Só depois de exatamente duas semanas foi que compreendi que rejeitar não é algo doloroso só para quem foi rejeitado, eu que rejeitei, mesmo que não formalmente pois esta parte iria precisar do Alfa da minha alcateia, sofri duas vezes mais, primeiro por não estar ao lado do meu companheiro e segundo por rejeitá-lo sem pensar duas vez, apenas fugindo como uma garotinha medrosa e talvez realmente fosse, os boatos quais diziam que ele matava as pessoas por traição quando o correto é prendê-las, que as torturava em busca de respostas que achava existir, que não permitia que o contradissessem, e que quando decidia expandir seu território matava todos da alcateia vizinha mesmo crianças e idosos...
Passei semanas sem comer direito e sem falar com alguém. Não fiz a coisa certa ao o rejeitar sem ao menos dar-lhe uma palavra ou uma chance, sei que não. Mas irei me dar mais uma semana, não só pra pensar sobre tudo isso, como também planejo esperar que com esse tempo a dor vá embora.
Ouvi batidas na porta, mas não respondi, não queria falar com ninguém ainda. — Filha? — Mamãe entrou no quarto sem pedir por isso, sabia que eu não iria responder de qualquer forma. — Quer conversar? — Neguei e continuei olhando para o teto branco do quarto. — Jess, uma hora você vai ter que falar sobre o que quer que esteja lhe incomodando e por mais que não ache, desabafar vai lhe trazer certo alívio.
— Eu encontrei meu companheiro. — Falei em um suspiro e fechando os olhos e esperando por sua reação.
— Isso é algo bom, querida! — Disse entusiasmada. — Então... O que há de mal nisso?
— Ele é o Alpha Black e eu o rejeitei. Mesmo que não formalmente, está doendo em mim, sei que não fiz a coisa certa. Eu deveria ter... Eu não sei, só não deveria tomar decisões precipitadas. O olhar dele no final de tudo foi a pior coisa que eu pude ver. — Desabafei e olhei para todos os lados, evitando o olhar da minha mãe. Se eu olhasse, certamente iria acabar chorando.
— O rejeitou por causa dos boatos sobre ele? — Perguntou enquanto puxava minha mão para acolher nas suas, tentando conforta-me.
— Sim, eu não quero um companheiro que seja desse jeito, sabe? Mas me sinto mal por não "investigar" sobre quem ele realmente é, por não ter dado uma segunda chance. Tenho medo de me arriscar e me arrepender depois.
— Se tem medo de se arriscar então nunca descobrirá o que está por trás dos boatos, nunca saberá quem ele realmente é e ai sim irá se arrepender. — Pensei um pouco sobre isso e quando fui perceber ela já tinha ido, me deixando sozinha no quarto para lidar com meus próprios pensamentos.
Resolvi ir para uma corrida, queria parar de pensar um pouco e relaxar e só o meu segundo lar me proporcionaria isso. Já na floresta tirei minha roupa e pensei em minha forma de lobo, os ossos locomovendo me trazia um sorriso aos lábios por me trazer a ideia de liberdade. Peguei o punhado de roupa com a boca e corri pela floresta para chegar até cachoeira. No meio do caminho acabei sendo interrompida pelo cheiro que não saiu da minha cabeça por duas semanas inteiras, o cheiro do meu companheiro que me levou a relaxar e ficar tensa ao mesmo tempo, isso por consegui finalmente sentir seu cheiro novamente e porque eu teria de vê-lo. Devagar, fui para trás de uma árvore, me vestindo e saindo em busca do cheiro.
— Jessie. — Ouvi a voz rouca do Alpha Black a centímetros de meu ouvido. Saltei com o susto e virei para olhar para o deus grego... Mas que droga eu estou pensando? Foco! Talvez isso fosse consequência do meu isolamento semanal.
— Alpha Black. — Sussurrei olhando para os meus pés, e lá estava o meu "eu" tímida, como sempre nas horas mais inoportunas.
— Por favor, chame-me apenas de Eric. — Olhei-o nos olhos, procurando saber se era seguro fazer isso, mas vi a mesma dor de quando o rejeitei se fazer presente.
— Desculpe-me. — Pedi novamente, a culpa estava lá me assombrando toda vez que iria olhar para ele. Sua expressão imediata foi de confusão e assim continuei... — Por ter te rejeitado da forma que fiz.
— Estava só assustada e com medo por ser eu o seu companheiro e alma gêmea para toda a vida. — Deu um sorriso que pôde perceber ser irônico. — Qualquer um faria isso.
— Exatamente, mas eu não sou qualquer um, eu sou sua companheira e não deveria ter feito isso da forma que fiz sem lhe dar nem mesmo uma chance de falar. — Digo em um suspiro.
— Você quer dizer que vai me dar uma chance para pelo menos deixar eu te mostrar quem sou? — Disse com um sorriso estampado no rosto.
— Talvez.
— Sim ou não?
— Sim.
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Devidamente editado. hihi
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Meu Querido Companheiro
WerewolfAcordei sentindo um cheiro distante e suave, madeira molhada e chocolate, era tão perfeito que me levantei a força da cama para ir atrás do mesmo, não importa o que fosse, queria sentir mais. A cada passo que dava adentrava mais a floresta e sentia...