Capítulo 3

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A viagem foi tranquila. Paramos em duas cidades antes do destino final. Pela janela Joice me apontou o seu avó que nos esperava sentado num banco perto da plataforma na qual iriamos descer. Vi-o de relance, porque nesta hora preparávamos para levantar. 

-Ufa! Até que enfim chegamos porque não aguentava mais aquela mulher atrás de nós falando alto no celular. - ela resmungou baixinho para mim enquanto caminhávamos em direção a porta.

-Nem eu! - anui. - Olha seu avó está caminhando para cá. 

-Vovô que saudades! - Joice literalmente saltou no colo do velho senhor que a sacolejava como se ela fosse uma criança. Até que pela idade o velho era forte, pensei admirada.

-Vô essa aqui é minha amiga Gisela. -ela virou-se para mim puxando pra mais perto deles.

-Prazer senhor Rodolfo. - estendi minha mão a ele.

- Prazer é todo meu, Gisela. - ele apertou forte minha mão e depois emendou -  Larga dessas formalidades besta e vem cá dar também um abraço no seu vô. Porque se é amiga da minha neta é minha neta também, ora bolas. - disse rindo e aproveitando já para me dar um abraço acolhedor, arrepiando-me de cima a baixo.

Ele esfregava sutilmente minhas costas com suas mãos grandes. Tenho certeza que percebeu que eu não usava soutien, pois ele me prensou maliciosamente no seu corpo. 

- Obrigada, vô- eu disse com a voz manhosa. - O senhor é muito simpático! - dei-lhe um beijinho na bochecha enrugada. - Agora estou louca para conhecer a vovó.

-Mas é pra já. Vamos, minhas meninas. Tem pão de queijo quentinho esperando por "nóis" lá na fazenda.

- Oba, vô! Hum... pão de queijo da vó é uma delícia! Gi, você não vai querer parar de comer. 

- Eita que abriu meu apetite! - retruquei olhando de relance para o vozinho postiço que encarava os bicos eriçados de minhas tetas.

O avó dela pegou nossas malas e levou até o bagageiro do carro. Apesar de ter aquela idade, ele parecia ser um homem forte. Ele era um pouco mais moreno do que a Joice, não era gordo e nem magro, sua estatura era alta, e os cabelos grisalhos e ralos. O rosto começava aparentar as rugas de expressão. De repente, comecei a lembrar das reportagens da revista sobre os homens mais velhos. A xaninha começou a piscar só de imaginar o vozinho lambendo ela. 

Suspirei alto fazendo os dois se virarem para mim.

Assustada tive que achar uma brecha para não levantar suspeita sobre os pensamentos malucos que se passavam na minha mente suja.

- Nada como o ar livre de uma cidade do interior! - soltei inocentemente.

- Isso porque, você minha netinha postiça, ainda "num" viu o ar da fazenda. "Ocê vai amar". 

-Eu tenho certeza que sim, vovô. - replicou uma Joice completamente empolgada.


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