Os deuses sempre foram indiferentes entre si, gregos, egípcios e indígenas. Todos possuiam seu orgulho intocável, mas nada que a intervenção de humanos para submetê-los a um encontro.
Mas, toda causa tem uma consequência, ações sem meditar pode lev...
A escada longa podia ser uma tortura para quem quisesse chegar ao submundo, o ar gélido e a escuridão contribuíram para um cenário pitoresco. Mas, a deusa saltava em sua forma de gata e descia como se fosse um divertimento sem fim.
Bastet parecia nunca se deixar intimidar ou ter medo da escuridão, sempre indo além e enfrentando coisas que humanos e os deuses egípcios evitavam, pois até deuses tinham seus medos. No entanto, a pequena gata tinha uma coragem e audácia que era admirável nos cultos em Bubatis. Servos fiéis a cultuavan para proteção de seus filhos, Bastet era justa com os que a seguia. E não ia ser um deus grego que a assustaria.
Voltando a sua forma, ela percorreu os olhos analisando a suposta lar dele, moderna demais para os deuses, porém havia ouvido certos comentários associado ao rei do submundo e a ostentação estava entre eles. Não tardou para encontra-lo em frente uma enorme lereira, o homem alguns centímetros mais alto que ela olhava para as pequenas fagulhas do fogo.
— A que devo a presença de você metamorfa? — ele inquiriu, sem tirar os olhos do fogo.
Bastet não pode evitar uma risadinha sair de seus lábios, era pra aquilo que que Anúbis fez ela andar quilômetros? Um deus com os cabelos pretos bagunçado e com a voz como se não falasse há anos.
— Bastet — retrucou, puxou a cadeira caída no chão e sentou, avaliando ele.
— Pra mim vocês são todos metamorfos, até o homem pássaro — retorquiu ele em desdém.
— Não deixe Hórus ouvir isso — Bastet sussurrou como se contasse um segredo.
O deus grego não conteve o sorriso, o que fez ela olhar mais para ele, de alguma forma peculiar ela sentiu empatia, não parecia como os demais. Sempre tão orgulhosos e fervorosos, os olimpianos se sentiam acima de qualquer outros deuses e entre si, poder era uma ambição deles.
— Diga logo o que quer.
— Porque não está ceifando as vidas dos seus servos, Hades? — ela indagou, fazendo o ele a fitar.
Hades levantou de repente e um sorriso surgiu novamente, mas Bastet deduziu aquilo como um mal sinal, preparada para agir a qualquer momento ela o encarou.
— Amor, gatinha — proferiu, arqueou as sobrancelhas, como se seu motivo fosse óbvio. — Minha mulher está com a minha indesejada sogra e não posso fazer nada.
— Por que está me dizendo a verdade? — inquiriu desconfiada.
— Porque você perguntou — respondeu, seguindo para a mesa repleta de comida. — Me acompanha nessa refeição?
— Não — foi direta, ela levantou se direcionando a saída, vir até aqui foi uma perda de tempo para ela, nem ao menos uma luta ganhou como passatempo.
— Apenas uma coisa — ele exclamou, fazendo ela parar e encara-lo. — Tenha cuidado com Afrodite.
O olhou confusa, o que a deusa teria contra ela ? apenas tinham se visto uma vez, no nascimento de Malu quando Afrodite abençoou com uma beleza que tanto Bastet achava digna de uma princesa do Egito.
— Por quê? — ela voltou indagando.
— Uma deusa com beleza superior que Afrodite, faria minha irmã desejar a morte para ela.
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De volta ao Egito ela ponderou suas palavras, se divertiu com o que ele falou, aliás não foi bem uma perda de tempo. Como Rá dizia o amor pode mudar qualquer ser, Hades seria um bom exemplo para isso.
A roupa grossa foi troca pelo vestido fino, os graus elevados do Egito atingiam até mesmo deuses. Bastet observou sua mesa cheia de comidas, já que seus servos não tinha pena de exagerar, adorada por todos mas ao mesmo tempo só. A casa era enorme sendo que ela morava sozinha ali, além de seus servos que pareciam mais zumbis, ela riu.
