O Doce

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Busan. Coreia do Sul.

Park Kwan , o alfa mais bondoso do bairro. Diferente dos outros de sua raça, era sempre bom com quem precisasse. Principalmente com Park Jisoo, sua esposa e Park Jimin, seu filho ômega que tanto amava.

Jimin era uma criança linda, sempre sorrindo e brincando em qualquer lugar. Seu pai dizia que sua alma era a mais pura desse mundo, e talvez ele estivesse certo. O pequeno ômega encantava a todos ao redor, com suas bochechinhas fartas e olhinhos extremamente pequenos, arrancava varias risadas de sua omma e appa. Kwan amava exibir o filho a quem quer que fosse. Era seu maior troféu.

Apesar de serem de família simples, sem muitas condições financeiras, a felicidade reinava naquele lar. Um simples bom dia era motivo de festa. Um sorriso de Jimin iluminava aquela casa. Jisoo e Kwan eram os pais mais felizes que já se viu. E apenas isso importava.

Importava para Jimin, que cresceu tendo todo o amor possível ao seu redor. Ate mesmo de quem não o conhecesse, seu sorriso conquistava a qualquer um. E era o sorriso mais belo dali, talvez de Busan inteira, quem sabe.

Sorriso esse que morreu quando o ômega possuía apenas 10 anos. Seu pai, havia descoberto um câncer, o qual já havia se alastrado por grande parte de seu corpo, o levando a óbito em menos de uma semana. Jimin e Jisoo ficaram sem chão, não viam mais motivos para sorrir. A alegria que antes inundava aquela casa, não existia mais. Jimin havia se tornado uma criança fria, uma criança que nunca sorria a não ser para tentar fazer a mãe sorrir. Mas nem isso funcionava. Jisoo estava destruída, chorava em seu quarto escuro, não se preocupava mais com a casa, nem mesmo com seu filho. Jimin almoçava na casa da vizinha, que sabia do estado da ômega, mãe do garoto e tentava ajudar.

Tudo estava sendo difícil nos primeiros meses para o pequeno ômega. Mas ele não sabia que poderia piorar de um dia pro outro. Sua mãe havia se envolvido com outro alfa, o qual já estava ocupando sua casa com malas e tudo. O homem era repugnoso, possuía uma barba mal feita, andava com um cigarro no canto dos lábios e cheirava a álcool. Os olhos do pequeno chegavam a marejar pelo forte odor que invadia suas narinas e seu quarto. Sua mãe exibia uma aparência deplorável. Sua pele maltratada e seus cabelos completamente malcuidados. Jimin chorava, chorava por não poder fazer nada, chorava pois não podia nem sequer dizer algo a ômega sem que a mesmo o chingasse e o mandasse ir pro quarto.

E isso durou por quase cinco anos. Cinco anos de sofrimento.

Queria ir embora, queria ter sua vida novamente. Queria que seu pai ainda estivesse ali.

Ate que em uma noite ouviu passos adentrarem seu quarto. Pensou ser sua mãe, então fingiu dormir. Mãos grossas e ásperas percorreram seu corpo pequeno, logo afastando sua coberta. Aquelas malditas mãos o tocaram tão intimamente que seu olhos lacrimejaram, mas ele não reagia. Cerrou os olhos e viu o homem nojento dançar suas mãos por seu corpo. Sentiu nojo, medo, queria sair correndo mas não podia. Aquilo só não piorou por sua mãe ter o chamado. O ômega suspirou assim que o maldito saiu de seu quarto e começou a chorar.

Não iria ficar naquela casa com aquele monstro. Não queria que ele colocasse as mãos em si novamente. Nunca. Se odiou por pensar em deixar sua mãe, mas não aguentava mais. Não aguentava mais aquela vida.

Pegou uma mochila e jogou tudo que pensou precisar, dentro da mesma. Vestiu uma roupa mais quente e lavou o rosto. Iria embora.

Mas pra onde? Como sobreviveria? Como conseguiria um emprego com apenas quinze anos? Quem o ajudaria? Era um ômega, fraco, indefeso....e sem dinheiro. Pegou uma caixa de madeira que ficava no fundo de seu armário e a abriu. Ali estavam alguns bens de seu pai. Coisas valiosas sentimentalmente e materialmente. Venderia o que desse e fugiria com o dinheiro. Saiu pela janela, seguindo pelos fundos da casa e pegando um ônibus para o centro.

Penhorou o que podia e com o dinheiro, decidiu comprar uma passagem.

Iria para Seul.

Iria tentar recomeçar sua vida.

Iria tentar ser feliz.

Mesmo que isso lhe custasse caro.

Mesmo que fosse extremamente difícil.

E foi.

Chegar em Seul foi fácil, difícil havia sido ficar. Não teria onde dormir, não teria onde ou o que comer. Como se viraria?

Se enfiou em um beco qualquer. Se ajeitou ao lado de uma lixeira e fechou os olhos, deixando que algumas lagrimas saíssem.

Um pouco mais de um ano se passa e a rotina de Jimin era ajudar a dona de uma lanchonete de manha e garantir seu lanche e um banho. Voltava para seu "beco" e passava o resto do dia lendo livros que encontrava no lixo ou que algumas pessoas o davam. Ate o dia em que seu coração quase parou ao ser chamado por um garoto alto, magro, e extremamente bonito. Era beta, pelo cheiro. O garoto se aproximou, o que deixou o ômega um pouco desconfortável e com medo, mesmo o menino sendo um beta.

O menino fazia um trabalho social e havia sido obrigado pela avó a ajudar alguém. Só não sabia que se encantaria pelo ômega "mendigo" que encontrou por acaso.

Kim SeokJin.

Ou melhor.

Anjo da guarda.

O menino levou Jimin para casa, onde morava com a avó. A senhora -não tão senhora assim.- amou o ômega de primeira e não hesitou em dizer que o menino podia ficar. SeokJin mimava o menino de todas as formas. A diferença de idade entre eles era de três anos, e logo Jimin já o chamava de Hyung, ou Angel, como gostava.

Dona Hoo, como chamava a senhora, o amava como um filho, igualmente a Jin.

Os anos passaram e Jimin finalmente havia feito dezoito anos. Hoo colocou o menino para trabalhar consigo em sua doceria, coisa que o ômega fazia bem. Amava o trabalho e amava a senhora que cuidou de si tão bem. Jimin havia voltado a sorrir. Havia conseguido uma segunda mãe. Um irmão. Conhecido seu melhor amigo, Kim Taehyung, que também trabalhava no local e era rodeado de amor. Se tinha uma coisa que Jimin tinha de sobra, era amor...

O amor que haviam tirado de si, ele conseguiu de volta.

O sorriso que todos amavam e que havia perdido, havia voltado para aqueles lábios fartos e suas bochechas fofinhas.

Jimin agradecia por ter superado tudo.

Por sua vida ter se tornado doce novamente.








Doce como uma torta de chocolate.

Doce Amargo //ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora