Capítulo 01 - Dois novatos chegam ao reformatório.

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Devo ressaltar que é a parte mais importante da minha vida, na qual irei narrar para vocês, pois foi exatamente a chegada de Percy e Grover na minha vida tão calma e entediante. Porque de fato, eu não queria ser importante, na verdade estava muito bem dentro da minha zona de conforto acreditando que era só uma garota problemática sem sal e sem nenhuma relevância. Porém, meus caros companheiros é que o destino sempre é capaz de encontrar novas formas de nos surpreender (mas em um idioma menos rebuscado e mais sincero: nos ferrar literalmente e de várias formas diferente.) e bem... Foi isso que aconteceu comigo.

Juro solenemente que não queria ser uma semideusa, na verdade eu não queria nada disso, só queria me adequar e ser um pouco menos esquisita, mas a verdade é que quando você tem sangue divino correndo em suas veias, acredite, você nunca será normal. Poderia aqui listar os inúmeros motivos ruins de ser uma semideusa, mas se fizesse isso, a história perderia a graça do mistério e suspense, fazendo vocês já fecharem esse livro, perdendo o interesse na história.

Entretanto, caso você ainda estiver disposto e curioso para saber minha história, Latona Audrey Cordélia Summers, a garota-ninguém, a coadjuvante que não queria ser importante e de repente ganhou o papel principal, venha e sente-se aqui, prepare-se porque vou lhes contar a minha história, cômica, desastrosa, dramática e cheia de aventura (que prefiro denominar como "grandes perigos" ou "alguém quer matar você" ou "você tem a responsabilidade de fazer algo ou cumprir alguma profecia idiota".).

Bom, já que todos foram avisados, acho que posso começar minha história...

E foi assim que ela teve início:


O dia estava totalmente nublado, as nuvens estavam tão cinzas e carregadas que acreditava que iria começar a chover antes do almoço. Desviei meu olhar da vidraça da janela ao meu lado e respirei fundo pela milionésima vez, enquanto tentava ao máximo me concentrar no que o Sr. Gibbson estava explicando. Sei que provavelmente meu semblante demonstrava que não estava prestando atenção na aula —o que era uma grande calúnia por assim dizer -, mas o fato é que quando se tem TDAH torna-se um desafio gigantesco se focar em apenas uma coisa quando varias coisas estão acontecendo ao seu redor, por exemplo, às vezes me perco distraída observando as pessoas em minha volta, sem nem ao menos dar-me conta.

Na maioria das vezes, observar o que acontece no jardim, ver sempre o tão carrancudo Sr. Willians reclamar e proferir os mais diversos palavrões, enquanto é submetido pelo seu emprego medíocre de zelador a recolher todas as folhas secas que costumam cair bastante durante essa época do ano. Outra coisa que na maioria das vezes me distrai é observar Matthew e Duncan trocando mensagens através de bilhetes provavelmente falando algo estúpido que só garotos sabem fazer, mas dessa vez tinha a certeza absoluta que ambos falavam da festa ultra-secreta-não-tão-secreta assim que Derek estava planejando fazer na clareira da floresta próxima dali.

Confesso que em muitas vezes também me distraio com meus pensamentos aleatórios sobre o quão sentia falta da minha mãe e de Cassie —minha irmã mais velha -, de usar celular, de comer inúmeras coisas tão pouco saudáveis como fast food —o que posso assegurar que com toda certeza do mundo era a melhor coisa do que a comida que era servida ali -, sentia falta até mesmo de assistir televisão e ver aqueles comerciais idiotas de cerais que sempre passava no canal oito, sentia falta de frequentar uma escola normal e acima de tudo sentia falta de ser livre.

Mas ao menos sei que não estou tão sozinha assim nesse lugar quase infernal, eu tinha meu irmão gêmeo, Beowulf Summers, que infelizmente veio parar juntamente comigo nesse reformatório, após nos dois começarmos um incêndio acidental em nossa antiga casa, ninguém se feriu ou morreu, mas isso não quer dizer que o juiz e o tribunal não decidiu vasculhar nosso passado repleto de atos problemáticos como roubar o carro da nossa vizinha aos onze anos e desaparecer por dois dias até retornar com o veiculo em perfeito estado, mas carregado de inúmeras sacolas repletas de tacos e nachos mexicanos. Sim, havíamos ido para a fronteira mais próxima com o México no Texas e dormimos no deserto de Chihuahua para que pudéssemos observar melhor e com mais atenção às inúmeras estrelas e constelações, que nas cidades ficavam opacas, impossibilitando vê-las claramente.

O Som do Trovão ── 𝐏𝐄𝐑𝐂𝐘 𝐉𝐀𝐂𝐊𝐒𝐎𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora