Capítulo 1 - Panorama Arco IIILucius Montês

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                                                                     Hospital São Magno – Setembro 2017        

- Você esta nisso há quatro dias. Muita coisa aconteceu, sabia? O médico disse que deveríamos conversar com você, algo sobre estimular o seu subconsciente. Ou alguma coisa do tipo. Eu não sei bem, não estava prestando atenção ao que ele dizia.

Calei-me em seguida, não é que esperasse uma resposta, nenhuma tinha surgido nos dias anteriores e isso diminuía minha esperança de que teria uma agora.

- Papai explicou o que realmente aconteceu com você, algo mais profundo que o coma. A reserva secou não é?

Olhei para o corpo desacordado de minha mãe, observando à quantidade de eletrodos conectando seu corpo as máquinas. Um coma. Desencadeado pela sobrecarga de poder que utilizara durante a luta contra os vampiros. A energia natural que ela estava canalizando com o próprio corpo foi extrema, tendo seu pico quando concentrou toda a magia em seu cérebro submetendo a pressão do ar a sua vontade para que pudesse desmembrar a vampira que me atacava.

- Suponho que o coma seja o menor dos males. Certo? Ainda existe uma chance de salvação.

Trouxe meu braço quebrado e engessado contra o corpo enquanto me erguia para caminhar pela sala. Era agoniante ficar parado vendo-a deitada ali imóvel.

- Depois que você perdeu a consciência os eventos se seguiram. Quase uma cadeia de catástrofes. Erin foi... Nem sei ao certo. Sequestrada? Eu e Jake não pudemos fazer nada para impedir. Depois que a levaram Adam chegou, estava desesperado e furioso. Nunca o vi tão descontrolado. Partiu em busca dela tão logo soube o que tinha acontecido. Passou quatro dias procurando por ela, sem dar qualquer sinal de vida, voltou hoje com um aspecto lastimável e de mãos vazias.

Parei próxima a janela do quarto hospitalar olhando a vista de fora e lembrando o encontro que tive com Adam hoje mais cedo. Já estava voltando para o hospital, para tentar convencer meu pai a ir para casa tomar um banho e descansar quando Adam chegou a Astória.

Ele parecia atormentado, tinha olheiras e os ombros estavam caídos, pareciam pesados de cansaço. Ele queria falar com o pai, mas eu tinha conseguido convencê-lo a tentar descansar antes de qualquer coisa, quando por fim sai, Adam tinha ficado na própria casa.

- Mauro montou uma equipe de busca. Adam nem sabe disso ainda já que não esteve por perto esses dias. Ninguém teve sorte, não temos pista alguma e é como se os vampiros tivessem sumido da face da terra. E isso não deveria ser possível, não em tão pouco tempo.

- Filho, você deveria ir para casa.

A voz vinda da sala me surpreendeu, não tinha notado que meu pai já tinha voltado, havia passado pouco mais de cinco horas desde que saíra. Afastei-me da janela e caminhei até ele, que parecia abatido e ansioso, os olhos focados no leito de minha mãe.

- Pensei ter dito ao senhor que ficaria aqui hoje.

- E disse. Não que importe. – ele sentou na cadeira próxima a cama a mão logo repousou sobre os cabelos de minha mãe, fazendo um carinho suave – Nunca estivemos separados por muito tempo desde que nos conhecemos, mesmo com tudo que aconteceu e tendo que suprimir nossa verdadeira natureza, afinal somos um Elo, nunca estaremos livres desses efeitos, não que queiramos. Por essa razão estar longe dela é doloroso. Você não entende agora, mas vai entender quando tiver o seu próprio par.

Eu queria rir e dizer que aquilo não era uma garantia. Não para mim. Só que olhando para eles, a serenidade que tinha tomado sua expressão assim que a tocou despertou um desejo enorme para ter esse tipo de conexão com alguém.

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