Obscuro

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Podemos sentir quando algo inesperado mexe com você. A culpa te persegue, os sonhos acabam. Simplesmente acabam.

─Eu sei, vou resolver tudo.

─Sim, ela precisa de nós...

Ouço vozes, porém ainda pareço estar totalmente submersa em um mundo irrealístico em tons de branco. Realmente não consigo mais distinguir a realidade da ficção. 

Engraçado, tudo que posso fazer é observar. Meus membros não respondem e simplesmente escuto pessoas conversando, e nem ao menos sou capaz de reconhecê-las.

─Parece que ela está tendo algum avanço. ─A voz fica mais perceptível.

Tento focar em alguma delas. Em vão. Então decido apenas deixar tudo como está. 

─Ela não pode saber sobre isso.

─Por favor, tente não comentar o assunto perto dela. 

As vozes continuam irregulares, mas sinto que os conheço. Sobre o que estão falando? 

─Simplesmente mantenha tudo como está. 

Aos poucos minha visão começou a formar leves contornos, e assumir formas. ─E pelo que pude ver, haviam três pessoas na sala. Mas antes que eu tentasse reconhecer alguém, fingi estar dormindo para que eu pudesse ouvir o que queriam manter em segredo.

─vamos lá para fora comer alguma coisa. 

─Quando ela acordar, eu os aviso. Irei visitar outros pacientes agora, então eu os levarei até a área térrea do hospital. Queiram me acompanhar. 

O som da porta se fechando foi um sinal para que eu tornasse a abrir os olhos e notar que a visão estava um pouco turva, mas eu conseguia enxergar.  ─Levantei-me da cama, e ainda estava presa por alguns fios de soro pelo braço.  Não hesitei em puxa-los.

Sai na ponta dos pés daquele quarto branco e doentio, e caminhei ate a porta verificando se não havia ninguém ali. ─Uma enfermeira passa próximo ao meu quarto, e me escondo em um vão entre duas paredes antes que ela note minha presença. Quando ela finalmente sai, acelero a caminhada e procuro de quarto em quarto, abrindo grosseiramente as portas, não me importando com qualquer outro paciente.

Meu desespero só aumenta quando aos poucos vou dando por si de que ele não estava em nenhum dos quartos de todos os andares que fui.

Porém, tinham dois setores que ainda não tinha ido. O setor cirúrgico... e o necrotério.  ─Meu corpo se arrepia ao pensar nisso.

Corri para o último andar onde ficava a ala emergencial, e haviam alguns médicos pelos corredores. Ignorei-os e peguei as fichas dos pacientes que estavam em um mural na parede. ─Procurei por todos os nomes, e o máximo que achei parecido com o nome Herick, era Henry.

Inconformada, passei pelo corredor e chequei todas as janelas de vidro dos quartos, e nem sinal do alien.

Ah... como eu queria que isso fosse apenas um sonho idiota e que eu acordasse ao seu lado. Como me arrependo de ter sido uma idiota... ─Sento em uma cadeira que havia no corredor, e abraço minhas pernas, apoiando minha cabeça em meus joelhos.

Eu realmente não sabia mais o que fazer. Onde será que ele estava? Eu também não havia achado meus pais ou qualquer conhecido que estava no incidente. Não havia sinais de ninguém por ali, além de médicos e enfermeiros. 

Respirei fundo e levantei a cabeça. Havia mais um lugar que eu não havia checado. ─Respirei fundo ─E eu não queria checar. Simplesmente me recusava a acreditar que o fio de esperança que restava em achá-lo seria naquele lugar. Morto.

Levantei-me da cadeira e andei em passos curtos em direção ao elevador e entrei. Apertei o botão que levava ao subsolo do hospital. A cada andar que descia, meu coração acelerava mais e mais. ─O sinal apita indicando que havia chegado no andar, e saio do elevador.

O corredor estava escuro, apenas com alguns vestígios de luz nas paredes, que insistiam em piscar,  aparentando que a qualquer hora apagariam. ─Estava tremendo. Não sei se por motivos do lugar me dar nos nervos, ou pelo fato de não querer achar o que vim procurar. ─Haviam algumas portas ao fundo do corredor, fui em direção as mesmas. Abri a primeira no caminho.

O grunhido que a porta fez me deu um arrepio na espinha. Estava tudo escuro, então acendi as luzes no interruptor no canto esquerdo. ─As luzes acenderam rapidamente, e a imagem que vi me paralisou.

Haviam algumas pessoas deitadas em macas cobertas com uma espécie de lençol azul. ─Fui perto da maca, e segurei a ponta do lençol, e ainda tremendo, puxei-o descobrindo a cabeça.

Meu corpo gelou quando vi uma cabeça deformada sem a metade da pele recoberta, e havia sangue escorrendo nas laterais. ─cai para trás e quando pensei em gritar e sair de lá correndo o mais rápido que pudesse, até que alguém abriu a porta do quarto.

─Quem é você e o que faz aqui? ─Um médico falou surpreso ao ver alguém naquela sala.

─Desculpe,  eu estava procurando uma pessoa... o senhor pode me ajudar? Ele se chama Herick Willians ─Fui direta na intenção de arrancar alguma informação que ele soubesse.

─Acho que vi alguém com esse mesmo nome... ─Colocou a mão no queixo pensativo. ─Se não me engano, ele foi transferido de hospital, por ser maior e com mais recursos.

─Como assim? Mais recursos por quê? ─Perguntei assustada com o que poderia ter acontecido.

─Para cirurgias emergenciais. Encaminham em casos muito graves. No caso dele por exemplo.  ─Respondeu.

Permaneci estática. Não sabia se corria, se gritava, se ficava... meu mundo estava ali. Destruído ou não por mais um fio de esperança que acabou de se formar.

.....

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E mais uma vez demorei para postar o capítulo :/ 

Estava dando prioridade para os trabalhos da faculdade. 

Mas enfim, irei postar aqui regularmente, até porque são últimos capítulos e não irei deixá-los na mão.

Desculpa mais uma vez a demora T_T'  Vou postar mais rápido! 

Beijoos gente ;)

E não me matem pf kkk'  

Aquele cara nerdOnde histórias criam vida. Descubra agora