3 - Palavras

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Passaram-se muitos sois e nossa amizade foi só crescendo. Clarissa me explicou que era uma criança, não um broto de humano, e que tinha apenas 6 anos, me explicou muitas palavras e principalmente contou sobre sua vida.

- Sabe flor, as crianças da minha escola não gostam de mim. Dizem que eu tenho pele de terra e que se eu brincar com eles vou sujar todo mundo.

* Mas sua pele não é de terra? *

- Não. Minha mãe disse que é de melanina. Perguntei no mesmo dia, sabe!

* O que é melanina? *

- Não sei direito... Minha mãe explicou com muitas palavras complicadas.

* Palavras complicadas? Mas que melanina? *

- Sim... Ela disse pigment... Alguma coisa!

Passamos o resto da luz do sol conversando sobre palavras e sobre sua mãe. Eu não sabia o que era "mãe", mas Clarissa explicou: Mãe é uma menina grande que cuida, me da banho, comida, leva pra escola, penteia o cabelo e explica as coisas para uma menina pequena.
Todos os dias Clarissa explicava alguma coisa para mim e me contava como foi a escola (que pelo o que entendi era onde se aprendia palavras e números). As crianças da escola de Clarissa todo dia falavam coisas feias para ela e nunca deixavam ela brincar, mas Clarissa não ligava, disse que um dia eles entenderiam que a cor da pele dela não era de terra e sim de chocolate e nesse dia todos gostariam dela.

- Flor você gosta da minha cor?

* Sim Clarissa. Pelo menos uma de nós duas tem cor.*

- Eu prefiro não ter cor como você. Acho que seria mais fácil ter amiguinhos.

* Não ter cor não é legal. As flores não gostam de flores sem cor! *

- Ter cor também não é legal. Meus amigos acham que vou sujar tudo.

Ficamos tristes. Clarissa deixou uma gota de chuva cair de seu olho, mas logo ela sumiu. Brincamos de casinha e logo o sorriso, brilhante como o sol, estava de volta ao seu rosto!

A Flor sem Cor (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora