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Três dias depois.

Se eu não tivesse esquecido de fechar as cortinas do meu quarto, talvez eu pudesse ter dormido até mais tarde.

Mas pela milésima vez, acordei cedo num sábado. E depois de ouvir minha mãe me chamar cinco vezes para tomar café, tive que me levantar e colocar a primeira roupa mais quente que encontrei no meu armário.

Depois de me arrumar, desci as escadas correndo, e quando cheguei na cozinha, minha mãe me lançou um olhar de reprovação.

— Já disse mil vezes para não correr na escada, Anthony Edward.

Sussurrei um "foi mal", e me juntei à ela na mesa do café da manhã. Peguei uma caneca, e a enchi com chá. Minha mãe me olhava intrigada, como se quisesse perguntar algo, e isso me incomodou um pouco. Respirei fundo, e a encarei.

— Pode falar, mãe.

— Falar o que? — me olhou confusa, e eu apenas arqueei as sobrancelhas em resposta. — Não é nada demais.

— Eu já disse, pode falar — insisti.

— Você sabe que eu não gosto de ser o tipo de mãe que invade o espaço pessoal do filho, mas eu preciso perguntar — ela da uma pausa, e toma um pouco do café quente que estava na sua xícara. — Existe algo que eu precise saber sobre você e Steve Rogers?

— Que você precise saber não... — falei, nervoso.

— Anthony Edward Stark.

Balancei a cabeça negativamente, e respirei fundo. Minha mãe sabe que já beijei alguns garotos, mas eu nunca consegui confirmar nada relacionado a minha sexualidade para ela, coisa que agora me deixou um pouco nervoso. Por mais compreensivos que os pais possam ser, você sempre vai ter medo da reação deles, é inevitável.

— Nós nos beijamos — disse, rápido.

— E foi só isso?

— Eu gosto do Steve, se é isso que você quer saber — abaixei a cabeça, enquanto brincava com os meus dedos. — Gosto bastante.

— Oh, Tony...—

— Eu devia ter contado antes — a interrompi. — Devia ter falado que eu, definitivamente, gosto de garotos. Mas fiquei com medo do que a senhora pudesse pensar sobre mim. Antes você disse que podia ser uma fase, mas nunca foi uma fase, mãe. Sinto muito.

Meu coração acelerou demais, e eu senti minas pernas tremerem. É tão estranho estar tendo uma conversa assim com a minha mãe.

— Não deve sentir — disse, sorrindo. — Tony, eu sei que existem muitos pais por aí que não entendem, e tudo mais — ela segurou minhas mãos. — Mas eu entendo. Você é meu filho, e eu amo você. Não é sua sexualidade que vai mudar isso. Desde que seu pai foi embora, nós prometemos que iríamos confiar e respeitar um ao outro, se lembra disso?! — assenti. — Ótimo, porque eu vou confiar e respeitar você, sempre.

E nesse momento foi como se um peso fosse tirado de cima de mim. Finalmente, eu pude respirar de novo.

— Mãe...obrigado por isso — suspirei, aliviado. — Me desculpa por achar que você não entenderia, mas é difícil.

— Se você não se levantar daí, e me dar um abraço, eu vou te colocar de castigo — ela disse séria me fazendo rir.

Soltei suas mãos, e me levantei da cadeira. Andei em sua direção e a abracei bem forte.

— Eu tenho orgulho de você.

Ela sussurrou, enquanto acariciava minhas costas. Afundei mais o rosto na curva do seu pescoço, e sorri, mesmo que ela não pudesse ver isso.

𝐖𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫 𝐅𝐢𝐫𝐞 | 𝐒𝐭𝐨𝐧𝐲 𝐕𝐞𝐫𝐬𝐢𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora