Explicação do autor

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O autor, Guillem, postou isso aqui:

Tendo em conta o impacto que a história 'Emil e Xaver' teve, eu me sinto obrigado a dar uma resposta. Muitos de vocês estão me perguntando se os dois jovens existiram...
De fato, dois soldados descansam juntos no mesmo túmulo no cemitério de Sighisoara. Eles são Emil Müler e Xaver Sumer. Eles lutaram na Primeira Guerra Mundial, eles morreram em 1916 e 1917, respectivamente, e sua lápide me chamou a atenção na visita que fiz a Sighisoara.
O túmulo é real, eu fiz as fotos que você viu lá. A morte deles foi real. O sofrimento de milhões de pessoas que viram suas vidas truncadas, seus sonhos e suas esperanças de amar e ser amado é real.
E acima de tudo, as lágrimas que todos nós perdemos lendo essa história, e eu escrevendo, também são reais. Para mim não há nada mais real do que essa emoção. Emil e Xaver existiram, sim.
Mas somente na história que todos compartilhamos se amaram com uma intensidade que todos gostaríamos de experimentar. Com sua história, eu só queria lançar luz sobre todas as histórias de amor LGBT que nunca podem ser contadas e que estão condenadas ao esquecimento.
Porque existem milhões de Emils e Xavers que foram esquecidos e ninguém lhes dedicou os romances, os versos e as músicas que eles mereciam. E ainda há muitos. E haverão muitos no futuro. A história que escrevi é para todos eles.
E sim, para fazer isso eu tive que recorrer a elementos, personagens e enredos fictícios. Mas isso tira seu valor? Eu não posso deixar de me perguntar. A ficção nos salva. Estou convencido disso. Diante de uma realidade que nos domina e nos fere, a ficção cura.
Esse tem sido meu objetivo esse tempo todo. É o que tento fazer com todas as minhas obras, nas quais sempre tento colocar o coração e uma parte da minha alma. Nessa aqui não foi diferente.
Eu vou entender se alguém se sentir enganado. Minha intenção nunca foi tirar vantagem da crença de ninguém. De fato, seria bom se transformássemos a história de Emil e Xaver em realidade, e este túmulo num templo para aqueles que não tinham permissão para amar -e que merecem um fim melhor, juntos e em paz. E se alguns de vocês visitarem Sighisoara, deixem algumas flores em memória das histórias de amor que nunca serão contadas.
Porque é disso que esta história é sobre. É por isso que minhas últimas palavras, as que dedico ao casal na frente do túmulo, são aquelas: "sua história foi contada". Graças a isso, Emil e Xaver existem. Depende de você não morrer novamente.
Obrigado pela compreensão, pela generosidade e amor que vocês me deram nestes dias. Espero nos encontrar novamente em histórias futuras.

- Guillem Clua

Emil e XaverOnde histórias criam vida. Descubra agora