Realidade

7.2K 407 28
                                    

Acordei aos poucos e vi que Herick não estava mais ali deitado. Acabei caindo no sono depois dele ter dormido. ─Peguei o celular e ainda eram 19:00. ─Rolei na cama para o lado que ele estava deitado, e senti seu cheiro sobre o edredom. ─Arrepiei na mesma hora. 

O que está acontecendo comigo?

Saí da cama, para afastar seu cheiro e pensamentos da minha cabeça. Fui pegar meu celular que estava na mesinha ao lado da cama, e vi um pedaço de papel sobrado sobre meu celular. ─Peguei e abri.

"Estava um pouco atrasado para um compromisso hoje a noite. Gostaria de te explicar sobre o mal-entendido quando você ligou outro dia. Mas depois te explico melhor. 
-Herick
Ps: Não me ligue"

Aquele bilhete me fez lembrar da garota que atendeu a ligação quando eu havia ligado. Eu falei para mim mesma que não me importaria mais com o que aquele alien idiota fizesse. Mas não podia negar que isso me incomodava de alguma maneira. 

Peguei meu livro e tentei revisar a matéria para a última prova que seria na quarta-feira. Eu precisava tirar uma boa nota se eu não quisesse repetir de ano, e por incrível que pareça eu estava conseguindo entender tudo. Graças a ajuda de Herick nas últimas vezes que estudamos na escola e na casa dele.

....

♪ ♫ ♪ ♫ ♪ ♫ ♪ ♫ ♪ ♫ ♪ ─Meu celular está tocando, e notei que já era de manhã.

Incrível minha habilidade de dormir enquanto estudo, deve ser por isso que nunca consigo notas tão altas.

─Alô ... ─Atendo o celular meio embargada de sono.

─Filha, desculpa ter ido embora no dia seguinte para a França. Nem consegui me despedir de você, meu amor. Não liguei antes porque estava com um tempo corrido. ─Minha mãe liga em pleno domingo de manhã.

─Ah... ─Lembrei que eu poderia perguntar algo sobre o alien para ela, já que ela sabia de sua existência. ─Mãe, por que o papai conhece o irmão da Sandy?

─Você conheceu ele? Um amor de pessoa, né? ─Ela foge do assunto.

─Mamãe, me diz.. 

─...Seu pai e o padrasto de Herick tiveram uma briga séria anos atrás. ─Ela disse meio receosa.

─O padrasto?

─Sim, o homem que a mãe de Herick  se casou. ─Ela continuou ─Na verdade, aquele sujeito era máu-caráter, e deu um golpe em nossa família, aproveitando-se da amizade que você e o filho dele tinham. E desde então, seu pai odeia tanto ele quando Herick, que na minha opinião, não teve nada a ver com isso, já que ele só tinha 6 anos de idade.

Estava surpresa.. Como  o padrasto do alien podia fazer isso?

─Você e a mãe da Sandy são amigas. Nunca contou que o marido dela a traiu? ─Perguntei indignada.

─Filha, ela é minha amiga, eu não podia simplesmente contar algo assim. Então ela sempre pensou que Herick fosse apenas um amigo de infância da Sandy. 

─Mas a Sandy sabe que ele é o irmão dela.

─Sim, eu contei para ela. Achei que seria o mais justo. ─Ainda estava surpresa. ─Tente não ficar tão próxima dele, pois seu pai não gosta dele, nem o de Sandy. Tudo bem?

─Tudo bem.. ─Disse, já sabendo que eu não iria me manter afastada dele, enquanto não descobrir tudo a seu respeito, que me encluia também!

─Vou desligar aqui, filha. Estou um pouco ocupada. Beijos amor, mamãe te ama! ─Minha mãe disse com aquelas frases cafonas que ela sempre diz, e desligou.

Então pelo que tudo indicava, eu era amiga de Herick a anos atrás. Então quer dizer que... aquela foto no porta-retrato da casa dele era ele e eu...? ─Sentei na cama, tentando assimilar as coisas ─Então eu já o conhecia a anos atrás? 

