Ƹ̴Ӂ̴Ʒ Capítulo 7 Ƹ̴Ӂ̴Ʒ

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Dois dias depois...

Uma leve e deliciosa combinação de aromas florais e canforados entrou pelas narinas de Emmeline, induzindo-a a um bem-estar que fazia muito tempo não sentia. Envolvida pelos devaneios próprios de quem estava prestes a despertar, esticou os braços para espreguiçar-se, no entanto, ao fazer o movimento, sentiu uma dor lancinante no ombro que a forçou a despertar subitamente.

Abriu os olhos alarmada e tentou acalmar-se. Gradativamente, sentiu as texturas que tocavam sua pele. O colchão embaixo de suas costas, o travesseiro onde apoiava sua cabeça, a manta macia que cobria o seu corpo. Ainda com a mente confusa, constatou que estava num lugar que lhe era totalmente estranho. Com o peito arfando, respirou fundo algumas vezes. Aos poucos, conseguiu retroceder o pensamento até o momento em que estivera na taverna com seus companheiros de viagem. Aos poucos lembrou-se da chuva, da cavalgada, do bosque e, por fim, lembrou-se que sua montaria perdeu o controle por alguma razão e jogou-a para longe. Porém, não conseguiu recordar-se de mais nada, nem de como fora parar ali, nem como adquirira aquele ferimento que doía tanto.

Sentindo novamente um aroma floral chegar ao seu nariz, se deu conta de que aquele cheiro vinha de seu ombro e da sua cabeça. Gemendo de dor, sentou-se com cuidado e sentiu a cabeça girar. Observou o quarto. Era sóbrio, simples e, ao mesmo tempo amplo e arejado, passando uma impressão de limpeza. Enquanto prosseguia em sua observação, percebeu, com o canto do olho, um movimento rápido vindo da porta, que estava aberta. Permaneceu olhando para o local e viu surgir na moldura, o topo de uma cabecinha. Em seguida, um par de olhinhos castanho escuros. Quando a criança percebeu que foi pega em flagrante, retrocedeu novamente.

Apesar da dor, Emmeline achou graça naquela atitude curiosa. Esperou que ele aparecesse novamente, mas como não o fez, resolveu fazer contato primeiro.

— Olá. — Disse. — Eu sei que você está aí. Não precisa ter vergonha.

Após alguns instantes, Emmeline viu o menino aparecer por inteiro. Pelos seus cálculos, ele não poderia ter mais que seis anos. Seus cabelos eram castanho claros, suas roupas eram simples e ele trazia um brinquedo de madeira nas mãos; seu olhar, ao mesmo tempo que era sério, também havia um brilho esperto.

— Olá, — repetiu. — Me chamo Emmie. Como é o seu nome?

— Joseph. — Ele entrou alguns centímetros no quarto. — Você está doente?

— Acho que não, mas aparentemente sofri uma queda daquelas ou algo assim. — Emmeline respondeu.

— Não vi quando você chegou. — Joseph deu mais alguns tímidos passos. — Abi disse que eu estava dormindo quando papai trouxe você.

— Abi é a sua mãe?

Emmeline pensou que seria muito bom poder conversar com um adulto e perguntar o que havia acontecido.

— Não. Abi é minha governanta. — O menino respondeu.

Emmeline achou aquela informação um tanto fora do comum. Governantas não eram um serviço muito barato, e a julgar pela decoração do quarto, ou melhor a falta dela, e dos trajes do menino, achou pouco provável que tivesse uma.

— Onde está sua mãe?

Joseph não respondeu, apenas deu de ombros e balançou a cabeça.

Emmeline imaginou que a mãe dele provavelmente estaria trabalhando àquela hora. Antes que pudesse pedir para falar com a tal Abi, uma senhora um pouco acima do peso e cabelos grisalhos surgiu na porta, trazia roupas dobradas em seus braços. Reconheceu o tecido de seu vestido de viagem.

O Marquês dos Campos de Lavanda (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora