e chamou Wanda com um aceno de cabeça, e os dois se retiraram. Carol pareceu nem perceber que os dois tinham ido embora, continuou fumando seu cigarro como se nada tivesse acontecido.

Rogers começou a andar a passos largos pelo pátio do campus, Wanda tentava acompanhá-lo. Tinha os punhos fechados, nunca tinha estado tão bravo. Encontrou Kara do outro lado, conversando com suas amigas do curso de jornalismo.

— O que você fez pra ela? — perguntou Steve, pegando Kara pelo pulso.

— Você está me machucando! — Kara exclamou, olhando para ele incrédula.

— O que você fez para ela?! — Steve repetiu, após ter largado o pulso da loira, sem deixar de encará-la com o cenho franzido.

— Você sabe de quem eu to falando, não se faça de sonsa! — Steve estava falando tão alto que as pessoas que estavam mais perto deles passavam a prestar atenção. — Ela tá se matando, Kara. — Ele falou em um tom mais baixo, com os olhos marejados.

— Não era comigo com quem você devia estar falando.

— Eu não sei com quem eu eu devia estar falando, mas você tem dedo nisso, resolva. Não to afim de ter que enterrar uma amiga. — Deu às costas e foi embora, com Wanda atrás.

Kara o olhou como se ele estivesse exagerando, e muito. Quando olhou para Carol, sentada no mesmo lugar do outro lado do campus, percebeu que ele não estava brincando.

Pensou em ir falar com ela, entretanto pensou melhor e achou melhor não ir. Um dos motivos de Carol estar assim é por sua culpa. E por culpa de Diana, com certeza.

E era com ela que Kara deveria falar.

Procurou Diana e os amigos por todo o canto. Achou Steve Trevor em um canto dando em cima de algumas veteranas.

— Trevor, onde está Diana? — perguntou Kara, de antemão. As três veteranas com quem Steve conversava, quais Kara conhecia, olharam para ela. Kara não deu importância.

— Bom dia? — Steve olhou para ela, com uma sobrancelha arqueada.

— Não tenho tempo pra isso, fala logo.

— Ela tá na biblioteca estudando com a Mera, mas acho que ela não quer falar com você, não.

Kara o deixou com as veteranas, todas com uma grande expressão de interrogação no rosto, e saiu em disparada para a biblioteca, antes que as aulas voltassem. Chegou ofegante, cumprimentou a bibliotecária Carter, sentada em sua mesa no meio da biblioteca, com um aceno de cabeça, e olhou para Diana e para Mera sentada ao seu lado. As duas nem sequer perceberam sua presença.

— Diana — Kara chamou sua atenção. Diana olhou para ela e revirou os olhos, ao perceber de quem se tratava —, eu preciso conversar com você.

— Não tenho nada pra conversar contigo, Danvers. — Diana respondeu, secamente, voltando a olhar para baixo.

— Não é sobre mim, Diana, por favor. — Kara puxou uma cadeira e se sentou. — Não queria falar sobre isso com a Mera aqui, porque imagino que ela não faça ideia do que esteja acontecendo, mas vou falar assim mesmo. — Kara suspirou e as duas moças olharam para ela. — Carol está morrendo.

— Como assim está morrendo? — Diana pareceu alarmada. Sua expressão mudou e sua atenção passou a se concentrar completamente em Kara.

— Ela tá se matando, Diana, você não tá vendo?! — Diana parecia assustada. — Ela tá fumando! Carol Danvers, a pessoa que sempre foi contra o cigarro, tá fumando! Ela não se concentra nas aulas, ela não tá se concentrando no time de futebol, que era a vida dela, ela não tá comendo direito. Isso porque a gente não sabe se ela anda fazendo uso de outros tipos de drogas.

Kara fez uma pausa para que a morena pudesse absorver o que ela tinha dito. Diana respirava pesadamente, como quem queria chorar, como quem entendia a gravidade do que estava acontecendo.

— Nós — Kara retomou sua fala —, amigos, pessoas que se importam com ela, estamos muito preocupados. Temos medo que ela faça algo contra ela mesma que possa acarretar num fim, você entende o que eu to falando né?

Diana balançou a cabeça que sim. Mera já era uma figura secundária ali, nem Kara nem Diana lembravam que ela estava ali, ouvindo tudo.

— Eu vou ver o que eu posso fazer. — Diana disse, por fim.

Kara olhou para ela, desesperançosa. A sensação que teve foi que Diana não estava afim de ajudar, iria ter que se virar ela mesma. Num suspiro, deixou a cadeira onde estava sentada e saiu da biblioteca.

Diana olhou para Mera, que a olhou de volta, com a expressão ilegível. Não tinha mais clima para continuar estudando. Não tinha mais clima para continuar naquela faculdade.

— Mera, eu vou embora. — Diana, finalmente, cortou aquele silêncio assombroso que a biblioteca possuía.

— Embora? Mas e as aulas? Ainda temos duas

Já haviam se passado uns dez minutos desde o começo da primeira aula após o intervalo.

— Eu não tenho clima pra ficar aqui, preciso pensar. Qualquer coisa você me passa as matérias depois. — Pegou suas coisas e saiu, sem se despedir.

Ia para casa, mas no meio do caminho teve uma ideia. Puxou o celular do bolso e mandou uma mensagem para Steve Rogers perguntando em que apartamento da república da universidade Carol morava.

Pela primeira vez na vida, Diana ia colocar todo o seu orgulho de lado. Era preciso se isso significasse que salvaria Carol Danvers dela mesma.

There's No Difference Between Us // Captain Marvel x Wonder Woman AUWhere stories live. Discover now