Malu no último festejo dos humanos chamado Halloween, implorou por se fantasia de zumbi, depois de assistir um filme qualquer, Bruna não tinha escolha senão fazer a vontade da filha. Bastet teve a oportunidade de acompanha-las e nunca tinha visto Malu tão animada, ela corria até as casas e passava mais tempo explicando sua fantasia do que pedindo doces, mas ela não pareceu se importar.
— Senhora — uma serva a chamou, nunca olhavam nos olhos dela.
— Diga.
— O deus Rá — sussurrou ela, como se não fosse digna de pronunciar seu nome.
A deusa revirou os olhos, a submissão exacerbada de Azila era as vezes sufocante. Ela se aproximou da jovem colocando os braços em seu ombro, o que fez Azila se encolher mais, como um ratinho assustado.
— Somos deuses, Azila, não monstros para ter medo — ela falou. — A não ser que se volte contra a gente.
— Compreendo senhora — Finalmente olhou para ela.
— Ótimo, mande essa comida para alguma vila que precisa, não como tudo isso.
Seguindo o curso do rio Nilo ela encontrou um barco, simples porém imponente. Rá não era adepto as regalias como os olimpianos e ensinou isso aos seus filhos, mesmo que alguns como Set não o ouvisse, afinal sempre existirá um filho com gênio forte na família. A rampa até o barco indicava a espera por ela, Bastet subiu negando a ajuda de alguns servos, sempre tão prestativos.
Sentado em uma almofada ele a fitava, o rosto sério porém, observador.
— Senhor — Bastet se curvou em reverência.
— Poupe-me de sua bajulação.
A deusa deu de ombros se jogando sobre uma das almofadas, enquanto furtava uma uva da mesa. Seu jeito relaxado fez Rá suspirar cansado como uma senhora ensinando bons modos para uma garota rebelde.
— O que-e foi? — ela indagou, mastigando uma uva. O cabelo curto tendia a cobrir metade do seu rosto.
— Nada — Ele sorriu amistoso. — Apenas não sabia que você havia virado mensageira de Anúbis.
— Quis ser cordial com ele — ela respondeu, mesmo sabendo que essa não era a resposta que ele esperava.
— Bem, Zeus não achou isso — revelou o deus.
Foi inevitável Bastet arregalar os olhos com essa confissão, nada de bom viria dos olimpianos, ainda mais de seu líder e suposto pai de todos os gregos. Assim como a família egípcia, deuses gregos casavam com irmãos e primos, segundo eles para manter o sangue puro, o que Bastet achava que era uma desculpa qualquer para seus atos.
— O que ele insinou? — indagou, com a voz elevada, os olhos felinos semicerrados.
— Que eu coloquei você como uma espiã — respondeu sério.
Bastet chiou em protesto, ser declarada como espiã era uma ofensa, ela não era de fazer trabalho para terceiros. A uva foi esmagada com sua fúria, Zeus havia mexido a onça com vara curta, melhor a gata.
— Se me permite — ela falou. — Posso muito bem mostra que estou além de ser isso.
— Não cause mais caos — retrucou Rá, mesmo sabendo que a jovem deusa não o ouviria.
Suspirou demonstrando seu desgosto, não ia bater de frente com Rá, sabedoria não era atoa uma das virtudes do deus sol. Por fim, ela levantou pronta para seguir seu outro caminho, mas a tosse fingida do deus a fez virar e encara-lo
— Não se preocupe — ela assegurou irônica. — Zeus ainda vai perseverar.
— Você tomou uma decisão sábia... filha.
Bastet não deu ouvidos, apenas se transformou em um salto na sua forma felina e correu para milhares de quilômetros longe do Egito, proferindo palavras, que atualmente não se encaixava em nenhum idioma, abriu um portal para um lugar com clima tropical onde estava alguém que merecia todos os seus cuidados.
OLÁ! PEQUENA PRÉVIA DO QUE OS ESPERAM, AGUARDO VCS NOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS 🖤