*Olar, essa notinha é pra dizer que essa é uma versão alternativa do poema final, sem os gatilhos mencionados na anterior. Além de ser o último poema, eu acho que ele carrega uma mensagem importante e que conclui esse livrito muito bem, então quis escrever uma versão dele mais acessível, que pudesse abraçar as pessoas de alguma forma, talvez. Inclusive, se você perceber algo que eu possa fazer pra tornar essa versão mais acolhedora, vou gostar de ouvir.
_
🎨
- março, 2019 -
Foi uma época muito boa da minha vida
Minha pele era laranja, a maior parte do tempo
Brilhava escaldante
Mas aí
Veio uma onda de tinta
E me pintou
Azul, me tornei
O laranja, quase não vinha
Mas não notei
Ou não dei devida atenção
À minha pele azul
Nos espelhos, ignorei sua cor
Estranha, eu me sentia
Como a boca de quando se acorda
Não notava que...
Era a cor
Me acostumei com ela
Sem notá-la
Mas um dia
Um outro espelho tomou minha visão
Me avisou
Eu percebi a cor
Tão intensa
Me re e re pintando
Numa retro-alimentação
...Dolorosa
Mais azul ainda,
Me tornei
Não era eu no espelho
Mas era
Os olhos olhavam
Meus olhos
Minha pele azul
Me re e re pintando
Quem é ela? E eu?
Por que não consigo...
Por que não sou...
Me sinto...
Eu...
Pensar... dói
A cor escorrendo
Me re e re pintando
Eu só queria ser... Laranja...
De novo...
Mas não sou
E tá tudo bem
Posso ser laranja de novo
Mas jamais como antes
Serei diferente, de um outro laranja
A onda me pintou
Eu vivi outras cores
E, ao menos agora,
Sou azul
E tá tudo bem
Mesmo eu tando mal
Porque tá tudo bem não tar bem
Passei muito tempo azul
Perdida em sua tintura
E de outras cores
Sabendo e sem saber
Eu me repintei
Não sei de quais cores foram
E outras pessoas também
Me ajudaram a segurar o pincel
Ou a limpá-lo na água
Ou a tacá-lo no chão
Quando minha mão tr-r-e-emia
Tenho me sentido roxa
Ainda tenho crises
Às vezes, sou azul
Às vezes, sou laranja
Na maioria das vezes, roxa
Talvez eu volte a ser azul
Talvez eu volte a ser laranja
O que for que aconteça
Tá tudo bem
Às vezes, a gente melhora
Às vezes, a gente piora
O que for que aconteça
Tá tudo bem
Porque, mesmo a bad não sendo good,
Tá tudo bem não tar bem
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bate a bad [COMPLETO]
Poesia"Bad", do inglês, mal. "Bater a bad", do girialês, tar mal. "Bad", mal, o contrário de "good", bem. Mas mesmo a bad não sendo good, tá tudo bem não tar bem. E é por isso que esse livro é sobre a bad. Ela existe e fingir que ela não existe engolindo...