P R I S O N

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O calor rachando não me fez sentir vontade alguma de tirar minha jaqueta de couro, ela é a minha marca, e também minha proteção

Desço do carro, e respiro fundo tentando controlar a angústia que estava a me cercar desde que entrei nessa maldita cidade, mas é em vão, minhas mãos ainda tremem e meu corpo está a suar frio

Odeio presididos, são lugares sujos e podres que muitas vezes levam almas inocentes que chegam a morrer por julgamentos errados

Com algumas rosas vermelhas dentro de uma sacola transparente, sigo para a entrada do presidido aguardando todo o procedimento de verificação

- Blake, Travis Blake, quanto tempo - Bruce, o guarda da prisão diz rindo

- É, quanto tempo - Penso por um instante na última vez que estive aqui, e como foi tudo depois que me retirei desse lugar - Vou precisar passar por todo esse procedimento?

- Você sabe que sim - Diz ele. Coloco a sacola sobre a mesa para que um cara idiota olhe as coisas que estão dentro dela, e Bruce me revista - Liberado garoto Blake, acompanha a Dom, ela vai te levar para lá

Pego minha sacola e apresso meus passos junto a mulher que mantém a pose séria enquanto me guia pelo presídio. Nem sequer olho para os lados, odeio todo esse lugar e minha mente vive a se machucar só de pensar em como é viver aqui dentro

- Aguarde aqui - A mulher aponta para a mesa de pedra que tem bancos de pedra em volta. Deixo a sacola sobre a mesa e mantenho meus olhos para os grandes muros com cerca elétrica e arames farpados

Os minutos se passam devagar, ansioso e ao mesmo tempo angustiado fico andando de um lado para outro. Só queria estar com a Ruby, queria estar em paz e me sentir em paz. E essa angústia toda me fere

- Travis? - A voz da mulher que me deu a vida toca dentro de minha alma, é possível sentir as lágrimas descerem nos meus olhos, mas me controlo - É você?

Assim que meu corpo vira, meus olhos vão diretamente para ela, seus cabelos escuros estão soltos e a vestimenta da cadeia não cobre a beleza dela, graças a ela sou um Blake

- Oi, mãe - Nem sequer me dou conta quando seus braços me apertam firme e meu rosto se enche de beijos seus. Posso sentir qualquer dor ir embora e ser preenchida pela intensidade do amor da minha mãe

- Meu garoto, você cresceu - Diz ela já chorando - Está lindo, eu não acredito que você veio ver sua mãe - Recebo um belo tapa nas costas - Seu filho da puta, deveria ter vindo me ver antes

- Eu sei, mãe - Tento sorrir. Concordo perfeitamente que deveria ter vindo ver ela antes mas é difícil ver ela na cadeia por minha culpa - Mas... eu odeio ver você aqui

- Shh.... Não começa, menino! - Ela tampa minha boca - O passado é passado

- A senhora está aqui por minha culpa, era eu quem devia estar na cadeia - Nao consigo controlar minhas lágrimas, deixo todas se esvaziarem no ombro da minha mãe - Deveria ser forte como um Blake, mas na verdade sou um bosta !

- Travis Leonard Blake! Jamais repita isso - Ela me afasta - Eu fiz o que qualquer mãe faria pelo seu filho, e agora olha só você, meu homem feito, meu garoto, não me venha com papinho furado, Trent me contou tudo sobre você e eu sou grata demais a Deus por ter você como o meu filho

- É era pra mim agir como o homem que a senhora criou e ter assumido meus erros - Respondo encarando a mesma

- Você agiu como homem quando me defendeu, e continua a cuidar de mim - Diz ela. Não consigo controlar a dor que move meu corpo assim meus olhos encaram o seus

É como se tudo que aconteceu e que sempre me forço na tentativa de esquecer estivesse acontecendo outra vez. O frio na barriga, o medo que me fez pirar e o ódio surge de novo e antes que eu perca meu controle a minha mãe me cerca com seus braços de paz

Fecho meus olhos deixando essa paz me tomar, e mesmo não querendo, sinto a culpa me dominar

- Vamos, garoto, você ainda tem muito a me contar - Diz ela sorridente e sentando sobre o banco de pedra. Me sento ao seu lado

- Trouxe rosas para a minha Rose - Entrego para a mesma que se anima com o simples presente. Queria poder dar o mundo a ela, já que ela me deu a chance de estar nele

- As minhas favoritas - Leva as pétalas para perto do rosto e seu olfato dispara fazendo a mesma espirrar e ao mesmo tempo sorrir - Como sempre detalhista

- Nem tanto, mãe - Dou de ombros - Então o que a senhora quer tanto conversar comigo?

- Seu tio me contou da sua nova namorada - Diz ela e de imediato a Ruby passa em minha mente - E que você mata e morre por ela, e que até compôs outra vez

- Ora, achei que o fofoqueiro da família era Treton - Ela ri - Mas é, mãe, ela é uma garota rara de se encontrar

- E por isso você compôs para ela? - Seus olhos demonstram a esperança - Meu garotinho está de volta?

- Não. Não, mãe - Respondo de imediato - Aquele garoto morreu, lembra? - Seus olhos buscam acalmar a dor dentro de mim - Mãe, não fale mais sobre isso, foi só uma vez, aliás um deslize da minha parte, eu.... Eu nem....

- Shh... - Ela segura minhas mãos - Travis, respira - Quando me dou conta estou suando frio e os pensamentos piram meu cérebro - Prometo não falar mais sobre isso

O passado cobre meus olhos. Meu corpo dói por inteiro, todo o choro, dor, angústia e medo parecem se unir nesse exato momento. E posso ver que entrarei em colapso em questão de minutos

- Me desculpa - Alerto minha mãe - Preciso.... pre... - Ergo meu corpo do banco de pedra nem sequer olhando direito pra minha mãe por conta de tudo que estou sentindo - Adeus, mamãe

Apenas corro do local, vejo de longe minha mãe beijando a rosa e uma lágrima descendo de rosto. Merda, Travis! Grande homem você é fazendo sua mãe chorar mais uma vez

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