Nietzsche vai iniciar sua fala sobre sentido histórico, usando o conceito preferido da Idade Moderna, predominante no século XIX e generalizada no historicismo. Essa metodologia vai dizer que os fatos humanos são históricos. Senso assim, tal história, têm: valor, sentido, significação e finalidade. O pesquisador da história não deveria se utilizar dos métodos das ciências da natureza, como a física, por exemplo. Entre tais métodos criticados está o da observação-experimentação. Na visão historicista, para conhecer as questões relacionadas às ciências do espírito, ou cultura, seria necessário criar um método para compreender o sentido dos fatos humanos. Essa visão ocorre porque o fato humano é histórico ou temporal. Deve-se considerar as particularidades históricas como etapas ou fases do desenvolvimento da humanidade de uma maneira geral. Essa perspectiva pode ser confundia com o progressismo político.
Mota Itaparica vai comentar:
"A tentativa de criar uma ciência objetiva dos fatos passados e de compreender todo fenômeno passível de conhecimento, antes de tudo, sob viés da história, entendida muitas vezes como um progresso contínuo teleologicamente orientado. Antes de um método, o sentido se revela como uma tendencia, uma atitude diante da vida, uma concepção do próprio saber."
O filosofo alemão vai caracterizar o espírito da modernidade, como uma espécia de consciência histórica dos atos humanos e da submissão do homem em relação a própria história. Deve se dizer que no século XIX a ciência histórica desenvolve sua perspectiva crítica, desligando-se das propostas religiosas.
Em um outro momento, Nietzsche irá deixar um pouco a visão historicista para acusar a modernidade de uma enfermidade dessa cultura. Ao perceber que a história, enquanto ciência, com seus métodos definidos, ganhava força como algo impessoal e estritamente baseado em supostos fatos objetivos, esse pensador irá resgatar o entendimento que a própria construção histórica tem um pressuposto oculto que favorecerá a continuação da vida, da espécie humana. Nietzsche passará a acreditar que tal perspectiva é um golpe contra a vida cultural, tanto do indivíduo, como de um povo. Vai afirmar que tal perspectiva irá degenerar a própria história, história como sentido de um povo.
Itaparica diz:
"O que há de mais prejudicial no sentido histórico é que ele, exercido sem limites, pode sacrificar o presente e mais ainda o futuro, por conta de uma fixação pelo passado. "
Esse desejo em desvendar a verdade do passado, faz dos fatos antigos, como mero objeto, sem nenhum valor ou significado. Como alguém que disseca um animal de determinada espécie. Tal projeto científico negaria uma projeção ao futuro, construindo a cultura de um povo e o significado de um indivíduos.
Nietzsche comenta:
"Para determinar esse grau e, por meio dele, os limites do que deve ser esquecido no passado, se não se quer transformar em coveiro do presente, ter-se-ia de saber exatamente quão grande é a força plástica de um homem, de um povo, de uma cultura, quer dizer, a força de se elevar a partir de si próprio, transformar e incorporar o que é passado e estranho"
Ele via uma super valorização da vida intelectual e da ciência, como nova criadora de verdades absolutas. Para ele, havia em sua época um excesso de cultura histórica, que gerava uma reverência paralisante ao passado. Um novo ficava impedido de aparacer, por causa de uma obsessão em desvendar fatos passados. Mais ainda: a tendência histórico-cientificista impossibilitava a presença construtiva da Arte e da Filosofia no ensino, por se tratarem de campos de conhecimento instáveis e desafiadores, que estimulam a crítica. Uma nova imposição científica, reveladoras de verdades ocultas passadas, travava o espírito crítico e construtivo da arte e do pensar.
Assim que Nietzsche vai discutir seu conceito de força plástica. Sem ser contra o desenvolvimento do método Histórico, nem subestimar tal sentido dos fatos, o filósofo via apenas que um engessamento, causado por um sistema, criava um entrave para tal força, que seria esse poder transformador humano.
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Filósofos da subjetividade: O que pensou Nietzsche..
RandomColetânea de textos sobre o pensamento de Nietzsche para aqueles que são leigos em Filosofia, usando uma linguagem mais simples e popular. NOTA: Texto escrito aos poucos e sendo corrigidos constantemente. Capítulo 1, 2, 3 e 4 revisados.