8- O Covil dos Vampiros

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Não sei se um dia descobriria o que sentia por Rose, apenas sabia que era mais forte do que o medo que eu estava sentindo naquele momento.

A ajudei a voltar para seu apartamento e assim que entramos pude ver o olhar nada contente de Nicolau sobre mim.

-O que aconteceu? - Ele perguntou vendo Rose que gemia de dor

-Eu não sei direito...

-Sol - Ela respondeu mostrando a ferida - Estava correndo, escorreguei e... - Ela respirou fundo olhando a gravidade da ferida

-Temos que levá-la ao hospital - Falei o óbvio mas Nicolau me olhou de um jeito como se minha sugestão fosse a mais ridícula do mundo

-Você ainda não entendeu, não é? - Ele negou com a cabeça enquanto se aproximava de Rose

Ela foi se afastando de mim e então ela estava nos braços de Nicolau que a levava para o quarto me deixando sozinha com o cadáver na sala.

Eu demorei uns dois minutos para lembrar que ele estava ali, de algum modo tudo o que eu estava pensando era em Rose, não sabia como ela tinha entrado na minha mente, mas ela havia me dominado.

O sensato a se fazer era chamar a polícia... Mas eu não conseguia... eu fechei a porta, as janelas e então fiquei encarando o corpo no chão. Ele parecia ser um pouco mais velho que eu.

Enquanto eu olhava para ele senti uma mão em meu ombro, olhei com o canto dos olhos e vi Nicolau.

-O que eu vou fazer com você...? - A pergunta obviamente não era pra mim, enquanto eu apenas engoli em seco fechei os olhos esperando pelo pior - Rose não permite que ninguém toque em você... Mas você é uma bela de uma ponta solta...

-Eu não vi nada, eu não sei de nada... - Me virei numa tentativa de encara-lo mas eu não conseguia olhar em seus olhos

-Esta com medo não está? - Ele arqueou uma das sobrancelhas - Agora que Rose está fraca

-Eu estou preocupada... - Confessei

-Com a sua vida ou com a dela?

-Não posso ter os dois?

-Não... Infelizmente os dois não podem andar de mãos dadas, pelo menos não por muito tempo...

-O que quer dizer?

-A vida e a morte - Seu sorriso me assustava, era quase psicótico - Você é vida, ela não...

-Eu não estou entendendo... - Minhas mãos tremiam, e eu estava começando a gaguejar - Isso é sobre o entregador?

-Você não é burra, Amélia... - Ele deu a volta em mim e ajoelhou perto do cadáver - Veja - Ele virou o rosto do rapaz no chão para o outro lado mostrando várias feridas em seu pescoço, elas eram bem semelhantes a mordidas - Chegue mais perto! - Ele mandou e assim eu fiz, dando um passo na direção deles.

Haviam mordidas por todo o corpo dele, não eram mordidas comuns, em alguns lugares tinham dois furos e as marcas dos dentes que não chegaram a perfurar a pele mas deixaram marcas. Em outras... Parecia que a pele foi quase arrancada com a mordida.

-Foi a Rose? - Olhei sem acreditar

-Você entende o que isso significa? - Ele perguntou com seus olhos presos aos meus

Não podia ser, era impossível... Totalmente impossível. Mas se era tão impossível, porque fazia sentido?

Eu nunca havia a visto de manhã, até aquele dia, ela se queimou na luz do sol, eu nunca vi ela comendo até aquele dia que se sentiu obrigada a comer no meu apartamento e depois vomitou sangue no meu banheiro. E aquela cena... O machucado em seu pulso, ela disse que tinha escorregado, mas agora pensando, sua ferida era idêntica as mordidas no compo do entregador morto no chão.

-Não pode ser... - Eu não me movia, sentia que tinha paralisado no tempo

-Agora está com medo? - Ele se levantou ainda com um sorriso no rosto

-Vai me matar?

-Rose gosta de você... Se acontecer algo, vamos ter que aguentar uma ruiva rabugenta por toda a eternidade. Não parece um bom negócio pra mim

-Vocês todos são...

-Vampiros - Ele falou como num sussurro e isso que fez tremer

Eu não sei no que eu estava pensando, mas eu fui andando em direção a porta ainda sem conseguir respirar direito

-Amelia - Ele me chamou e foi como se eu não pudesse mais me mover eu parei de costas para ele olhando para o lado de fora pensando que eu podia correr, seria fácil fugir com o sol ao meu favor

-Rose sabe muito bem que não pode ingerir nada sem pelo menos um pouco de sangue misturado. E mesmo assim aceitou jantar com você... Ela chegou em casa realmente mal, e quando eu perguntei no que ela estava pensando, sabe o que ela respondeu? - ele fez uma pausa mas eu não o respondi, então ele continuou - Ela disse que estava pensando em você...

Aquilo me fez sorrir, eu não queria sorrir, eu queria fugir mas eu não conseguia

-Ela podia morrer saindo de dia... Mas ela não pensou nisso, sabe no que ela pensou?

-Em mim... - Falei baixinho ainda de costas para ele

-Se falar algo para alguém, vai prejudicar a todos nós... Rose, eu, Leona e Myke...

Eu poderia fazer isso? Ferir Rose? Mais do que eu já havia feito. Pois me sentia culpada, por tudo que havia acontecido com ela. Se eu soubesse jamais a colocaria em risco. Mas no final das contas, acho que eu me colocava em risco também, passando tanto tempo com uma vampira.

Aquele termo ainda não havia entrado na minha cabeça, toda vez que pensava na palavra "Vampiro" eu pensava que estava ficando louca.

No final das contas eu já estava louca... Completamente louca por ela. E se ela podia se colocar em perigo por mim, por quê eu não poderia fazer o mesmo por ela?

Eu virei para encarar Nicolau antes de fechar e trancar a porta. Eu estava no covil dos vampiros, e já não queria mais sair.

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