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P. O. V

Macarena

A vejo partir e subo correndo para o condomínio. O telefone toca, pela milésima vez. Sorrio. Devia ser Alejandra. Mas era Santiago disse que viria me buscar as 13h. Expliquei que as ruas estavam lotadas, tentando me livrar da responsabilidade de ir nesse almoço. Não consegui.

Horas mais tarde na casa da família Achaga's...

Vejo ao longe minha querida mãe Soledad, que se levantou do sofá da varanda assim que me viu, e depois Santi que havia acabado de achar sua namorada Margô jogando sinuca com uma moça que não reconheci de cara, mas que simpatizei.

- Onde está meu pai? - pergunto, enquanto recebo seu carinho de mãe e adentro ao meu antigo lar. A escuto suspirar. Eles, definitivamente não mantinham um bom relacionamento, desde que me assumi, digamos assim pra Deus e o mundo, vi aos poucos minha família se despedaçar. Eles haviam se divorciado e moravam em casas separadas há um tempo. Compartilhavam de ideias opostas. As vezes me perguntava se era tudo culpa minha ou se cada um tinha uma parcela.

- Ele não vem hoje. - Ela disse com a testa vincada e uma expressão difícil.

- Tudo bem, mãe - Tentei sorrir. A confortando

- Quem é ela? - Apontei com a cabeça.- Assim que a mencionei a moça virou o olhar para nossa direção.

- É a prima da Margô, querida. O nome dela é...- Nesse momento arregalo os olhos para minha mãe.

- Acho que sei quem é. - A interrompo. Definitivamente eu sabia. Vejo minha mãe a chamando

A conheci por causa da namorada de Santi. Foi com ela que descobri que gostava de meninas. Senti meu rosto ficar quente. Imagens me vieram a mente. E o terror também. Será que ela havia mantido segredo sobre nós? Que me importava... Todos já sabiam sobre mim. Mas e sobre ela?

- Oi? Se lembra de mim?- diz Alice me estendendo a mão. A cumprimento. E o que era um aperto de mãos vira um abraço, um tanto apertado. Sorrio com os olhos.

- Tudo bem Alice?

Nos afastamos e depois de a encarar por longos segundos. Me surpreendo com como ela cresceu. E estava linda.

- Que faz na cidade, alice? - pergunto por curiosidade.
- Na verdade vim pra curtir um pouco. Tirar um descanso do trabalho.
- Hummm isso parece bom. Eu meio que pretendo fazer isso também. - Vejo Santiago lançar um olhar inquisitivo pra mim. Ele sabia que eu não tiraria uma folga nem tão cedo. Por que ele, assim como Alejandra sabia que haviam motivos mais fortes que me fazem permanecer onde estou. Caminho até a mesa de centro. Que estava posta e ornamentada.

Comemos sopa de ervilha de entrada e o típico da culinária argentina, uma porção de bandeja paisa acompanhada de vinho

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Comemos sopa de ervilha de entrada e o típico da culinária argentina, uma porção de bandeja paisa acompanhada de vinho. Fiquei com o estômago pesado


Depois do almoço nos reunimos na sala para vermos um programa. Santi no canto quase durmindo, Margô passando pelos canais entediada e eu e Alice conversando em voz baixa. Conversamos por horas. Não me lembro de sua companhia ser tão agradável. Ela me contava dos seus ultimos anos. Depois de nós perdermos o contato. Falamos dos seus feitos na universidade. Fiquei feliz. Por que ela havia se achado. Em um dado momento da conversa, que não me lembro, ela se debruçou no meu ombro. Me senti estranha. Por que bem que poderia ser outra pessoa ali comigo. O desejo que sentíamos uma pela outra na época de adolescentes... Já tinha se esvaido do meu ser. Hoje, a olhava com respeito.

Santi antes de durmir disse que de noite nos levaria a uma balada famosa que ficava no centro de Monterrey. Ficava até perto da casa de Bárbara. Eu poderia... nossa. Agora eu percebi o que Alejandra vivia me falando. Eu só pensava nela. Era tudo com ela, pra ela e por ela. Precisava de ajuda, não queria viver em função do efeito que ela causava em mim. Por que era mais díficil dizer "não" quando era pra ela. Era mais díficil olhar em seus olhos e não ser sincera. Tudo que eu queria era enxergar uma falha em sua heterossexualidade, algo que abrisse uma brecha. Um cartão verde. Uma passagem pro seu coração. Talvez fosse mais fácil, sumir. E esperar ela sentir minha falta. Mas eu temia ser esquecida. Poderia EU viver com a falta dela?

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P. O. V

Bárbara

E caminhando rumo ao meu apartamento. Vou refletindo. Sempre que me encontrava com Maca me sentia melhor. Até o seu apartamento, lá havia um clima aconchegante. Um ar mais leve. Totalmente diferente das vezes que estive com Gonzalo no seu apartamento. E foram muitas. Nosso relacionamento tinha ficado tão demodê, nunca me senti completa com ele, nem em nível, romântico, nem sexual. Tinhamos de fato perdido a conexão, que não me recordo se um dia tivemos. Depois de nosso ultimo término, me sentia um tanto inutil. Me faltava algo. Talvez não ele em si. Mas ter um relacionamento te imcumbe de responsabilidades e afazeres. Na maioria das vezes recorria a Maca. Minha amiga mais fiel. Amava conversar com ela... me fazia esquecer das coisas ruins, dos problemas da vida. E não é que eu subestime a leitura que madame Eleonora fez em minha mão, eu já havia feito A escolha. Era Macarena. Minha amizade com ela foi a melhor das escolhas.

Entro no meu condomínio e vejo o vigia com um filhote de gato na mão. Pelagem cinza olhos parecidos com o de Maca. Vou direto em sua direção por curiosidade.

- Olá Senõrita Bárbara?
- Oiiie Juan. - digo sorrindo. Faço carinho em seu pêlo mas ele parece assustado. - Esse lindo tem nome?
- Não. Achei ele hoje mais cedo. Quase foi atropelado.
- Posso? - digo estendendo a mão.
- Claro. - diz Juan, simpático.

Olho bem no fundo dos seu olhos felinos. E constato a semelhança.

- Você tem dono? - digo fazendo carinho enquanto ele  ronrona na minha mão. Parecia tão frágil. Depois de um tempo fazendo carinho. Eis que Juan diz:

- Agora parece que tem.
- Jura?
- Sim, não acredito que alguém vá reclamar a veracidade disso. - sorrio enquanto Juan faz sinal de segredo. Subi pro elevador com ele no colo.

O filhote parecia com fome. Dei um banho, ração e descobri que era fêmea. Mas fiquei na dúvida pro nome. Dormi com ela nos meus pés.

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