Dozentos Dias Sem Ela

|Como eu cheguei em você|

Como Cheguei Em Você |

Era sábado e as vezes em finais de semanas eu costumava sair com frederick e outros amigos da livraria, como lugares aleatórios. Mas aquele dia todos queriam ir a balada perto de casa.

- Você acha que tá legal assim?- Frederick perguntou olhando-se no espelho e mexendo no cabelo, olhou pra mim a espera de minha resposta.-

- Ta daora cara.- sorri.- nada mau.

Eu estava na casa de Frederick desde manhã, ficamos jogando video game e assistindo filmes praticamente o dia inteiro.

Olhei o celular e os amigos da livraria tinham mandado uma mensagem recente de que estavam chegando em casa para nos buscar de carro.
Eles chegaram e fomos até lá.

Bebi uma garrafa inteira de whisky, pra mim essas coisas sempre precisam de um exagero. Eu bebia pra esquecer de tudo que me fazia sentir mau só de lembrar e também pra fazer tudo que eu menos tinha coragem se estivesse sóbrio.
Pegar várias pessoas, alguns tinham orgulho disso. Eu sempre achei superficial por ser tão passageiro e sem sal.

- Cara, não vai vim dançar aqui não?- gritou frederick de longe pelo barulho que estava da música, estava dançando com uma garota.-

- Não, vou ficar um pouco aqui, mano.- gritei também, fazendo um joinha com a mão. Eu estava quase vomitando de tanto que tinha bebido.-

Fiquei um pouco parado e sentado no canto, resolvi ir ao banheiro e sem querer esbarrei com uma garota, ela estava de costas.
Ela virou-se pra mim e eu tive um susto.

Era Naomi, a garota do ônibus.

- Desculpa...- disse olhando fixamente em seus olhos, não parecia real.

- Foi nada...Você parece familiar. - disse ela me olhando de cima a baixo.

Nunca tinha percebido antes o quão ela era baixa.

- É... Você pega o meu mesmo ônibus ...- Disse colocando a mão na nuca, estava tímido, dava a perceber pelo meus batimentos aumentados e as mãos soando. mesmo depois de ter bebido, ela era a única que conseguia fazer isso.-

Fomos a uma praça ali perto, queríamos ficar um pouco longe do barulho, ela se deitou na grama e colocou um cantinho do vale do lado e ficou olhando para o céu, e me viam várias perguntas a cabeça do tipo "será que eu deito ao lado dela?" "O que será que eu falo?" "Será que ela vai me achar estranho?".

Ela olha pra mim e sorri ao me ver perdido de pé ao seu lado.

- Deita aqui, idiota.- diz ela batendo a mão no chão ao seu lado para eu deitar também.-

Deitei-me ao seu lado e fiquei de frente para o céu.

Começamos a rir de repente, não estávamos muito "bem" aquela noite, quando me deparei entramos em um assunto totalmente nada a ver, ficamos horas trocando idéias sobre conspirações e teorias, e depois sobre como gato e cachorro eram diferentes um do outro ou sobre como era engraçado na vida tudo dar errado para nós dois. E a intimidade era tão grande que parecíamos amigos que se conheciam á várias décadas. Rimos e nos divertimos e achei que seria mais provável contar uma piada e ela não rir ou me achar estranho pelas perguntas frequentes que vêem a minha cabeça como: "Quando inventaram o relógio, como sabiam que o horário tava certo quando foram concerta-lo?"

E ela respondeu.

- Se o amor é cego, como existe amor á primeira vista?- ela parou e refletiu por um momento e depois sorriu.

- Acho que existe uma resposta pra isso.- digo, ela me olha curiosa esperando uma resposta. A gente se olha por alguns segundos, e notei aquele dia que não a resistia de jeito nenhum.
E eu a beijei.

Ela vai me bater por isso.

Mas não, ela me beijou de volta, e que puta beijo bom.

Por algumas horas pensei estar sonhando pois eu sentia algo, e por muito tempo eu tinha deixado de sentir
Apenas parecer estar morto por dentro.

E ela era um mistério desde o início.

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