🥀 irmãs kyle - capítulo cinco

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Estava tocando teclado em meu quarto, conectado a meu fone de ouvido pois já se passava da meia noite e não queria acordar ninguém, permanecia de olhos fechados tentando realizar uma nota complicada que a semanas não conseguia fazê-la perfeitamente, sinto alguém me observando e pelo exagerado cheiro de perfume doce supus ser Susana, não sabia que podia revirar os olhos com as pálpebras fechadas até fazer.

"O que você quer, Susana?" — pergunto ainda de olhos fechados enquanto minhas mãos se deslizavam pelas teclas do teclado.

"Você pode dormir na sala? É que eu quero privacidade com o Bruce" — ela perguntou e pude sentir sua ansiedade.

"Você e ele podem ter privacidade em qualquer lugar, não precisam do meu quarto pra isso" — dei ênfase no meu.

"Caso você não saiba esse quarto é meu também, e eu só estou te pedindo isso, Sel, por favor" — abri meus olhos e pude enxergar o brilho em suas íris verdes completamente iguais às minhas.

"Ainda continua sendo metade meu, e eu não vou deixar meu quarto ser usado pra você tirar o atraso com seu namorado" — pude ver o brilho em seus olhos escurecerem e lá se vinha mais uma briga das irmãs Kyle.

"Tirar o atraso?! É sério isso, Selina? Eu sei muito bem porque você não quer emprestar o quarto, e sabe qual é o motivo? Você está com inveja!" — ela explodiu em meu rosto.

"Eu não acredito que eu estou ouvindo isso" —me levanto do banco.

"Você está morrendo de inveja, porque eu tenho namorado e vida amorosa, enquanto você vive presa na sua zona de conforto" — eu não me aguentei e acabei por soltar uma risada irônica abafada.

"Pelo menos eu não uso os outros pra não me sentir sozinha, pelo menos eu sei que eu não preciso me submeter a isso, pelo menos eu não tenho que arrumar todo mês um namorado diferente pra disfarçar o fato que eu sou solitária por dentro, e é isso que está te deixando explosiva, eu ter algo que você não tem, e sabe oque é, irmãzinha?" — ela permaneceu em completo silêncio com o seus lábios em linha reta e seu rosto vermelho de raiva — "A mim mesma, não preciso de um namorado para eu amar a mim mesma, enquanto você sempre vai depender disso, agora me diz, quem é a verdadeira invejosa?"

Encaro seu rosto e ele estava repleto de lágrimas, reviro os olhos e a empurro com meu ombro indo em direção à porta mas ela é aberta pela minha mãe e meu pai a seguindo logo atrás, eles foram em direção à Susana que dava soluços exageradamente fortes, minha vó me encarava de braços cruzados balançando a cabeça em negação. Me perguntei aonde estava Bruce.

"Como pode dizer essas coisas pra sua irmã, Selina? Não sabe como ela fica sensível com isso desde a morte do Gail..." — minha mãe fala e sinto que ela se arrependeu quando tocou no nome do ex-noivo falecido de Susana, a menção desse nome faz minha irmã dar  soluços mais altos.

"Ah, qual é? Isso tudo é exagero dela, eu só falei a verdade, ela só está se fazendo de vítima mais uma vez e..." — sou interrompida por meu pai.

"Já chega, Selina! Você está de castigo" — ele grita simplesmente me deixando boquiaberta, isso não podia está acontecendo.

"O quê? Ela queria usar nosso quarto pra transar e eu que fico de castigo?!" — retruquei alto de volta.

"Eu sei que você tem faltado as aulas, está trabalhando sem nosso consentimento, e ainda por cima trata sua irmã desse jeito, você passou dos limites a muito tempo e eu só passei a mão em sua cabeça mas agora já chega! Vou confiscar sua moto, eu quero as chaves agora!" — ele fala e sinto meu peito arder em ansiedade.

"NÃO! Dessa vez não, pai. Eu sempre fui a filha perfeita, sou a melhor aluna da escola, você nunca reclamou comigo sobre meninos, nunca recebi uma folha de multa na minha vida, arranjei um emprego na esperança que você fosse se orgulhar apesar de tudo, mas parece que nunca, NUNCA é o suficiente. Eu estou cansada disso, eu estou cansada por não merecer isso, e você não vai me castigar por eu ter dito a verdade!" — sinto lágrimas quentes e repletas de fúria descer freneticamente sobre meu rosto, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, saio dali rapidamente levando minha jaqueta e chaves da moto comigo, ouço meu nome em gritos fortes mas ignoro, desço as escadas rapidamente e encontro Bruce com as mãos no bolso encarando-me.

"Aonde você vai?" — ele pergunta calmamente diferente de mim que apenas fecha a porta principal em sua cara caminhando em seguida até minha moto — Selina! — ele grita e não acredito que ele me seguiu até aqui.

"Vai embora, me deixa em paz" — passo a chave em minha moto e sinto o motor roncar, bufo por ela está completamente sem gasolina, não deveria ter corrido tanto hoje.

"Eu não vou embora até saber aonde você vai" — ele retruca parando ao lado da moto que permanecia imóvel.

"E no que isso te interessa, Bruce Wayne?" — eu pergunto afagando minha cabeça no painel da moto — "Porque fica me encarando? Porque fica me seguindo? Eu vou perguntar mais uma vez, no que isso te interessa?" — sussurro tudo de uma vez levantando a cabeça para olhá-lo em seguida.

"Se não tivéssemos nos beijado, lidar com você seria mais fácil" — ele murmura em sua voz rouca.

"Eu já pedi pra você esquecer isso" — falo rangendo os dentes saindo de cima do automóvel.

"E eu já disse que não consigo" — ele segura meu braço quando tento me afastar — "Pra onde você vai?"

"E-eu não sei, só não quero voltar pra casa" — sinto minha voz falhar quando sinto sua respiração tão próxima da minha.

"Você pode vir comigo, posso te deixar no hotel" — ele sugere e eu balanço a cabeça em negação rapidamente.

"Porque está fazendo isso? Era pra você está com a Susana, fazendo ela parar de chorar e não está consolando a pessoa que foi o motivo dela estar daquele jeito" — solto meu braço de seu toque e o sinto enrijecer em arrepios pela falta do caloroso garoto.

"Dá pra parar de perguntar os porquês de tudo, isso já tá me irritando" — não consigo reprimir uma risada — "Só me deixa te ajudar"

Penso por longos instantes enquanto encarava seus olhos mais negros que a noite se enxerem de esperança, eu prometi a mim mesma que não teria mais nada com ele, que tinha sido só um momento, só um toque, só um beijo, mas não foi só um pensamento. Eu não parava de pensar naquele beijo nem por um instante, nem se eu quisesse, ele sempre voltava pra mim uma hora ou outra e me perguntava porquê aquele simples momento tinha complicado tudo, talvez ele estivesse certo, tenho que parar de perguntar o "porquê" de cada coisa.

"Tudo bem".

UNMISTAKABLE ❦ batcat (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora