CAPÍTULO DOIS

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No dia seguinte acordei decidida a impedir aquele casamento.

Entrei tempestuosa no escritório do meu pai, evitei olhar demais para a escrivaninha. A última coisa que eu queria era pensar em Luigi e no gosto de vinho dos seus lábios.

Meu pai estava sentado na sua confortável poltrona marrom enquanto acendia um charuto, ele estava completamente imerso no conteúdo do seu celular, por isso sequer notou a minha presença. Dei uma tossida para chamar sua atenção.

Meu pai olhou-me assustado e sentou-se com as costas eretas.

— Por Deus, Valentina — ele resmungou. — Você quase me matou de susto.

Meu pai notou minha cara de poucos amigos e indicou para que eu sentasse na cadeira de frente a dele, mas eu recusei.

— O que você quer? Já vou avisando que a minha manhã já começou agitada e eu não estou com paciência para os seus ataques — meu pai falou impaciente.

Ergui as sobrancelhas, como se eu fosse o tipo de garota que dava ataques.

— Eu só vim avisar que não vou me casar — falei tentando manter a calma, eu não iria dar nenhum ataque, nossa conversa iria ser madura e extremamente adulta. — E não adianta me obrigar, eu não me caso com aquele homem.

Lembrei de Luigi e sua ousadia em dizer que eu serviria, como se eu fosse uma... uma qualquer.

— Eu sabia que um dia você seria a culpada pela minha morte. — Meu pai me encarou com seus olhos escuros. — Você vai se casar sim.

Cruzei os braços, inconformada com aquela resposta.

— Me dê um motivo para eu me casar com aquele patifezinho — repliquei, sentando-me de frente para ele.

Meu pai colocou o charuto entre os lábios e deu uma tragada, após assoprar a fumaça espessa, ele suspirou prazeroso.

— Eu posso dar até dois — meu pai falou com um sorriso brincalhão nos lábios.

— Duvido — murmurei.

— Bom, o primeiro motivo e o que vai agradá-la mais é o fato de Diogo e Anna se mudarem para perto de nós, eu sinto falta da minha filhota, você não sente? — Ele me perguntou, e eu suspirei.

Eu não havia pensado naquilo.

— É claro que eu sinto falta dela — retruquei, meu pai ergueu as sobrancelhas.

— Bem, o segundo motivo é o fato de Luigi ser o chefe de toda a Camorra e apenas isso já é um grande motivo, na verdade, é uma honra se casar com alguém tão poderoso e influente. — Ergui as sobrancelhas como se aquilo não passasse de um monte de bobagem.

Luigi poderia ser o chefe do meu pai, mas jamais seria o meu chefe.

— Se é uma honra tão grande assim para o senhor, então case você com ele — respondi secamente, meu pai franziu a testa.

— Olha, filha, eu sei que você detesta o mundo injusto da máfia, eu já compreendi isso — ele falou, colocando novamente o charuto entre os lábios, após dar outra tragada, meu pai prosseguiu: — Mas não tem como mudar, você nasceu nesse mundo, simplesmente aceite o fato e dance conforme a música.

Neguei com a cabeça, eu não conseguiria aceitar tão fácil aquela vida.

— Eu não posso simplesmente aceitar essa injustiça — respondi. — Se todos desistissem de lutar, hoje não estaríamos aqui.

Meu pai deu um longo suspiro.

— Valentina, o bom jogador sempre sabe quando é necessário reconhecer a derrota — ele falou com o olhar duro para mim.

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