13- Morrer entre os Vivos

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Eu acordei depois das seis da tarde, já havia me acostumado com o que estava se tornando a minha rotina.

Eu sempre gostei mais da noite, desde pequena, olhar as estrelas da minha janela era o que eu fazia quase toda noite quando criança.

E anos depois foi como se confirmasse, meu lugar era na noite. Eu me apaixonei por ela, e queria viver nela.

Eu tirei as mantas que cobriam os móveis e deixei a casa como era quando eles ainda estavam lá. Levei algumas das minhas coisas lá para cima também. Querendo ou não era onde eu me sentia bem, como se ainda sentisse a presença deles naquele apartamento.

Eu conversei com o síndico sobre a minha ordem de despejo, ele disse que não podia fazer nada sobre isso. Mas também acabei arrancando do homem que o apartamento de Rose estava com o aluguel pago pelos próximos seis meses.

Eu passei a viver lá, como se fosse um deles, eu não via mais a luz do dia, e para ser sincera não sentia falta disso.

Eu sentei em frente ao meu jantar naquela noite, na taça um vinho tinto e uma navalha ao lado do prato.

Eu queria experimentar isso, como eles faziam, como era viver como um deles.

Eu peguei a lâmina pressionando-a contra minha pele e deixando o sangue escorrer para dentro da taça.

Vi o sangue quase se misturar com o vinho, aquilo não me era atrativo, mas ainda sim era algo que eu queria fazer.

Levei a taça até meus lábios, e tomei a mistura. O gosto não foi algo que me atraiu muito, mas não era dos piores. Eu poderia ter ido com eles, vivido com eles.

Fazer tudo o que eu estava fazendo, era só um jeito de provar para mim mesma que eu poderia sim viver na noite.

Eu subi até o terraço depois do jantar. Olharia as estrelas, até o sol nascer.

Deitei-me no terraço, sob a luz da Lua. Foi a primeira vez que senti paz desde que Rose foi embora.

Ainda tinha a taça de vinho em mãos, não havia conseguido tomar tudo pois o gosto de sangue estava muito forte. Comecei a pensar como eles conseguiam beber aquilo com tanto desejo.

Eu fechei os olhos e senti a brisa, e eu poderia estar louca mas eu ouvi sua voz me chamando. Era como num sonho, então eu permaneci com os olhos fechados, pois se eu os abrisse o sonho terminaria.

Mas quando senti o toque suave de suas mãos em meu ombro eu fui obrigada a abrir os olhos, pois não poderia ser um sonho.

-Rose... - Falei baixinho para mim mesma como se tentasse acreditar que ela era real

Ela sorrio fraco em resposta e então a noite se tornou silenciosa como se houvesse um grande espaço entre nós.

-Você voltou para me buscar? - Perguntei um pouco esperançosa, não aguentava mais aquele silêncio entre nós

-Não - respondeu sem poder me olhar nos olhos - Mas eu te devo uma explicação... E também... Queria te ver de novo - Confessou

Não sabia se ela teria uma boa justificativa, mas quando ela disse que não voltou para me buscar, eu já senti o meu corpo pesado, pois sabia que ela me deixaria de novo.

-Estou ouvindo... - Tentei não demonstrar sentimento, dando apenas a oportunidade para ela me contar o que aconteceu

-Assim como os humanos tem as suas leis. Os vampiros tem as suas próprias regras. - Ela se sentou ao meu lado fitando as estrelas enquanto falava - Quando as nossas regras são quebradas existem punições severas Amy...

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