フラワータウン; 03

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Era uma noite chuvosa, enquanto voltava para casa, que viu uma figura em pé no meio do caminho, o guarda-chuva se encontrava jogado no chão e o garoto completamente ensopado, parecendo ausente em seus pensamentos.

Seu coração o reconheceu depois de alguns segundos, enquanto se aproximava cada vez mais. As gueixas passavam junto com os maikos segurando seus guarda-chuvas para que seus quimonos coloridos não fossem afetados pelo clima, ninguém sequer parou para olha-lo, era como uma peça invisível naquele mundo.

Como poderia ser assim com a beleza que possuía?

Quando chegou perto o suficiente, San estendeu o guarda-chuva sobre a cabeça do corpo oposto, protegendo-o da água que caía precipitadamente do céu.

O garoto ficou surpreso, provavelmente pensando que ninguém jamais notaria sua presença naquela rua graças às belas mulheres que se moviam com sorrisos discretos e olhos sedutores. Mas havia um estranho estendendo o guarda-chuva enquanto se molhava na chuva. E ele não sabia o que dizer.

Assim como quando ele era pequeno e perdeu a mãe, ele não sabia como responder a um pequeno gesto de bondade por uma ignorância desconhecida. No okiya, era um otokosu simples, alguém que estava lá apenas para manter o lugar em ordem e ajudar a maiko e a geiko com seus vestidos. Daria uma vida inteira para que sua progenitora não tivesse o abandonado em um lugar como aquele, tão longe de sua casa, atravessando um mar inteiro.

- Você deve ter cuidado, pode pegar um resfriado - foram as gentis palavras do estranho enquanto ele lhe dava um sorriso deslumbrante.

Ele assentiu devagar, curvando-se para pegar o guarda-chuva e dizendo um pequeno obrigado que foi correspondido com outro belo sorriso.

- Você mora no okiya de Utagawa-san, certo? No distrito de Gion - o que pretendia ser uma pergunta, nos lábios de San se tornou uma afirmação bastante precisa.

O garoto assentiu enquanto começaram a andar lentamente.

Deveria voltar logo para o okiya e continuar com suas tarefas enquanto esperava a gueixa voltar de seus deveres. Certamente reconheceu o jovem como aquele que costumava deixar lindos quimonos no okaasan, ele mesmo havia ajudado a vestir parte da filha da dona do okiya. Os detalhes eram maravilhosos.

Ele próprio, na escuridão da noite, costumava tirá-los das caixas para admirá-los por minutos inteiros, tocando-os, tentando não esquecer de nada. Era extremamente cuidadoso para não deixar vestígios de suas brincadeiras. Várias vezes havia pensado em fugir daquele lugar, com um quimono como aqueles poderia pagar uma viagem inteira à Coréia, onde pertencia.

Mas era medroso.

E fraco.

- Qual o seu nome? - perguntou o contrário, totalmente curioso. - Seu nome verdadeiro.

Olhou ao seu lado, onde o garoto que não tirou olhos dele se encontrava. Seu nome verdadeiro? Aquele que sua mãe fugitiva lhe deu ou a que okaasan do okiya lhe deu? Não importava de quem fosse, seu nome não passava de um simples conjunto de letras vindas de pessoas que não se importavam.

Ele se deu um nome, cujas raízes não conhecia.

- Wooyoung

Foi um sussurro, mas os ouvidos do oposto estavam tão abertos à resposta que era quase como se ele tivesse gritado.

- Oh, é um nome estrangeiro.

Acenou chegando em hanamachi no distrito de Gion, observando a distância a okiya de onde ele queria fugir. Seus pés pararam novamente, e ali estava o desejo de sair correndo. Se fosse mais corajoso pediria a esse estranho que o ajudasse, que queria uma vida além de ajudar a usar quimonos e ficar na grande casa.

- Vejo você outro dia.

Não se virou, sabia que o homem estava caminhando na direção oposta à sua casa, longe da rua das flores.

𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐅𝐋𝐎𝐖𝐄𝐑𝐒 | woosanOnde histórias criam vida. Descubra agora