Ƹ̴Ӂ̴Ʒ Capítulo 3 Ƹ̴Ӂ̴Ʒ

100 16 11
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Emmeline despertou de súbito. O quarto estava na penumbra e a réstia de claridade que escapava da cortina, anunciava que o dia estava prestes a nascer. Dois dias se passaram desde o roubo ao ateliê e Emmeline ainda guardava uma incômoda sensação de insegurança, que tirava-lhe a paz de espírito e transformava a simples ação de dormir em uma tarefa penosa. Seu sono ficou leve e qualquer ruído que a velha mansão fazia durante a noite, levantava-se sobressaltada imaginando o pior. Nunca havia passado pela sua cabeça, que seu lar fosse um alvo tão fácil para bandidos. Sentia-se inútil e desprotegida. Se, pelo menos, o jardineiro ou o mordomo ainda morassem com elas, uma presença masculina poderia afugentar os marginais.

Dormira tarde quebrando a cabeça na tentativa de encontrar uma solução para seu problema. A primeira coisa que imaginou que deveria ser feita seria ganhar tempo junto ao marquês. Ainda não tinha conversado com a mãe, mas a ideia de colocar Hazelwood House à venda estava ficando cada vez mais tentadora. Mas, sabia que a mãe não aprovaria a ideia, pois sempre sonhara em transformar a mansão num grande ateliê de costura fina; e estavam prestes a conseguir, se o marquês não tivesse aparecido e colocado sua mão gananciosa e destruidora sobre elas. Além disso, vender a mansão seria admitir derrota.

Suspirando pensativa, saiu lentamente de debaixo das cobertas e caminhou até as pesadas cortinas de brocado já desbotadas pelo tempo. Afastou-as e através da janela francesa, observou a luz rosada do amanhecer sobre a cidade. Com o peito apertado, tentou não se entregar ao desespero. Ela não era assim. Era uma lutadora. Sempre fora. Precisava se manter tranquila, afinal, sua mãe precisava de seu equilíbrio.

Seus olhos pousaram no jornal que jazia na mesinha ao lado da janela. Não sabia ao certo porque o tinha pego na casa de chá, mas o fato é que lá estava ele, olhando-a de volta, como se estivesse tentando lhe dizer algo.

Pegou o exemplar e o levantou até que ficasse na altura dos olhos, permitindo que a claridade fraca do amanhecer a ajudasse a ler o anúncio pela vigésima vez: "O ilustre e controverso Marquês de Hawthorne, antecipando-se à Temporada, contrata alfaiate e costureiras para renovar todo o guarda-roupa. O que será que o motivou a tomar tal decisão? Será que engordou mais alguns 'quilinhos', será pura vaidade ou... será que já ouço os sinos da catedral? Teremos um matrimônio à vista?" A colunista provocou. Matrimônio à vista? Emmeline balançou a cabeça com veemência. Quem seria a pobre coitada? Deveria estar desesperada para se submeter a tal enlace. O valor do salário era realmente alto demais para aqueles dois cargos, Emmeline analisou pensativa.

De repente, uma ideia começou a se formar dentro dela, como um grãozinho de areia que incomoda a ostra antes de se transformar em uma pérola.

Sentou-se à mesa com o jornal de diante de si. Pegou algumas folhas, caneta e tinteiro e começou a esboçar as primeiras linhas do plano que estava surgindo em sua mente. Talvez fosse apenas uma ideia absurda, mas algo lhe dizia que poderia dar certo. Tinha que arriscar!

O Marquês dos Campos de Lavanda (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora