Adam ofegou enquanto subia o aclive com a moça inconsciente em seus braços. A chuva tornou-se torrencial e dificultava sua visão, mas ele conhecia aquele caminho de cor. Estavam quase lá. Apesar de ela ser pequena, as roupas encharcadas acrescentavam vários quilos a mais. Quando um trovão estrondou logo acima de sua cabeça, seu pé falhou na grama molhada da inclinação e ele escorregou e colidiu com um joelho no chão, mas conseguiu manter a desconhecida firme contra seu peito. Fez uma careta de dor e esforçou-se para aprumar o corpo e retomar a caminhada.
— Tommy! — Gritou assim que avistou o seu chalé. — Tommy!
Pouco tempo depois, o ajudante da fazenda abriu a porta dos fundos e assim que seus olhos distinguiram de onde os gritos vieram, lançou-se na chuva para ajudá-lo. Abigail surgiu na porta logo em seguida e levou as mãos à boca, assustada.
Adam irrompeu na cozinha e ordenou:
— Tommy, vá buscar o Dr. Hawkins; Abigail, preciso de sua ajuda. Preciso de água quente e panos limpos.
Abigail lançou um olhar aterrorizado para a camisa manchada de sangue.
— Não é meu, Abi. Não se preocupe. — Respondeu à pergunta muda da governanta e se dirigiu para a sala de estar. — Agora vá pegar o que pedi.
Adam deitou a desconhecida no sofá e agachou-se para averiguar seus ferimentos. O tecido do lado direito estava destruído no lugar do tiro e havia um corte razoável na têmpora esquerda. Ela exibia uma palidez mortal e seus lábios estavam azulados.
Abigail entrou na sala com uma bacia de água fumegante e panos limpos apoiados em seu antebraço.
— O que aconteceu? Quem é ela, mestre Adam? — Perguntou com a voz apreensiva.
— Não sei. — Adam respondeu enquanto analisava a pancada na cabeça dela. Não quis entrar em mais detalhes para não alarmar a criada. — Ajude-me a tirar o casaco dela.
Abigail colocou a bacia e os panos na mesa ao lado do sofá e foi ajudá-lo.
— Tem certeza que ela está viva? — Perguntou quando se aproximou e começou a soltar os botões duplos.
— Sim, já verifiquei o seu pulso. — Adam respondeu e levantou parcialmente a moça, com extremo cuidado para que Abigail puxasse o casaco.
O sangue jorrava do braço e da cabeça da moça e em pouco tempo o sofá estaria manchado de vermelho. A governanta aproveitou e colocou uma grossa manta de lã por baixo dela.
— Coitadinha. — Lamuriou. — Que sina terrível.
— Ela não está morta, Abigail. — Ralhou Adam. — Vamos trabalhar mais e lamentar menos.
— Onde a encontrou? — A governanta insistiu. — O que causou esses ferimentos?
— Eu a encontrei no bosque de Hawthorne Lane.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Marquês dos Campos de Lavanda (DEGUSTAÇÃO)
HistoryczneEm O Segredo da Condessa - primeiro livro da Duologia Segredos -- tivemos a honra de acompanhar a história da inexperiente e doce Lady Tatiana, onde após experimentar a dor da traição, trava uma batalha em sua consciência entre fazer o que é certo e...