Me levantei da cama, peguei minha bolsa e saí. Eu tinha que saber o que tudo aquilo significava. ─Chamei meu motorista e pedi para que me levasse ao endereço que dei. O endereço onde Herick mora. ─Dyllan deu a partida e fomos para o endereço indicado.

Chegando lá. desci do carro e pedi para que viesse quando eu ligasse. Ele assentiu e foi embora. ─Olhei para a rua e avistei a casa de Herick que era bem perto de onde meu motorista havia nos deixado. ─Andei todo o percurso a pé e chegando na frente de sua casa, velha como antes, toquei a campainha.

E nenhum sinal do idiota.

Toquei mais uma vez, e me assustei quando Herick abriu a porta COM UM OLHO ROXO!

─O que aconteceu?! ─Perguntei assustada olhando seu rosto.

─Estava conversando com seu pai, quando algum segurança dele me acertou. ─Ele disse apontando para seu olho.

─Ai meu deus! Meu pai fez isso? Onde você o encontrou? Por que foi falar com ele? ─Já estava apreensiva com toda aquela situação. Mas ele não disse nada.

─Não quer entrar? Então vou fechar a porta e você fique aí fora. ─Ele disse, já fechado a porta, quando eu impedi, entrando depressa.

─Ei! Não precisava quase me trancar do lado de fora! ─Resmunguei.

─Você fala demais... ─Me ignorou e saiu andando para a sala, sentando-se em um sofá e apontando com a cabeça para o outro, para que eu me sentasse também. ─E então, o que veio fazer aqui, garotinha da realeza? 

─Não, primeiro me conta por que você foi falar com meu pai. ─Disse já me sentando e cruzando os braços.

─Fui me desculpar por alguns acasos no passado. Acho que ele não foi muito com minha cara quando chamou os seguranças... ─Deu um sorriso de lado, irônico. ─No final ele me perdoo já que não era um erro meu. 

─Com um soco? ─Disse horrorizada.

─Sim, talvez.

Me levantei e peguei o porta-retrato com a foto das duas crianças de mãos dadas, e mostrei para ele. 

─Somos nós...? 

─Sim... ─Respondeu ainda sério.

─Foi por isso que você foi falar com meu pai né? Você já me conhecia... Por que nunca me disse? ─Falei de pé com o porta-retrato na mão.

─Não faria diferença se você soubesse

─Mas para mim faz! Me conta o que houve, eu quero saber de tudo! ─Aumentei um pouco a voz

─O que exatamente seria esse "tudo" ?  ─Olhou para mim.

─Sua história... ─Olhei de volta para ele. 

Herick suspirou fundo e olhou para o chão, e então se levantou do sofá e segurou minha mão e foi em direção as escadas me puxando.

─EI! O QUE ESTÁ FAZENDO? PARA ONDE ESTÁ ME LEVANDO?? ─Gritei sendo puxada e tentando não cair nos degraus.

─Você não queria saber tudo? Eu vou te mostrar então tudo. ─Falou com um ar seco em sua voz me puxando, sem olhar para trás. 

Chegamos ao topo da escada, e então ele me puxou para uma porta, logo depois da porta do quarto da mãe dele. E abriu-a, entrando junto comigo.

O quarto era do mesmo tamanho que o outro, porém tinha uma cama de solteiro apenas. O que mais me surpreendeu foi a quantidade de abajures que tinha pelo quarto. Tinha na mesinha de canto da cama, nas paredes, algumas no chão e pela janela. ─Dei alguns passos e vi na parede alguns desenhos parecidos que foram feitos por uma criança. Um deles tinha duas crianças de mãos dadas, escrito: "eu e minha irmãzinha". Outro com uma mulher segurada na mão de uma criança escrito: "mamãe, não me deixa".

...

O que significava aquilo?

~~~~~~~*~~~~~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~~~~~~~~~~*~~~~~~~~~~~~~~~~  

Aquele cara nerdOnde histórias criam vida. Descubra agora