A casa velha

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Estava em pânico, tudo poderia acabar agora! Ainda estava largada na rua com o rosto coberto por minhas mãos, apenas esperando o tatuadão acabar com minha vida.

─Está tudo bem? ─Uma voz suave perguntava. Será que já morri e estou no céu?

Descobri meu rosto e vi refletido pelo sol olhos tão azuis que pareciam uma piscina... Nossa, o céu tem anjos tão gatos... ─Fechei os olhos lentamente e não me lembro de mais nada.

Algumas horas depois...

Acordei zonza, e sentia uma dor de cabeça horrivel, coloquei a mão e estava enfaixada. Onde eu estava? ─Me levantei aos poucos e vi diante de algumas paredes velhas e descascadas, alguns poucos móveis, a iluminação quase não tinha. E pelo que parecia, eu estava em uma cama de solteiro e nada confortável.

Acho que o céu está precisando de uma reforma

Me levantei e andei devagar. A porta estava encostava, então apenas peguei na maçaneta e abri lentamente, com medo que alguém ainda estivesse ali.

Logo me deparei com uma escada velha de madeira, que descia para uma espécie de sala. A cada passo que eu dava, a escada rangia, me desmascarando caso alguém estivesse por perto.

Eu poderia gritar um "olá?" como nos filmes de terror, mas as garotas sempre se dão mal depois. Então apenas continuei andando, e cheguei a tal sala, com uma cozinha ao lado. Estava muito escuro, quando fui procurar por algum interruptor...a porta da sala abriu antes que eu pudesse ligar a luz.

─FICA LONGE DE MIM! ─arremessei a primeira coisa que encontrei em cima da mesa na pessoa que abriu a porta, mesmo sem eu conseguir ver quem era, por causa da escuridão.

─Ai! ─Ouvi a mesma voz de antes ─Qual o seu problema garota? ─Antes que eu pudesse correr, o ser misterioso ligou a luz, revelando-se.

Adivinha? Sim, era o alien idiota.

─Ai caramba, sua cara ta sangrando! ─apontei pra ele, e vi no chão o que eu havia jogado, uma tesoura de ponta!

─Ah, jura? ─falou irônico, com a mão no rosto. Pude ver o sangue escorrendo entre seus dedos. Ai meu deus! Ele ta morrendo!

─Calma! Não morre ainda! ─fui na pia, e peguei um pano que achei. Molhei na torneira e fui direto colocar no seu rosto.

─Ei, espera, vai com calma! ─Ele alterou o tom de voz quando coloquei o pano molhado no corte.

─Não grita comigo! ─soquei sua cara me sentindo ofendida. ─Ai meu deus! Foi mal aí... ─O sangramento só aumentava. Então ele se afastou de mim, e foi na pia lavar o rosto.

Eu me sentia super culpada por ter quase matado um cara. Mas espera, a culpa foi dele! Eu não estaria aqui se ele não fosse tão nerd a ponto da escola indicá-lo para me ensinar!

─O que eu estou fazendo aqui? ─Perguntei enquanto ele ainda lavava o rosto.

--Eu quem pergunto. Por que decidiu vir ciscar na minha rua? --Ele estava me chamando de galinha, é isso?

─Olha aqui seu... ─Ele virou-se na minha direção, me encarando com aquele olhar profundo. E logo desviou e foi até o armário, abrindo a gaveta e pegando uma caixa de curativos.

─Por quê você está aqui? ─Perguntou, pegando um curativo e colocando sobre o corte em seu rosto.

─Você prometeu me ensinar, e como não tinha contato, a Sandy me passou seu endereço. Aliás, que droga de lugar é esse? ─Apontei para a parede velha e descascada da casa.

─Não podia apenas me ligar? ─Ele tirou o casaco com o capuz que cobria parte do seu rosto, e ficou apenas com uma camiseta, e os cabelos loiros bagunçados a mostra.

─Não muda de assunto! Ei espera, onde está indo? ─Ele subia as escadas do quarto sem olhar para trás. ─Quero que venha me ensinar agora!

─Minha casa, minhas regras. Você fica me esperando aí, vou tomar um banho, e quem sabe eu te ajude em algo, intrusa. ─Ele apenas disse e subiu.

Como assim intrusa? Ele que me trouxe pra essa casa idiota. ─Me levantei da cadeira e fui ver o que tinha por ali, até que achei um porta-retrato com uma foto de duas crianças de mãos dadas, sorridentes.

Quem são eles...?

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Aquele cara nerdOnde histórias criam vida. Descubra agora