Até a Última Morte

seven - Jason

Dizem que o tempo chuvoso é ótimo para dormir, porém, ninguém nunca me disse o quão péssimo era para se ir à escola.

Tudo que eu queria naquela manhã era dormir, mas Percy decidiu me perturbar desde o momento que, no dia anterior, disse que iria dormir na minha casa, sem meu consentimento. Péssima ideia.

– Bom dia, Superman Loiro. - ele sorriu abertamente.

– Como consegue estar de bom humor, não são nem 7 horas da manhã! - revirei os olhos e tropecei em seu pé enquanto tentava sair do quarto.

Eu odiava ir para a escola de segundas, de terças e o resto da semana também. Mas infelizmente, precisava passar de ano.

Depois de quase surtar com Percy por comer a última fatia de bolo, finalmente conseguimos sair para a escola. E para minha infelicidade, chovia hoje.

Quando eu era pequeno, minha mãe sempre me dizia para não temer as tempestades. Já que meu pai, Zeus, estava mostrando que me amava. Aquilo só funcionou até meus 10 anos, depois eu cresci, e minha mente infantil percebeu que o Zeus que era meu pai, não era um deus grego, e sim um idiota rico que encontrou uma esposa melhor, mantendo a vida perfeita.

– Ei cara, você tá bem? Parece que vai desmaiar. - Percy gritou bem ao meu lado, ótima maneira de começar o dia.

– Deve ser porque você estourou um vaso sanguíneo do meu tímpano depois desse berro! - ele me empurrou amigavelmente, e apostamos corrida até a escola.

Ninguém chega cedo a escola, nunca mesmo, mas como havíamos corrido demais, chegamos 10 minutos antes do horário. Estávamos suados e acho até que Percy fedia, então encontramos Leo com um dos braços ao redor do pescoço de Calypso.

– Hermanos! Como vão? - Leo sempre usava o espanhol misturado ao inglês, já havíamos nos habituado a troca sem sentindo dos idiomas.

– Leo, pare de falar em espanholino! - Percy tentava misturar línguas também, mas eu não disse que funcionava!

– Espanholino? - Piper riu puxando Annabeth para perto de nós. - Francamente, Percy.

– Bom dia McLean! Espanholino é uma palavra ótima, okay? - Percy, assim como todos nós, também riu.

– Tudo bem cara, mas espanhol com inglês não funciona para você. Não brilha como em mim. - Leo sorriu convencido.

Então o sinal tocou. Chequei meu relógio digital no pulso, mas, ainda era cedo demais para ser o grito estridente que nos avisava quando correr para sala.

– Não pode ser o sinal, ainda faltam 5 minutos. - disse sem convicção.

– Podem ter antecipado. - Annabeth sempre via o lado cético de tudo.

– Não foi o sinal. Alguém gritou. - Piper colocou sua mochila nas costas e caminhou até a quadra.

– Vamos atrás dela! - Annabeth disse como se fosse óbvio demais.

Então ouvimos mais gritos, e naquele momento eu tive certeza que nunca teríamos um dia de paz, um dia como alunos e adolescentes normais.

Ethan Nakamura, o garoto asiático e talvez meio misterioso, se encontrava pálido e um fio de sangue escorria por seu nariz. Essa parte já seria assustadora o suficiente, já que ele parecia um fantasma. Porém notei que além de seu habitual moletom havia também um grande buraco acima do umbigo, o furo não era apenas na rouba, ele atravessava o corpo de Ethan.

O sangue se espalhava por toda sua camiseta, e todos assistiam a cena sem a mínima reação. Um grito seguiu o outro, e uma explosão de falas agitadas aconteceu.

Era óbvio que Ethan estava morto, seus olhos ainda permaneciam arregalados, talvez de medo ou supresa, mas qualquer suspiro de vida já havia o deixado a muito.

Percy segurou meu braço, e apontou algo na parede branca atrás de Ethan.

"Ele não será o último."

Uma frase curta, que assombrou meus pesadelos até o dia de minha morte.

Percy e eu somos amigos a muitos anos, mas naquele dia eu o vi de uma forma diferente. Ele chorou durante uns vinte minutos, depois disso se levantou e disse, acho que mais para si mesmo do que para mim, que iria descobrir quem havia matado Ethan, antes que eu ou ele fossemos os próximos.

No final, ele realmente conseguiu, mas isso ainda custou vidas de muitas pessoas como eu.