4- O jantar

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Eu acordei cedo naquele dia, e me odiei imensamente por isso. Sabia que teria compromisso mais tarde e se não dormisse o suficiente não aguentaria ficar a noite toda conversando com Rose como vinha fazendo desde que nos conhecemos no bar.

Mas devido a esse compromisso eu não conseguia dormir, estava ansiosa, não conseguia para de pensar em como seria, se eu estaria vestida adequadamente, se a família dela gostaria de mim, o que ela acharia de mim... Estava tão preocupada, e se eu não soubesse conversar naturalmente com a família dela? Sabia que com ela a conversa apenas fluía, mas estava tão nervosa em relação ao jantar que sentia que acabaria me envergonhando e falando coisas desconexas... Talvez fosse melhor desistir...

Sem sombra de dúvidas era melhor desistir, mas eu sentia que não poderia dizer "não" para ela. Eu não queria dizer "não".

Então eu levantei, tomei um banho e tirei todas as roupas do meu armário tentando achar algo que a agradasse. Arrumei o cabelo, até passei maquiagem, coisa que nunca faço. E quando vi já estava pronta. Cinco horas adiantada...

Por Deus... Eu encarei o relógio por horas, como se a minha cara feia fosse fazer o ponteiro ir mais rápido.

Não via a hora de poder bater em sua porta, ver aquele sorriso novamente, fazia algumas horas desde que a vi pela última vez a parecia uma eternidade.

A cada hora que se passava o céu ficava mais escuro, e isso significava que não faltava tanto tempo para que eu pudesse vê-la.

Quando o relógio finalmente mostrou ser 20hs eu não poderia estar mais feliz. Passei pela cozinha rapidamente pegando uma garrafa de vinho que havia ganho de aniversário mas não tive a oportunidade para abrir. Quero dizer, oportunidade eu até tive, mas não a companhia. Agora eu teria ambos. Então peguei a garrafa e rapidamente sai de casa, rumo ao lado mais escuro daquele prédio.

Quando cheguei em seu andar, meu coração parecia bater mais rápido a cada passo na direção de seu apartamento. Quando cheguei na porta respirei fundo antes de bater.

Quem atendeu a porta foi uma garotinha loira, com seus 15 anos, ela me olhou de cima a baixo de uma maneira estranha, ela quase salivava. E então uma garoto apareceu logo atrás, ele era mais alto, poderia dizer que tinha seus 17 ele compartilhou o mesmo olhar que a garota e então trocaram um olhar cúmplice.

-Eu sou a vizinha... - Falei sem graça tentando quebrar o silêncio

- Olha só... Temos uma vizinha - O garoto colocou o braço no ombro da mais nova a abraçando de certo modo

-Rose me convidou para o jantar - Tento falar desviando o olhar

-Rose te trouxe pro jantar? - Dessa vez foi a voz da loira que eu ouvi

No fundo eu me senti mais chateada do que constrangida. Quero dizer, o modo como me olhavam era bem constrangedor, mas saber que ela não avisou a família sobre a minha visita havia me deixado chateada. A chance dela ter me convidado apenas da boca pra fora também não me agradava... Ela poderia ter esquecido... Enquanto eu, passei a manhã inteira pensando nisso.

-O que está acontecendo aqui? - Rose apareceu atrás do garoto com a sobrancelha arqueada, mas assim que me viu abriu um sorriso.

-Acho que cheguei cedo...

-O que? Claro que não, entre querida - Disse ela puxando os garotos da porta. - Esses mal educados são meus filhos, Leona e Myke - Disse dando um beijo em cada um

-É um prazer - Sorri timidamente para eles que continuavam com aquele olhar esquisito.

-Amelia é minha convidada - Por alguma razão ela enfatizou o "minha" - Eu espero que sejam educados

The BiteOnde histórias criam vida. Descubra agora