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TRABALHAR NUMA PADARIA TINHA se provado algo muito cansativo e que exige muito de uma pessoa, ao contrário do que se pensa.
A padaria Império dos Pães, um lugarzinho pequeno que ficava perto do centro da cidade, tinha uma grande variedade de pães doces, sonhos, brioches e mais infinitas coisas que você pudesse imaginar sobre suas prateleiras reluzentes, e a jovem S/n embalava e cobrava os clientes no caixa daquele charmoso comércio.
O horário não atrapalhava sua vida escolar, o que era ótimo. A dona também não fazia objeções quando S/n usava sua individualidade, podendo atrair pequenos objetos pra perto de si e facilitando o ato de embalar coisas e cobrar clientes. Não tinha nada de errado com seu trabalho além das dores nos pés, dos clientes mal educados e da dona fofoqueira que ficava o tempo todo dizendo coisas que S/n não dava a mínima, mas a garota sabia o quão cansativo aquele dia específico estava sendo.
Ter que aturar as aulas longas e entediantes não era o pior, o pior era notar os olhares cheios de julgamento sobre sua cabeça. Seus colegas se contorciam sobre as cadeiras, comentando coisas que, secretamente, a incomodavam.
"Você viu aquela garota? Ela nunca fala com ninguém, acho que ninguém nunca ouviu a voz dela"
"Ela sempre anda com a cara fechada e olhando pra chão. Acha que tem algo errado?"
"Oh, deve ser tão tristinha por não ter amigos. Mas também, olhe só pra ela, ela não facilita pra que os outros conversem com ela"
"Talvez se mostrasse um sorriso e penteasse o cabelo alguém se interessasse"
S/n fechou a caixa registradora com força, encarando o balcão, tensa. Por que ela devia parecer sociável e ter milhares de amigos?
Se tornou distante demais pra fazer amigos, calada demais, reservada demais. Desde um incidente na infância, S/n decidiu que não queria mais ter amigos por perto; essas pessoas só traíam, mentiam, riam de você pelas costas e te faziam chorar. Ela foi traída pelas pessoas antes, e nunca mais quis falar com nenhuma delas.
Não arriscaria ser traída de novo.
Nunca teve melhor amiga, namorado, nunca foi à festas de aniversário ou estudar na casa dos colegas, nunca deu brecha pra ninguém chegar perto e estava bem assim.
Uma muralha foi construída ao seu redor, impossibilitando qualquer outra pessoa de se aproximar dela, mesmo que esta tentasse muito. S/n preferia a solidão à estar mal acompanhada, muito obrigada.
E não era como se pessoas que fofocam umas sobres as outras fossem dar ótimos amigos mesmo. Então, porque aquilo a incomodava tanto?
Não gostava dos olhares de pena, nem das investidas pra puxar conversa. Céus, era tão difícil entender que ela queria distância de todos aqueles traidores em potencial?