39. Calmante

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A imagem da ruiva deitada naquela cama, dormindo com uma expressão serena, faz Jisoo desejar que ela não tivesse que acordar para esse mundo cruel que enfrentará.

A morena observa Chaeyoung, em pé ao fundo da cama, junto com Jungkook, enquanto Lalisa e Donghyuk se aproximam da garota. O pai da ruiva, acaricia sua bochecha enquanto uma pequena lágrima escorre pela sua cara.

Jisoo não consegue deixar de mostrar uma expressão de desagrado para o homem. Durante todos esses meses, ele deixou que sua filha sofresse um inferno naquela casa.

A atenção da morena se desvia para Chaeyoung de novo, quando vê a ruiva se remexendo ligeiramente.

— Roseanne? Filha? — o homem se aproxima mais de sua filha.

— Chaeng? Você tá me ouvindo?

— Melhor a gente chamar o médico... — Jungkook sugere, preocupado.

— Calma, ela só está acordando. — Jisoo fala, se aproximando um pouco mais da ruiva.

Chaeyoung mexe um pouco seus dedos e respira um pouco mais fundo, se acostumando com a sensação de "sentir" de novo.

Finalmente, os olhos da garota abrem lentamente, tentando se acostumar com a claridade depois de todos esses dias imergidos no escuro.

— Filha, está me ouvindo?

— Chae? — Lisa chama a amiga, na intenção de obter uma resposta.

Porém, a garota apenas fixa seu olhar no teto, parecendo ainda um pouco desorientada.

— Chaeyoung... — Jisoo chama a garota quase em um sussurro, se surpreendendo quando os olhos da ruiva se encontram com os seus.

— Jisoo...

O sorriso da morena abre involuntariamente, sentindo uma felicidade imensa em seu peito.

— Isso... Sou eu. — a morena fala, sorrindo.

Chaeyoung fecha os olhos e solta um suspiro. A mão da ruiva, procura por algo desorientadamente, mas Jisoo parece entender o sinal, segurando a mão da outra.

Mas então, Chaeyoung abre os olhos novamente com uma expressão um pouco mais lúcida. Ela encara todo mundo em sua volta, sem saber para quem falar.

— E-Eu estou viva? — ela pergunta, lembrando lentamente dos acontecimentos passados.

— Sim, sim, você está. Você está bem. — Lalisa segura a mão da amiga, sorrindo.

O olhar da ruiva desce, até a sua barriga, e ela engole em seco.

— Como... ele está?

O sorriso de todos desaparece, se entreolhando, sem saber como falar algo tão delicado.

— Filha... — Donghyuk começa. — Você teve uma overdose um pouco grave... E, seu bebê, ele... Ele não aguentou.

O olhar da garota se encontra com o de seu pai, brilhando mais do que nunca.

— E-ele... Morreu? — a voz da ruiva falha.

— Eu sinto muito... — o homem suspira.

Os olhos de Chaeyoung não suportam mais as lágrimas, fazendo com que elas caiam de ambos os olhos da garota.

— Eu matei ele... Eu realmente matei ele... — a velocidade de sua respiração se altera, enquanto seus olhos vagueiam sem saber para onde olhar.

— Chaeyoung, fique calma, por favor... — Jisoo segura sua mão, fortemente.

A ruiva puxa sua mão, quebrando o contato com Jisoo, e o primeiro soluço soa.

— Não, não... Eu não queria que ele morresse... Não, por favor...

— Roseanne, está tudo bem. — seu pai acaricia seu ombro, mas ela apenas se remexe, afastando o homem.

— Não, não, me larga! Eu matei ele, eu matei... — ela chora desesperadamente.

Jisoo fecha os olhos para impedir as lágrimas de se formarem, enquanto os gritos da ruiva cortam seu coração.

— Eu matei essa criança... Ela nunca poderá vir ao mundo por minha causa...

— Chaeyoung... — Jungkook finalmente se pronuncia, sentindo a culpa quebrando tudo dentro de si.

— Jungkook... Jungkook, por favor... — a ruiva levanta seu tronco, tentando se aproximar mais do garoto. — Você... Você ia ser o padrinho dele, lembra? Eu te prometi, eu te prometi, eu estraguei tudo!

— Não, não, você não estragou...

— Eu estraguei sim!! — ela grita, chorando ainda mais. — Eu sou um monstro! Eu deveria ter morrido com ele!

— Chaeyoung! — Lalisa grita, repreendendo a amiga.

— Eu não mereço estar aqui, eu não mereço...

— A gente deveria chamar o médico. — Jisoo fala e Donghyuk a encara, assentindo preocupado.

— Eu vou chamar ele. — Jungkook se apressa a sair do quarto.

— Me matem, me matem... — Chaeyoung sussurra repetidamente, enquanto fecha os olhos com força.

— Chaeyoung, não... — Jisoo fala, agarrando a mão da ruiva, firmemente. — Ninguém vai te matar. Você não vai morrer, e sabe porquê? — a ruiva abre os olhos, e encara a outra, ainda perturbada. — Porque eu preciso de você.

Chaeyoung encara a garota sem dizer nada, e o único barulho presente no quarto é o da respiração pesada da mesma. O pai da garota e sua melhor amiga encaram Jisoo também, sem interromper a mesma.

Talvez porque desde que entrou no quarto, ela é a única pessoa que Chaeyoung parece escutar.

— Eu fiquei aqui quatro dias esperando que você acordasse, esperando para poder olhar nos seus olhos de novo... Então, eu não vou deixar que você morra. Não vou.

Nesse momento, Chaeyoung encara a morena quase que hipnotizada pelas suas palavras e pela sinceridade que seus olhos transmitem. Sua respiração não é mais descontrolada, e seu olhar não é mais desesperado e assustado como antes.

— Eu vou pedir que se retirem do quarto, por favor. — o médico e mais duas enfermeiras entram, se dirigindo a Chaeyoung.

Uma das enfermeiras, afasta Jisoo da cama da ruiva, sem nem olhar na cara da morena. Elas preparam uma seringa enquanto o médico verifica os batimentos cardíacos da garota na máquina que fica do lado da cama.

A enfermeira segura a seringa e introduz no tubo de soro que a ruiva tem na sua mão, fazendo o corpo da mesma amolecer cada vez mais.

A seringa pode ter sedado Chaeyoung, mas o verdadeiro calmante que atuou na garota tem um nome: Kim Jisoo.

❝ ɑccidentɑlly ❞ ➠ chɑesooOnde histórias criam vida. Descubra agora