Capítulo Sete

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R A V E N 

Dei uma última olhada ao redor do quarto, checando se estava esquecendo alguma coisa. Estava evitando olhar no espelho desde que cheguei do Pandemônio na noite passada, não precisava ver meu reflexo para saber que estava péssima. Meus cabelos estavam presos num emaranhado em minha nuca. Estava usando jeans pretos e um casaco de moletom cinza, com minha mochila no ombro e três livros a serem devolvidos na biblioteca em meus braços.

Libby estava terminando de se maquiar no banheiro quando abri a porta do dormitório e me deparei com a figura de Hades bem na minha frente. Prendi a respiração por um instante, me empertigando.

Wrath tinha os cabelos escuros perfeitamente alinhados para trás. Suas mãos estavam nos bolsos de sua jaqueta e em seu rosto estava o familiar sorriso presunçoso determinado a me arruinar. Não esperava vê-lo tão cedo. Na verdade, tudo o que eu desejava era evitá-lo o máximo que conseguisse.

— O que está fazendo aqui? — indaguei, num tom cansado de indignação.

Tudo o que eu gostaria era ficar longe de problemas, mas mesmo assim eu conseguia me envolver em situações em que tinha que escolher entre quebrar uma garrafa na cabeça de um cara ou ver meu chefe ser assassinado com um tiro no meio da testa.

— Bom dia para você também, amor.

Fechei o rosto numa carranca e segurei os livros com mais firmeza contra o corpo. Enquanto eu pensava numa resposta sarcástica para revidar seu cumprimento, Libby se aproximou da porta. Ela olhou confusa para a cena que se desenrolava em frente aos seus olhos, mas por fim deu um risinho malicioso.

— A gente se vê mais tarde então, Raven — disse ela, passando por nós e acenando com a cabeça na direção de Hades.

Também saí. Fechei a porta atrás de mim e comecei a andar pelo corredor, ignorando a figura alta e inconveniente que me seguia de perto.

— Podemos conversar? — perguntou Wrath, andando rápido em meu encalço.

— Não temos nada a conversar. Além disso, este é o dormitório feminino, você não deveria estar aqui — argumentei, desviando do assunto que eu sabia que ele queria abordar.

Virei em outro corredor e segui até as escadas que levavam ao térreo e, consequentemente, à saída do prédio.

O desgraçado riu com arrogância e escárnio.

— Eu sou Hades Wrath, amor, as regras nunca se aplicam a mim.

Balancei a cabeça, impressionada com a quantidade de egolatria que podia caber em uma pessoa só. Acelerei o ritmo dos meus passos e galguei os degraus da escadaria com rapidez, mas não importava o quão veloz eu fosse, Hades não precisava se esforçar muito pra me alcançar. Assim que empurrei as portas de vidro para fora do alojamento, ele segurou meu braço, se colocando à minha frente. Parei com um suspiro alto, me rendendo, e abracei os livros em frente ao peito, como uma barreira entre nós.

— Está tentando fugir de mim? — Estreitou seus olhos negros com um brilho de diversão para mim.

Forcei um sorriso completamente falso.

— Caramba, como percebeu? Pensei que eu estava sendo sutil. — Hades riu alto com a minha ironia. — Diga logo o que você quer.

Ele passou a língua sobre os lábios antes de cruzar os braços. Esquadrinhei seu rosto, mas logo depois me arrependi. Era difícil permanecer determinada em evitá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo em que ele tinha aquela aparência. Hades Wrath era a porra de uma pintura Renascentista bem em frente aos meus olhos. Tudo nele era inacreditável demais para que eu pudesse ignorar.

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