forgive me;

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A movimentação intensa no exterior do hospital deixava o coração de Jungkook cada vez mais ansioso.

Ele dirigiu tão rápido para o hospital que chegou antes mesmo da ambulância.

Suas mãos tremiam de uma forma desumana. Seu corpo todo estava frio ao toque. Os olhos grandes, antes cheios de vida, agora preocupados, avermelhados. Culpados.

Forçou suas pernas a se mexerem, obtendo total fracasso. Teu corpo não obedecia as ordens de seu cérebro de forma alguma. Ele apenas conseguia chorar, chorar e chorar.

Quando retiraram a maca do interior da ambulância, sua respiração acelerou assim como seu coração, que quase pulou de seu peito ao que viu a cabeleira loira de seu Hyung aparecer em sua visão.

Os médicos apressavam uns aos outros para salvar a vida de um garoto tão jovem. No momento que a maca passou em uma velocidade extrema ao seu lado, ele correu até ela. Não deixaria Jimin sozinho.

— O senhor não pode entrar. — Apressado, o médico murmurou.

— Não posso deixar ele sozinho, senhor. — Completamente trêmulo, ele explicava ao médico.

— O que o senhor é dele?

— E-eu sou amigo dele.

O médico suspirou, pousando a mão no ombro de Jungkook.

— Tudo indica que ele sofreu um grave traumatismo craniano. Essa é a única informação que eu posso te dar nesse momento. Se acalme, tudo bem? Vamos tentar de tudo para salvar a vida de seu amigo. É uma promessa.

Jungkook observou o médico se afastar até entrar no mesmo local que levaram seu Hyung. Nervoso, ele tentou enxugar as lágrimas insistentes em seu rosto inchado.
Se sentou em uma das cadeiras de plástico, passando as mãos na nuca enquanto abaixava a cabeça na altura de seus cotovelos.

E ali, Jungkook desmoronou.

As lágrimas desciam arranhando todo seu rosto até chegarem em sua camisa totalmente amaçada por sair de casa tão rápido. O medo de perder seu Hyung era cada vez maior. Seus poros gritavam por qualquer notícia dele, qualquer coisa que indicasse que ele estava bem, que iriam voltar para casa e que o mais velho iria se jogar em seu sofá favorito.

Droga, doía tanto.

O peito de Jungkook clamava por Jimin, assim como o mesmo clamava por piedade. Piedade do teu pobre coração que doía toda vez que ele pensava em Jimin sofrendo. Piedade de Jimin, porque se o mesmo deixasse de viver, uma parte de Jungkook iria junto. O que seria dele sem Jimin? Apenas um corpo vagando entre milhares, apenas mais um. E com Jimin? Ele fazia Jungkook se sentir único. Se sentir amado e querido. Se sentir importante. Feliz.

E foi com esse pensamento que o moreno levantou cautelosamente de sua cadeira para ir até um santuário que residia no canto de uma das paredes brancas e sem vida do hospital. Se abaixou ali, tocando de relance a cruz de madeira.

Jungkook se sentia uma pessoa horrível por apenas rezar quando precisava de algo, mas agora ele não queria pensar nisso.

— Deus... — Murmurou, levantando os olhos vermelhos até a cruz. — Se o senhor existe, por favor. — Fechou os olhos com força, se controlando. — Traz meu Hyung de volta. Eu preciso dele aqui. Eu não existo sem aquele garoto, então, por favor, ajuda ele. — Desta vez, ele não conseguiu se segurar, desabando ali, ao pé da cruz, desejando que seu pedido fosse atendido.

Haviam se passado exatamente uma hora e dez minutos que Jungkook não recebia sequer uma notícia de Jimin. E não foi por falta de insistência, foi mais de duas vezes até a recepção do hospital e sua resposta sempre era a mesma: o médico irá aparecer em breve.

Acabou com todas as suas unhas devido a ansiedade de saber como seu Hyung está. Algumas sangravam por Jungkook tê-las roído com tanta agressividade, mas ele não ligava, a única coisa que importava ali era como Jimin estava.

Ouviu passos do corredor, levantando seus olhos preocupados, tendo a visão do homem de jaleco que falará assim que Jimin chegou ao hospital. Meio desengonçado, ele levantou de sua cadeira, se aproximando rapidamente.

— Doutor. — Se curvou em respeito. — Como ele está?

O médico abaixou a cabeça. Não sabia como dar uma notícia daquela sem magoar alguém.

— Eu sinto muito. — Disse o médico, ainda de cabeça baixa. — Nós fizemos de tudo, eu juro.

Jungkook sentiu todo seu otimismo e sua pressão irem por água abaixo ao que assimilava tudo.

— Não... — Perdido, ele murmurou a mesma palavra três ou quatro vezes.

— Ele sofreu um grave traumatismo craniano. — Disse sério. — Ele entrou em coma, senhor, eu sinto muito.

Jungkook sentiu todo o seu mundo desmoronar em sua frente.

Sentiu seu coração ser amaçado como uma bolinha de papel, que foi jogada ao lixo sem dó. Teu corpo parecia estar sendo rasgado ao meio quando conseguiu entender tudo o que se passava ao seu redor.

Seu Hyung nunca mais acordaria.

Ele nunca mais iria ver os olhinhos puxados formando um eye smile toda vez que ele sorria verdadeiramente. Nunca mais iria escutar a voz melodiosa ou até mesmo a risada escandalosa que ele tanto amava. Não existiriam mais ligações no meio da noite, apenas saber se outro estava bem, ou os beijos na testa que ele amava dar em Jimin, porque sabia que o mesmo se sentia protegido com aquilo. Não teria mais as mãos pequenas vagando por seu rosto, afim de o fazer dormir ou apenas o aconchegar em seu carinho.

O que iria fazer sem seu pequeno?

Seu choque era tão grande que não conseguia exibir reação alguma, não conseguia chorar, não conseguia se mexer.

— Eu posso vê-lo? — Foi a única coisa que conseguiu balbuciar, em meio ao caos que estava em sua mente.

— Claro, por aqui. — O homem lhe guiou até o quarto onde Jimin estava, o deixando ali para que tivesse mais privacidade.

Ao entrar, ele teve a pior visão de sua vida: Seu Hyung deitado, com aparelhos em seu corpo que o ajudavam a manter seu coração batendo. O rosto pálido, com alguns curativos em sua testa e suas bochechas. Os olhos fechados, sem previsão de quando seriam abertos novamente.

Andou até ele, sentindo cada pedacinho de seu coração se desfazendo ao que chegava perto. Era culpa dele, seu Hyung nunca mais iria acordar e aquilo era culpa dele.

Se ele soubesse dos sentimentos de Jimin antes, se tivesse percebido antes o quanto o pequeno o amava e o quanto ele retribuía o sentimento, nada disso estaria acontecendo. Se Jimin não saísse para beber e afogar a merda de suas mágoas em cervejas e outras bebidas, nada disso estaria acontecendo.

— Me perdoa, Hyung. — Encostou sua testa na dele, procurando a mão pequena que ele tanto amava, a segurando. — Me desculpa por não perceber, me desculpa. — E ali, em um quarto de hospital totalmente sem vida, ele abraçou Jimin da forma que podia, chorando em seu ombro, enquanto murmurava inúmeros pedidos de perdão.

Sofa; pjm + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora