𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐅𝐋𝐎𝐖𝐄𝐑𝐒 | woosan

フラワータウン; 02

Seu pai tinha razão.

O talento era inato, embora seus primeiros desenhos parecessem bastante bruscos, à medida que o tempo passava foi os polindo, tornando-os em peças bonitas e irrepetíveis.

Foi aos seus 22 anos quando San viu pela primeira vez o objeto de seu desejo e inspiração. Sentiu como se tivesse sido jogado no mar mais profundo do planeta com uma imensa pedra amarrada nos tornozelos, sendo gradualmente engolido por um olhar sombrio e intenso. Uma que se escondia silenciosamente em uma parte da mesma okiya que visitou com seu pai aos onze anos.

Não foi exatamente como imaginou que seria, nem com quem.

Em contraste, se encontrou pensando em uns cabelos curtos e pretos como a noite, olhos examinadores e cautelosos, feições perfeitas e uma pele macia. Era um homem, o mais bonito que havia visto em todos os curtos anos em que pisara a terra. Ele era esteticamente perfeito e chegou a pensar que era um taikomochi, trabalhando em casas de chá e acompanhando as gueixas de sua okiya.

Sua delicadeza ao se mover era digna de alguém criado entre mulheres graciosas e não duvidava dos segredos mais doces e ardentes escondidos sob sua pele.

San estava completamente apaixonado.

Não olhou para mais ninguém. Sabia que era errado sentir algo semelhante, que eles eram homens e que isso era total aberração. Mas o rosto suave do garoto sem nome o seguia em seus sonhos, beijava-o com seus lábios de pétalas de cereja e sussurrava coisas proibidas em seu ouvido.

Seu amor silencioso foi florescendo em quimonos, em cores e formas, em bordados e texturas. Era a única maneira de manter esse sentimento em seu coração sem destruí-lo.

Secretamente, trabalhou em um quimono especial, com cores suaves e fios dourados, levando mais tempo do que costumava para detalha-lo perfeitamente, cobrindo-o para o inverno frio que estava prestes a chegar. Apesar de saber que não iria o entregar, se permitiu fantasiar sobre a oportunidade de falar com ele e vê-lo usá-lo.