Capítulo 31 - Somos Feitos Da Mesma Matéria Que Nossos Sonhos - Parte Dois

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Quando finalmente chegou onde Titânia/Momo repousava, depois de contemplar a vista, parou por uns instantes para observar o lindo cenário: uma porção de fadas terminava nesse momento de dançar e voar no céu repleto de estrelas. Em outro canto, um grupo tecia coroas de flores. Pairando pelo ar, várias delas tinham em mãos pequenas lanternas, que piscavam como vaga-lumes. E todas se posicionavam para cantarolar em harmonia canções de ninar para sua majestade, assim que acabassem de cumprir as ordens que a rainha lhes propusera:

- Limpem o terreno para que eu possa descansar ali! Exijo paz nesse meio tempo, não quero inseto algum vagando por perto! Avisem os camaleões, lagartos e serpentes para não se aproximarem daqui! Pretendo ter uma excelente noite de sono. Peçam à coruja para piar noutro lugar! Logo após, cantem para me ajudar a adormecer. E, conforme durmo, quero todas trabalhando: as fadas azuis devem exterminar os vermes que contaminam as flores; as fadas verdes guerrear contra os morcegos que afligem outros animais... Vários elfos necessitam de casacos novos, portanto, providenciem isso! Boa noite!


Um eco na floresta se fez presente como um coro angelical: era a música mais pura e repousante que poderia existir. Ao ouvi-la, qualquer criatura se contaminaria com a suave melodia relaxando os músculos, respirando fundo ou encostando a cabeça, entregando-se enfim ao mundo dos sonhos. Até Titânia/Momo, a rainha das fadas, não era impune a esse bosque repleto de magias... O próprio Oberon/Dahyun, espreitando ali perto, iniciou uma série de bocejos, mas, como o homem esperto tinha um plano para colocar em prática, concentrou-se rapidamente: aguardou que Titânia/Momo adormecesse e que as fadas se afastassem para poder aprontar a façanha. Na ponta dos pés, bem sorrateiro, ele então chegou perto da rainha e espremeu gotas da flor encantada em seus olhos, declarando alguns versos mágicos:

- O que tu vires ao despertar,

Por um até então sentimento que tu ousas afugentar

Teu coração voltará a palpitar.

E novamente será

A rainha que teu rei desejar,

Então a brisa pura lhe trará,

A criatura que teu coração quer dominar.


Assim que terminou de citar os versos, retirou-se para descansar perto de onde ela está. Agora restava apenas esperar pelo efeito da sua mágica...


Então chegou ao bosque um casal, visivelmente cansados: eram Hérmia/Hyeri e Lisandro/Vernon, que, em sua fuga, caminhavam há algumas horas. Ao se depararem com a clareira perfumada, de solo macio como os fios da própria moça, pararam para descansar. Lisandro/Vernon, vendo o estado da sua amada, aconselhou:

- Julgo ser mais apropriado deitarmos um pouco e esperarmos os primeiros raios do sol. A escuridão não nos favorece. Não conseguiremos enxergar um palmo a nossa frente quanto mais tarde ficar... Devo confessar-lhe algo, Hérmia/Hyeri: estou perdido, é impossível encontrar o caminho diante de tamanha escuridão.


- Não há o que temer, meu amor! É uma boa ideia dormirmos um pouco, aliás, não será útil rondarmos por aí sem ter uma certeza para onde estamos indo, só nos cansaríamos mais... Estas folhas cobertas de musgo estão bem macias. Repousaremos por ora aqui mesmo.


Lisandro/Vernon concordou:

- Tens absoluta razão, querida. Vou deitar-me ali daquele lado, onde a grama está crescida.

Bad Girls Love It Too ‒ Seulrene [REEDITANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora