Capítulo 2

110 31 240
                                    

— Me falem o que está havendo senhora Eduarda ?

Respirei fundo antes de continuar minha explicação ao doutor, meu celular vibrou em minha cintura e apenas ignorei com ar pesado.

— Estou atrasada já faz uns meses... — falei duvidosa — e nesses últimos dias estou mole e cansada sabe..

— Só não entendo porque demorou todo esse tempo para vir fazer os exames — ele me olhou desconfiado e sorriu — já sei fez teste de farmácia e deu negativo acertei ? — respondo que sim com o movimento da cabeça — vou pedir para que faça o exame beta.

— Ok quanto mais rápido for melhor.

Olho para a minha amiga que está apreensiva, aceito fazer mais um teste de gravidez que já dá o resultado na hora, estou grávida…, meu corpo começou a ficar mole e fiquei pálida apenas pude abraçar a morena que estava ao meu lado, e segurando o meu rosto secou minhas lágrimas.

— Parabéns futura mamãe — ambas as pessoas me disseram juntas — agora você vai ter que repousar um pouco e vou te passar uns comprimidos que contém vitaminas.

*******

Ao sair do hospital fomos direto pro shopping, passamos em uma loja que vende produtos para bebês e ficamos pesquisando preços, queria fazer de Carllos o homem mais feliz do mundo mesmo que o desconhecido não saísse da minha mente, avisando de uma forma mais clichê do mundo comprei um sapatinho na cor branca com tom azulado, e uma chupeta, logo seguida fui comer no restaurante mais barato que havia ali o Giraffas, sim esse é o mais barato nem queria saber vocês o mais caro.

— Mag estou morrendo de medo você não tem noção, se ele não aceitar a notícia ou…

— Calma meu amor, vai dá tudo certo, você vai ver.

— Espero que você esteja certa, não quero nem pensar em ter que matar essa criança.

A comida deles realmente é uma delícia, sem contar que eles colocam verduras em tudo mesmo que eu ache ruim eu comi pois a estética estava perfeita.
Super recomendo mesmo que eles não estejam me pagando para essa propaganda super apoio.

— Vamos ?

— Claro.

Pegamos as nossas coisas e fomos pro carro, coloquei uma música e tocou nove meses de Bárbara Dias, ao meio da música percebo que já estou chegando em casa peço para Mag estacionar o carro e o encaro, o desconhecido estava com uma blusa polo verde e uma calça jeans seus cabelos compridos voavam ao vento, logo seguida ela retoma o caminho chegando ao meu portão.

— Deveria ir falar com ele, você sabe que sim e não me contrarie.

— Vou fazer isso não, bom vou entrar beijos amiga.

— outros.

******

Carllos como sempre me esperando com seu maxilar contraído e seus músculos para fora, olho para ele com cara de indignação e comecei a colocar as coisas sobre a mesa.

— O que é isso ? — falou curioso.

— Hoje fui no médico — falei enquanto pegava uma folha e uma caneta — não queria dizer dessa forma corrida mas parabéns.

— Pelo que ? — sua pose durona se desfez aos poucos.

— Leia e abra essa pequena caixa.

Assim fez, abriu a caixinha e ficou sério e me pediu para que explicasse e disse tudo mas tudo mesmo em mínimos detalhes para ele, senti meu rosto esquentar e meu braço sendo apertado com força.

— Me solte Carllos, você está me machucando, tire suas mãos de mim — ordenei enquanto fitava o mesmo.

— Não, eu sei que não é meu, e mesmo que fosse eu não quero e tô falando sério, vou te dar mais três dias para tirar essa criança…

— Mas é seu filho criatura, você não pode me pedir uma coisas dessas

— Três dias. Ou você tira ou você sabe..

Me jogou no sofá com força que pude senti uma dor enorme, mas nada se compara a dor do coração, a dor em ter que retirar o bebê, uma vida de dentro de mim, me ajeitei no sofá e comecei a chorar, pedindo para Deus uma solução, não sou religiosa nem nada mas creio nele e sei que ele vai salvar a vida de um inocente, uma criança que não tem culpa pelo que estou passando, e sei também que não faz acepção de pessoas.

Antes que fosse tarde me recomponho e faço o jantar, arrumei a mesa e andei em direção ao quarto, onde chamei Carllos para comer e deitei sentindo dores pelo corpo.

******

Dias depois

— Diga-me você abortou ou não ?

— Claro que não Carllos, a criança não tem culpa dos nossos atos querido, pegue você e as suas coisas e saia.

— Sabe pra onde vou sair ? Pra cima de você.

Comecei a gritar e pedir por ajuda mas o mesmo tampou minha boca e começou a abusar de forma grotesca e nojenta, cada vez que me alisava eu sentia dor e orava mentalmente pelo meu filho que iria nascer em breve. Começo uma briga com Carllos e começo a me rebelar contra o homem, corro de seus braços e fujo pela calçada, trombo com alguém que rapidamente me puxa.

— Por...favor me ajuda — falei ofegante — meu marido, ele quer… — olho para trás e o vejo e engulo minhas palavras e começo a correr pelas ruas pedindo por socorro.

Encontro uma rua sem saida e me escondo e quando vejo o mesmo passando reto me retiro do abrigo e volto a conversar com o moço que tinham parado antes para me escutar.

— Você ? — me pergunta surpreso — que aconteceu ? Entra parece que temos bastante coisa para conversar...

À primeira vistaOnde histórias criam vida. Descubra agora