Capítulo Dois

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R A V E N

Quando as aulas do dia acabaram eu respirei aliviada. Estava feliz por poder ocupar minha cabeça com tanta inspiração. Queria me focar completamente na faculdade. Após passar três semanas em Carmine fazendo nada além de procurar um emprego, era bom finalmente sentir que as coisas estavam começando a dar certo.

Com a lista de livros de história da arte em mãos, fui até a biblioteca, que ficava do outro lado do campus. No caminho, tomei um tempo para conhecer melhor a Universidade.

Os prédios eram bonitos, com enormes janelas de vidro e a perfeita fusão de uma arquitetura clássica e contemporânea.

Enquanto passava pelo gramado em frente ao refeitório, entretanto, percebi que havia alguém tentando me alcançar.

Olhei por sobre o ombro e um garoto branco, pálido e magro acenou e sorriu para mim. Eu não fazia ideia de quem ele era, então apenas acelerei o passo. Ele não desistiu e correu até se aproximar e caminhar ao meu lado. O fitei de soslaio, percebendo que usava um blazer marrom por cima de uma camisa verde e uma gravata borboleta.

Ergui uma sobrancelha, curiosa.

Seu visual não era nada comum, e achei legal sua autenticidade.

Hey — disse ele, abrindo um sorriso. — Gostei do chapéu.

O rapaz era bonito. Tinha olhos verdes e cabelos castanhos muito lisos. Tinha uma mochila carteiro de couro pendurada em seu ombro. Ele colocou as mãos nos bolsos das calças.

Eu quase me esqueci do chapéu preto que cobria meus cabelos e que combinava com as calças skinny e as botas que eu usava, todos da mesma cor.

— Eu te conheço? — perguntei.

— Sou George. George Hale — se apresentou antes de estender uma mão para mim. O cumprimentei, apesar de um pouco hesitante. — Você é a Clarke, não é? Está na minha turma de história da arte.

— Raven — corrigi enquanto nos aproximávamos da grande escadaria da biblioteca.

— Você também é nova na cidade, certo? — George puxou assunto. Franzi o cenho antes de assentir com a cabeça. — Bem, então temos que ficar juntos. — O fitei com uma sobrancelha levantada, ele explicou: — Precisamos de aliados ou eles vão nos engolir vivos.

Eles?

— Há uma hierarquia aqui, ainda não percebeu? — Dei de ombros. — Tem as garotas ricas e populares da Kappa Beta Tau, os atletas bombados da Gama Zeta Phi, os que descendem de uma longa linhagem de nerds, como Zachary Bowen e os outros alunos do grupo de debate. Sem mencionar os caras do departamento de Ciências. — George se aproximou e diminuiu o tom de voz, como se estivesse prestes a contar um segredo. — Honestamente, eles são loucos.

Pisquei, atordoada com tanta informação que havia sido despejada sobre mim. Porém, logo minha atenção foi desviada.

As enormes estantes de madeira abarrotadas de livros que surgiram no meu campo de visão me distraíram assim que passamos pela entrada da biblioteca.

As janelas ao redor do prédio eram de belos vitrais coloridos. O lugar ainda estava vazio, com as mesas de estudo vagas, mas era impossível não notar a magnificência do lugar.

Tirei do bolso da calça um pedaço rasgado de papel pautado e dei uma olhada na lista escrita com meus garranchos antes de seguir para o departamento de Belas Artes, no segundo andar.

— Não dou a mínima para o que acontece ou não aqui — respondi após alguns segundos, subindo os degraus de madeira.

George me seguiu.

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