🥀fraternal - capítulo oito

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Encarei o celular por breves segundos, tentando entender porque justo Susana na qual eu tinha acabado de brigar estaria me ligando. Mastiguei meu lábio inferior olhando pro telemóvel a minha mão apreensiva até resolver atender. E se ela perguntasse aonde eu estava, o que eu iria responder? "Oh, eu estou apenas na casa do seu namorado, ele se ofereceu para me ajudar e nem me pergunte o motivo porque eu também estou tentando entender".

"Alô?" — disse quando enfim atendi, Bruce já havia saído do cômodo, acho que pra me deixar a sós enquanto realizava a ligação.

"Finalmente" — ouvi a voz afinada da minha avó. Espera, o quê?

"Vó? Porque me ligou do celular da Susana? O que houve com o que eu comprei pra senhora?" — a enchi de perguntas, afinal, ela me deu um grande susto ao pensar que era Susana me ligando até porque isso raramente ou quase nunca acontece, minha irmã só me ligava quando esquecia a chaves de casa e pedia pra eu abrir a porta mas isso só aconteceu uma vez, agora ela só ligava para Simon, Sofia ou Scott se isso acontecesse. Por um momento achei que Bruce havia contado pra ela que eu estava hospedada em sua mansão.

"Era exatamente disso que eu estava querendo tratar com você, eu não dei o olho da cara pra você comprar um celular que apaga do nada, estava eu querendo ligar pra você e aquele merdinha apagou" — ela resmungava igual uma idosa rabugenta do outro lado da linha.

"Vó, ele apenas descarregou, eu já te expliquei isso umas trocentas vezes pra senhora, é normal" — eu explicava suas lamentações.

"Mas precisa ser sempre quando eu preciso dele?" — ela fez uma pausa — "Enfim, eu peguei o celular da Susana enquanto ela fazia aquele drama pro idiota do seu pai, queria perguntar aonde você se meteu? Sumiu de repente, aonde está?

" E-eu estou na casa de um amigo" — menti, quer dizer, não era exatamente mentira mas não sei se ainda posso chamar eu e Bruce de amigos.

"Amigo? Você não tem amigos" — ela retrucou indiferente — "... Simon vê se abaixa esse dvd, meu Deus" — fui capaz de ouvir um resmungo do meu irmão dizendo "É videogame, vó".

"Você sabe muito bem que eu não vou nem um pouco com a cara daqueles mauricinhos do meu colégio, quem dirá fazer amizade, eu não estou necessitada, muito obrigada" — avistei uma varanda perto da entrada da sala de jantar, me aproximei e logo uma rajada de vento bateu em meu rosto, olhei para baixo e quase fiquei tonta com a altura, parecia aquelas torres de castelo.

"Eu sei, você me disse que aquele colégio mais parecia uma fazenda cheia de cabeças de gado, e que estava cansada de corrigir seu professor de história" — ela riu um pouco e me juntei a ela.

"Sim, mas a culpa não é minha se ele fica errando os anos dos acontecimentos, quando ele disse que a revolução francesa aconteceu no século vinte e um eu não me aguentei" — nós duas rimos, era muito bom conversar com minha vó, sou bastante apegada a ela mais do que qualquer outra pessoa da minha família, nossa ligação é surreal e eu não imaginaria minha vida sem ela me acobertando, me ajudando, eu me sinto mais filha dela do que da minha própria mãe, não é atoa que dizemos que avó é nossa primeira mãe. Somos mais que avó e neta, ela é minha parceira, minha melhor amiga, eu daria o mundo pra ela se pudesse e sei que ela faria o mesmo por mim.

"Vai me contar de verdade aonde você está?" — resolvi responder de uma vez mas não para suprir sua curiosidade mas sim pra não deixá-la preocupada como ela dizia que ficava toda vez que eu saia de casa com minha moto, ela não conseguia dormir à noite e às vezes quando eu pegava turno extra no trabalho tinha que ficar em ligação com ela esperando a dormir tranquilamente com o pensamento que eu estou bem.

"Eu estou na casa do Bruce, namorado da Susana" — ela suspirou pelo visto não parecendo surpresa, espera, não parecendo surpresa?

"Eu já imaginava, vocês só faltavam se comer com olhares quando ele veio jantar aqui, e também por causa daquela discussão que vocês tiveram fora de casa"  — ela falou despreocupadamente, não acredito que ela tinha visto isso — "Eu também vi, parecia que eles já se conheciam" — outra voz soou me fazendo pular de susto.

"Sofia?" — perguntei abismada, não acredito que ela tinha percebido, afinal, nunca fui do tipo transparente.

"Está vendo que até a Sofia que passa mais tempo olhando pra tela do celular do que o mundo ao seu redor percebeu, não vai demorar muito até Susana descobrir, o corno é sempre o último a saber mesmo" — ela soou despreocupadamente e eu fiquei em prantos com medo que minha irmã gêmea aparecesse do nada e ouvisse  isso.

"Santo Deus, vó, tchau" — ela riu do meu desespero e pareceu cochichar algo para alguém que imaginei que fosse Sofia, elas estavam conspirando contra mim.

"Tente não beijar Bruce, de corno já basta seu vô na família" — ela deu aquela gargalhada exagerada e irritante dela, desliguei na hora, minha vó ama me deixar constrangida.

Me peguei pensando no que ela disse por final "Tente não beijar Bruce", mas tudo que eu conseguia e queria imaginar é em seus lábios macios se prensando contra os meus. Espero que eu sobreviva a essa noite.


    capítulo só pra desejar um feliz natal a todos. 🖤💚❤️

UNMISTAKABLE ❦ batcat (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora