Rainy Night

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É tudo tão escuro...tão quieto e vazio
Parece que o tempo congelou.
É um silêncio frio que corrompe a minha alma e me assusta.
Como se sempre uma distração fosse necessária.
Do que eu tenho medo?
Porque toda essa tranquilidade me parece assustadora.
Porém quando os barulhos são ouvidos eu corro pra me esconder.
Isso me aflinge e acelera meu coração.
Mas ainda não tem nada.
Ainda não tem ninguém.
Ainda está tudo quieto.
Todos estão dormindo.
Todos estão morrendo.

Tudo isso.
Pra que serve?
Eu só sinto que eu estou me afundando cada vez mais e eu não tenho mais forças pra nadar.
Se a água vai me consumir e me levar cada vez mais para a profundeza desconhecida.
Isso já não importa mais.

Eu já não posso me mexer.
Eu não quero me mexer.
Eu sou um relógio cujo o ponteiro está quebrado e não quero que volte a funcionar.
Sempre girando, girando e girando.
Na mesma direção, sempre em frente.
Nunca muda.
Nada muda.
O tempo passa.
E é tudo igual.

É nessa escuridao que eu devo ficar?
Onde as estrelas não aparecem e os postes de luz são a única coisa que me guiam?

Se essa é a única luz existente talvez esse seja o caminho de qualquer maneira.
Porque eu deveria continuar seguindo?
Meu carro não acelera mais.
O combustível está se esgotando.

Talvez eu não queria virar na próxima estrada.
Porque eu não posso estacionar aqui?
Porque eu não posso simplesmente parar?

Me esconda no seu vilarejo.
Suas pequenas casinhas que estão protegidas e guardadas por um lugar onde o sol não brilha.
Um lugar onde o sol nunca mais vai brilhar.

Me deixe ficar na escuridao eterna.
Onde tudo é quieto e parado.
Eu não quero mais ter que ouvir esses ruídos.
Eu não quero mais ver a manhã chegar.
Apenas congele tudo.
Como as noites chuvosas em que a única coisa que importa é pra onde a água cai.

Eu não quero mais me preocupar.
Se a flor cresce ou se vai murchar.
Tudo que eu quero é que isso pare.
Pare aqui. Pare agora.

Tudo é em vão.
Nada funciona.
Pode me preencher temporariamente.
Mas sempre vou acabar escavando mais.
Nada é suficiente.
Pois quando a luz acaba.
Eu já estou vazia de novo.

Então pra que me preencher novamente de esperanças?
Pra que preencher meu vazio com ilusões temporárias?
Tudo isso pode me salvar, mas por quanto tempo.

Talvez as sombras que se escondem na escuridao do meu quarto queiram me acolher.
Talvez seja melhor pra mim.
Eu apenas fechar meus olhos e ficar com elas.
Mesmo que eu queira me preencher de uma distração eterna.
Do que isso adiantaria?

Nada serve, eu sou só mais um, mais um como os outros.
Que vai viver, morrer, ser enterrado e esquecido.
Me ponham num buraco abaixo da terra.
Podem me chamar de um ente querido.
Posso ter passado um bom tempo acima.
Mas não quer dizer que eu tenha vivido.

Eu me vejo presa em uma fila única da qual não posso escapar.
Seguindo as pegadas que foram deixadas por outras pessoas.
Me mostre um caminho diferente.
Me mostre outra alternativa.
Eu não quero mais caminhar por aqui.
Porque tudo não pode ser diferente?

Está ficando tão apertado.
Eu estou sendo empurrada.
Para que eu ande mais depressa e acabe logo com isso.
Eu não quero acabar.
Parem de andar.
Olhem pra cima.
Não vêem as milhares de estrelas que um dia existiram?

Nada servirá no futuro.
Onde realmente irão abrir seus olhos.
Mas aí já será muito tarde.
O ponteiro não para de girar.
E agora já chegou o fim da sua linha.

t h o u g h t sOnde histórias criam vida. Descubra agora